O presidente Temer respondeu ao senador Aécio Neves e garantiu: “O que mais faço é discutir a relação”, referindo-se aos partidos da base, incluindo o PMDB, alvo das cobranças do tucano em entrevista exclusiva ao GLOBO, publicada ontem. Em visita à China, Temer comprou um par de sapatos de couro e um cachorro robô.
Presidente reage a Aécio: ‘O que mais faço é discutir a relação’
• Temer diz acreditar em ‘base sólida’ para aprovar reformas e ajustes
- O Globo
Vivian Oswald Enviada especial
-HANGZHOU, CHINA E BRASÍLIA- Em resposta ao presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o presidente Michel Temer disse ontem na China, onde participa da reunião do G-20, que “discutir a relação” é uma de suas principais tarefas:
— O que eu mais faço é discutir a relação e faço isso permanentemente. Também, com uma base de quase 20 partidos, se você não fizer isso permanentemente, não consegue manter a base unida. Quando tivermos dois ou três partidos, fica mais fácil, mas, por enquanto, precisamos conversar permanentemente.
Em entrevista ao GLOBO publicada ontem, Aécio criticou setores do PMDB e citou o envolvimento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na articulação que permitiu à ex-presidente Dilma Rousseff manter seus direitos políticos, apesar da cassação do mandato. Também condenou o PMDB por não dar sinais de unidade em torno das reformas e ajustes necessários para a retomada da economia. E ameaçou deixar de apoiar o governo, se o partido aliado não marchar coeso nessa direção.
Temer afirmou que se mantém em contato constante com as siglas da base:
— Com os amigos do PSDB, tenho conversado com muita frequência, jantares, encontros que nós tivemos. Prezo muito o apoio que o PSDB, que todos os partidos dão... O PSDB, o DEM, o PPS, o PMDB.
Segundo Temer, sua base vai conseguir “aprovar questões aparentemente difíceis, mas que produzirão efeitos muito benéficos no futuro”:
— Temos que ter uma base sólida e, mais do que uma base sólida, a compreensão dos partidos que nos apoiam. E até o presente momento, não tenho dúvida dessa compreensão porque acho que estão todos preocupados não em apoiar o governo, apoiar o presidente que chegou agora definitivamente à Presidência, mas apoiar o Brasil. Não tenho preocupação.
Perguntado se era a favor ou contra o reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal, afirmou que aguarda uma posição do Senado:
— Sei que há uma grande divisão no Senado, e a minha tarefa será depois da avaliação do Senado. Dependendo do que o Senado decidir, vem para a sanção ou veto. Daí é que eu vou examinar.
Antes de ir para a China, Temer conversou com o senador Romero Jucá (RR), que assumiu o comando do PMDB, a quem pediu união em torno das pautas do governo.
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, também do PMDB, defendeu que seu partido seja “monolítico” na defesa das reformas:
— Saímos da interinidade e entramos na fase do governo propriamente dito, e isso muda a postura do governo, e é óbvio que o partido do presidente tem que ser monolítico nesse apoio. O exemplo tem que ser dado pelo próprio.
Padilha disse que, sem as reformas, como o limite de gastos e as mudanças na Previdência, o Brasil pode viver turbulências:
— Não tem medida amarga. São reformas indispensáveis e saneadoras. Sem elas, o Brasil corre o risco de caminhar rumo à ingovernabilidade.
Preocupação do Papa
Na China, Temer ainda comentou ontem as declarações do Papa Francisco, que pediu orações para o “momento triste” que vive o Brasil.
— Acho que ele revelou uma preocupação com o Brasil. Uma preocupação que todos temos. Acho que alegria vem pouco a pouco. Se pegarmos que saímos de um instante um pouco complicado, não tenho a menor dúvida disso. Foram três, quase quatro meses de uma problemática político-institucional que gerou conflitos — disse o presidente. (Colaborou Eduardo Bresciani)
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