Para
onde o vento sopra
Em suas lives semanais no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro pediu votos para 55 candidatos a prefeito e a vereador. Mas ontem, em mensagem postada nas redes sociais, reduziu para apenas 7 seus candidatos a prefeito, e 5 a vereador.
Os
candidatos a prefeito: Coronel Menezes, em Manaus; Sartori em Santos; Delegada
Patrícia no Recife; Bruno Engler em Belo Horizonte; Capitão Wagner em
Fortaleza; Celso Russomanno em São Paulo; e Marcelo Crivella no Rio.
Salvo
se as pesquisas de intenção de voto errarem feio, o que em tempos de epidemia é
mais do que possível, estas eleições enterrarão o que Bolsonaro chamou de Nova
Política quando candidato a presidente e depois de ter sido empossado.
Foi
ele que matou a Nova Política, que nunca explicou direito do que se tratava. E
o fez entre final de abril passado e final de maio ao concluir que se não
vestisse a fantasia de presidente normal correria o risco de não completar o
mandato.
No
final de abril, ele ainda desafiava o Congresso e a Justiça, embora já se
rendesse ao Centrão loteando o governo em troca de votos. Chegou ao ponto de
ameaçar fechar o Supremo Tribunal Federal. No final de maio, depois da prisão
de Queiroz, amansou.
Deu
por esquecido o que dissera em sua primeira viagem a Washington como presidente
quando defendeu que era preciso quebrar o “sistema” para no futuro
reconstruí-lo. Bons tempos aqueles em que se apresentava como o Trump do
Brasil.
O
“sistema” venceu. Das 82 candidaturas mais bem posicionadas nas pesquisas em 26
capitais (Brasília não tem eleição), apenas 4 são de nomes que podem ser
considerados estreantes, segundo levantamento feito pela repórter Júlia
Dualibi.
As
ferramentas tradicionais de disputa, como dinheiro, alianças partidárias e
tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão foram reabilitadas. O
espaço para surpresas foi reduzido a um tamanho insignificante. Virou pó a
influência de Bolsonaro.
Se não desistir da reeleição em 2022, Bolsonaro será obrigado a se reinventar. É possível? Sim, é possível. Mas a conta da pandemia ainda não chegou para ele com todo o seu horror. E o estado da economia até lá não será seu maior trunfo.
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