Eleição
terá vitórias das sublegendas do centrão, de PSDB-DEM e traços rubros no céu
Quem
olhasse a eleição pelo binóculo embaçado das pesquisas veria uma onda cinza
cobrindo as maiores cidades. O grosso das
vitórias ficaria com aquela massa indistinta de conservadorismo ou de
reacionarismo moderado que são as sublegendas do centrão. Não é
novidade. Esse pequeno establishment costuma governar os interiores do Brasil.
Quem
se ocupasse de pensar em vitórias simbólicas ou na conquista de massas de
eleitores veria o sucesso da velha dupla dos anos FHC, PSDB e DEM, a
interiorização maior do PT e raros meteoros vermelhos, o PCdoB e o PSOL.
Como
não tem partido, Jair Bolsonaro poderia ter ficado ausente da eleição sem se
chamuscar, mesmo que seus adeptos anônimos não ganhem quase nada de
relevante. Mas deve
levar na testa a marca da derrota em São Paulo e no Rio.
Trata-se
aqui das eleições em 95 das maiores cidades do país. A ideia era verificar a
situação de 95 municípios em que, por lei, pode haver segundo turno. Como em 13
deles não havia pesquisas ou não era nada prudente acreditar nelas,
escolheram-se outros a fim de completar os 95. Juntos, têm mais de 80 milhões
de habitantes, 38% da população brasileira.
Como
São Paulo é sobrerrepresentado nesse grupo, o PSDB parece ter chances de levar
15 prefeituras. O PSD de Gilberto Kassab ficaria com umas 12, em seu avanço
seguro e gradual de empreendimento bem projetado do centrismo-centrão. O MDB,
campeão histórico das municipais, com 11. DEM, com 9. PT e PP, com 8. Pode ser
mais ou menos (“margem de erro” de 3, digamos).
A
dupla PSDB e DEM levaria 42% da população das 95 cidades. Ao menos pelo ranking
das pesquisas, os tucanos ganhariam, entre outras cidades, São Paulo; o DEM
ficaria com Rio, Salvador, Curitiba e Florianópolis, por exemplo.
Não
quer dizer que tais partidos vão necessariamente ganhar mais força na política
do país. Se por mais não fosse, as grandes cidades são trituradoras políticas.
Não garantem projeção nacional e causam sequelas em seus governantes.
Em
São Paulo, ninguém se reelege (Bruno Covas, PSDB, é o caso de vice que assume e
ganharia a recondução, como foi o caso de Gilberto Kassab). Ainda assim, seria
vitória ao menos simbólica da dupla dos tempos fernandinos, PSDB e DEM.
A
seguir, o balaio mais cheio seria o do PSD, que levaria Belo Horizonte no
primeiro turno, reelegendo Alexandre Kalil, que então se torna uma figura mais
nacional. Logo depois, viria o MDB.
Afora o
desastre paulistano, em números gerais o PT não faria tão feio.
Menos ainda se levasse Recife. Mas Marília Arraes, a candidata petista, tenta
chegar ao segundo turno. Chegando, terá contra si o ora líder João Campos (PSB)
e a direita. No mais, o PT deve levar cidades médio-grandes e talvez Vitória.
Manuela
d’Ávila (PCdoB) pode levar Porto Alegre. Guilherme Boulos (PSOL) pode não levar
nada, mas por ora é a cara ou a moda da esquerda na cidade natal do PT; o PSOL
ainda pode levar Belém e disputa outras três cidades.
Esses
dois nanicos da esquerda correm risco de desaparecimento no Congresso, por
causa da cláusula de barreiras. Mas vão parecer a luz vermelha no fim do túnel
da esquerda nesta eleição. Assim, devem ficar ainda mais escancarados os
problemas do envelhecimento e da liderança do PT no “campo progressista”,
embora o partido não tenha substituto à altura, mesmo nessa decadência.
Haverá ainda a conta bruta do número de vitórias de cada partido nas demais 5.473 prefeituras, ainda incógnita, que ajudará a pintar também o quadro da eleição. No mais, é uma onda cinza, com trovoadas de PSDB-DEM e meteoros vermelhos.
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