O
Exército, que formou esse capitão, tem pago caro em desprestígio por cada
asnice do presidente
Os
níveis mais altos de militares do Exército, incluídos os
reformados-mas-não-muito, estão sob interrogações sem respostas e, por isso,
possíveis inquietações mal definidas. Nada indica, no entanto, o sentido
adverso a Bolsonaro que exala dos comentários sobre contrariedade
de altos estrelados com seu capitão-comandante. Na falta de indícios
resistentes, a onda parece seguir a mesma pressa dedutiva que há pouco criou um
Bolsonaro aderido à moderação.
Não há sinais de
insatisfação no Exército com o governo. Nisso se tem confirmado a comunhão de
visões entre Bolsonaro e os referidos militares do Exército. Mesmo nas práticas
que mais choquem o mundo da cidadania, como a entrega da Saúde
e da vigilância farmacológica a militares sem a formação específica.
Ou a destruição da riqueza natural, sobre ela recaindo a recente advertência
aprovadora do general-vice Hamilton Mourão: “A eleição [nos EUA] não muda a
política ambiental”.
O
desgaste já é em nível de ridículo. Quem, no grupo de militares palacianos,
tentou conter um pouco a produção bestial, teve como resultado a demissão
grosseira, caso dos generais Santos Cruz e Rêgo Barros. Ou
rompeu relações, como o indemissível Mourão. Os demais conduzem-se como
acovardados. Para essas pessoas que se pensam admiráveis, poderosas,
distinguidas pela força da arma, responsáveis pelo país que nem entendem,
verem-se até em anedótico desafio a militares de verdade, convenhamos, há de
doer. Mourão nem percebeu que seu remendo usual também ficou grotesco: a
pólvora contra os EUA “foi retórica”. Não, foi mesmo insuficiência mental.
Nenhum
dos incomodados sabe como deter a corrosão. E todos sabem que vai continuar.
Com risco de chegar ao paroxismo de um impeachment atrasado, o
capitão-comandante e seus subordinados generais, almirantes e coronéis a sair,
ou melhor, marchar pela porta da cozinha. Todos pisando na imagem do Exército.
O
vice Mourão tenta transferir as responsabilidades: ”Política
não pode entrar no quartel”. O
Exército não foi buscado por político algum, nenhum partido, por ninguém. A
política, sim, foi invadida pelo Exército na pessoa do seu então comandante,
Eduardo Villas Boas, que interveio no processo eleitoral, com disposição
ostensiva, por ao menos duas vias. Uma, a pressão sobre o Supremo Tribunal
Federal, para o impedimento eleitoral de Lula. Outra, ao patrocinar, na
condição de comandante do Exército e sempre no cenário do seu gabinete, a
candidatura presidencial, a violência e a desordem mental de um excluído das
Forças Armadas, elevado a símbolo político dos militares. O custo que o
Exército viria a pagar para ter Bolsonaro, com um governo militarizado por
generais e coronéis, foi previsto, dito e escrito. Por civis. Quem não previu o
óbvio, muito menos preverá o desfecho.
O
que é o que é Luciano
Huck reapareceu. Era presença permanente nos jornais até que Bolsonaro
começou a mostrar a que veio. Huck preferiu sumir. Não teve nem uma só palavra
a dizer sobre as barbaridades sucessivas de formação e ação do governo. Vieram
a pandemia, as demissões na Saúde, a propaganda de Bolsonaro contra a
prevenção, o confinamento, o lockdown, os encerramentos no comércio e na
indústria, a penúria da falta de trabalho — Huck não teve nem uma só palavra a
dizer. Agora, maré mais tranquila, reaparece. Sem uma só palavra sobre o que a
população passou e passa ainda. Isso é um pretendente à Presidência? Huck acha
que é. Mas, na verdade, é apenas um oportunista.
EM
TEMPO
O
carioca desta vez parece decidir-se pelo senso prático. Não quer voto
ideológico nem sequer partidário, deduz-se das pesquisas. Quer votar pela
cidade, no ex-prefeito que lhe deu muitas realizações importantes, sem se
ocupar de política, ou na delegada séria, determinada, deputada alheia à
politicagem que é a ocupação no ramo. Bem, entre
eles está o prefeito Crivella, mas aí o assunto é mais de igrejas e
fiéis que de urnas e eleitores. Se confirmar a aparente intenção, a cidade pode
salvar-se. Do contrário, paciência. O crime Estudo do IBGE: o Brasil ocupa o
nono lugar entre os países mais desiguais do mundo.
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