quarta-feira, 21 de março de 2018

Alckmin designa Tasso para coordenar campanha

Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) deverá assumir a coordenação-geral da campanha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin à Presidência da República. Ontem, em Brasília, Alckmin foi confirmado como pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto. Também presidente tucano, Alckmin deu posse a Tasso do comando do Instituto Teotonio Vilela (ITV), braço teórico do partido. Tasso, que sentou-se ao lado do presidenciável durante a entrevista à imprensa, deverá trabalhar lado a lado com o economista Persio Arida, responsável pelo programa econômico do pré-candidato, na elaboração do rol de propostas para a campanha presidencial.

Tasso presidiu interinamente o PSDB, após a licença do senador Aécio Neves (MG) do posto, por conta do vazamento de gravações nas quais pedia dinheiro ao empresário Joesley Batista. O cearense é considerado da ala que pede uma renovação mais radical no discurso tucano e distanciamento do governo do presidente Michel Temer e terminou afastado por Aécio, que o substituiu por Alberto Goldman no fim do ano passado.

Agora nome certo do PSDB na disputa presidencial, Alckmin buscou fazer um discurso mais incisivo. Ele se comprometeu, se eleito, em fazer uma reforma da Previdência Social em seu primeiro ano de governo.

O foco, disse Alckmin, será a criação de um regime-geral que iguale as condições entre o trabalhador da iniciativa privada e do funcionalismo. "Não é correto trabalhador da indústria, serviços, com teto de R$ 5 mil de aposentadoria e funcionalismo com benefícios milionários", disse. Para o tucano, a solução é enquadrar a todos num mesmo regime, e aqueles que queiram se aposentar com ganhos maiores contribuírem com um fundo de previdência próprio.

Alckmin acredita que terá força política para tal. "Tenho convicção de que reforma precisa ser feita no primeiro ano de mandato. A legitimidade do regime presidencialista é muito grande, quem ganhar terá mais de 60 milhões de votos", apontou.

"Abertura comercial, reforma tributária, agenda de competitividade e o envolvimento forte do governo federal com a segurança pública, em especial na proteção de fronteiras e enfrentamento de tráfico de armas e drogas, serão outras prioridades", disse.

Uma medida já estudada pelo grupo que responsável pelo plano de governo foi apresentada ontem por Alckmin. Ele vai propor a mudança na remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A nova correção, disse, seria feita com base na Taxa de Longo Prazo (TLP), garantindo ganhos reais acima da inflação.

"O trabalhador tem sido espoliado ao longo do tempo. Se você pegar R$ 1 que estivesse no FGTS em 1995, hoje ele renderia R$ 4. Se este dinheiro estivesse aplicado no CDI, seria R$ 20,70 hoje. Na poupança, R$ 9", alegou Alckmin.

"Defendemos que a remuneração do FGTS fique sempre acima da inflação, sendo ao menos a inflação mais um ganho. Por isso, proponho usar a TLP".

Alckmin confirmou que deixará o governo de São Paulo no prazo-limite, 7 de abril. Ele pretende viajar o país apresentando sua proposta a partir desta data. O tucano disse não ter problemas em ter palanque duplo" na disputa pela sua sucessão no governo de São Paulo.

Alckmin encheu de elogios Márcio França (PSB), seu vice, que assumirá o comando do Estado e buscará a reeleição para se manter no posto. Ao mesmo tempo, lembrou que o candidato do seu partido é João Doria (PSDB), que deixará a prefeitura da capital paulista para concorrer. Questionado se estaria à vontade em percorrer o Estado tanto com França quanto com Doria, Alckmin disse: "Qual o problema?".

Em sua fala, contudo, o tom mais afável a França ficou claro. "Com Márcio França, o Estado estará em ótimas mãos. Está há quatro anos do nosso lado, tem mãos firmes e honradas". Depois, completou dizendo: "Teremos vários candidatos em São Paulo. Ficarei muito honrado com apoio do França. A candidatura do meu partido é do Doria".

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