Um
dia se saberá o que aconteceu na Anvisa entre as 15h e as 21h25m de
segunda-feira, quando ela suspendeu os estudos clínicos que avaliavam a
Coronavac
Um
dia se saberá o que aconteceu na Anvisa entre as 15h e as 21h25m de
segunda-feira, quando ela suspendeu os estudos clínicos que avaliavam a
Coronavac. Uma rede de computadores fora do ar e uma comemoração de Jair
Bolsonaro transformaram um suicídio numa lastimável tempestade de proveta.
A
polícia achou o corpo do voluntário na tarde de 29 de outubro. No dia seguinte,
uma sexta-feira, o centro de pesquisas do Hospital das Clínicas informou à
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, a Conep, e ao Instituto Butantan.
O
médico Jorge Venâncio, coordenador da Conep, disse à repórter Constança Tasch
que conversou com pesquisadores “duas vezes por dia” e decidiu não suspender os
testes. Ele explicou o motivo: “O voluntário tomou a segunda dose da vacina 22
dias antes, não tinha nenhum problema de saúde e chegou a fazer um check-up
particular, com uma batelada de exames, pouco depois.”
Numa
outra pista, correu a notificação do Instituto Butantan à Anvisa. Ela foi
emitida no dia 6 de novembro, informando na sua parte conclusiva que a morte do
voluntário não tinha a ver com o teste da vacina. Segundo a Agência, seu
sistema de computadores estava fora do ar e a comunicação do dia 6 não havia
sido lida.
Às
15h do dia 9, segunda-feira da semana passada, a Anvisa pediu ao Butantan
informações sobre os “eventos adversos graves inesperados” ocorridos desde 30
de outubro.
Segundo
uma cronologia divulgada pelo Butantan, às 18h13m o pedido foi reiterado e 11
minutos depois as informações que haviam sido mandadas no dia 6 foram
reenviadas. Os fatos que subsidiaram a decisão da Conep estavam todos lá. Só
faltava a palavra suicídio. Segundo uma linha do tempo da Anvisa, ela chegou
“sem nenhum detalhe”.
Às
20h47m a Anvisa convocou a equipe do Butantan para uma reunião de emergência no
dia seguinte, sem agenda especificada.
No
entanto, 13 minutos depois, em outra mensagem a Anvisa suspendeu os testes
daquilo que Bolsonaro chama de “a vacina chinesa do governador João Doria”.
Às
21h25m a Anvisa informou que suspendera os estudos clínicos da Coronavac.
Por
motivos que podem ser compreensíveis, durante três dias a Anvisa ficou fora do
lance, mas, como ela revelou, sabia “por meio de contato informal com o
Ministério da Saúde e com a Conep” que um “evento adverso grave teria
ocorrido”. Entre as 15h e as 21h25m criou-se uma crise sanitária, alavancada no
dia seguinte pelo capitão, que viu na sua decisão “mais uma que Jair Bolsonaro
ganha”.
Na
sua entrevista de terça-feira o contra-almirante Antonio Barra Nunes, que é
médico, repetiu à exaustão que fez tudo de acordo com o manual e que a decisão
foi dos técnicos, funcionários de carreira. O diretor do Butantan, Dimas Covas
reclamou: “Um telefonema teria resolvido”. Juntando-se as peças, a Anvisa
revelou que soubera “informalmente” da ocorrência de um “evento”. Ela, que
estivera fora do ar, decidiu suspender os testes sem não falar com o Butantan e
muito menos com a Conep, que avaliara o caso.
Barra
Nunes fez tudo pelo manual, que não prevê telefonemas. Aparecer numa
manifestação diante do Palácio do Planalto à qual incorporou-se o presidente
Bolsonaro também não seria coisa do manual, mas deixa para lá.
Achando
que seguia o manual, em 1941, o comandante da frota americana do Pacífico
menosprezou as advertências que lhe chegavam sobre a possibilidade de um ataque
japonês e deixou parte de seus navios atracados na base de Pearl Harbor. Na
manhã de 7 de dezembro, de uma janela, viu o ataque. A sorte tinha mandado três
porta-aviões ao mar.
Dez
dias depois o almirante Kimmel perdeu o comando e duas das quatro estrelas que
tinha.
BolsonaVac
Antes
mesmo da certificação da CoronaVac, o governador João Doria parece ter
descoberto a BolsonaVac.
Durante
quatro dias, enquanto a Anvisa estava metida na encrenca dos testes da vacina e
Bolsonaro falava de um país de “maricas” ele se manteve no mais absoluto
silêncio, como se praticasse um distanciamento político.
Doria
pode ter descoberto uma vacina contra bate-bocas com gotículas viróticas e
contagiosas.
Chapman
precisa se cuidar
O
embaixador americano Todd Chapman precisa puxar o freio de mão. Ele incluiu uma
homenagem aos seus fuzileiros navais no portal da repartição sem qualquer
segunda intenção. Mesmo assim, com menos de dois anos no posto, apareceu
bastante, coloriu-se demais e deixou que Washington organizasse uma ridícula
viagem do secretário de Estado Mike Pompeo a Roraima. Na quinta-feira,
reuniu-se com o embaixador argentino para tratar de uma política que levava em
conta a vitória de Joe Biden. Como palitar dentes à mesa, poder, pode.
Em
julho, quando a Covid já havia matado mais de 63 mil pessoas no Brasil, Chapman
deu um almoço para Bolsonaro e seus hierarcas. Nenhum maricas, todos sem
máscara, inclusive ele. William Tudor, o segundo representante do governo
americano no Brasil chegou ao Rio em 1827 e em 1830 morreu de febre amarela.
Seu túmulo só foi achado em 1944.
Chapman
tem à mão a boa memória de outro antecessor. Jefferson Caffery ficou no posto
de 1937 a 1944, atravessando a turbulência do Estado Novo durante a Segunda
Guerra Mundial. Foi um craque na profissão pelo que fazia em pé, Chapman pode
seguir seu exemplo.
Erro
O
ministro Gilmar Mendes informa que estava errada a informação aqui publicada
segundo a qual “não há no mundo corte constitucional renomada que decida em
turmas”.
Diz
e prova: A Corte Constitucional alemã divide-se em dois Senados, um cuida dos
processos de controle de constitucionalidade e o segundo cuida de conflitos
entre os entes federativos e questões eleitorais. A Suprema Corte do Reino
Unido tem 12 juízes mas nem todos se manifestam em todas as decisões.
Eremildo,
o idiota
Eremildo
é muito macho, não usa máscara e vai a Brasília para presentear o capitão com
uma garrafa de sua caipirinha de açaí com cloroquina.
O
cretino foi a única pessoa que entendeu a metáfora da pólvora. Ela pode ser
usada pelos agrotrogloditas para explodir as árvores que não queimarem.
Mesmo
que o capitão estivesse ameaçando Joe Biden com um uso da pólvora, Eremildo
também acha a ideia ótima. Ele pretende se alistar na primeira tropa para
combater os americanos. Espera ser feito prisioneiro e levado para Nova Jersey
onde abrirá uma franquia de chocolates caso consiga ficar por lá.
Houve
aviso
Paulo
Guedes está frustrado por não ter conseguido privatizar coisa alguma. Nem a
estatal do trem-bala o governo Bolsonaro conseguiu fechar.
Aviso não faltou. Antes mesmo da posse o economista Mansueto Almeida avisou-o que suas metas de privatizações, eliminação do déficit e venda de imóveis da União eram voo de anjo.
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