Guilherme
Caetano, Manoel Ventura e Bernardo Mello / O Globo
SAO
PAULO, BRASÍLIA R RIO — Em um ano que se inicia com patamar ainda elevado de
casos da Covid-19, a posse de prefeitos pelo Brasil foi marcada, ontem, por
discursos de combate à pandemia e pela preocupação com seu impacto econômico e
social. Em capitais como Rio, São Paulo, Fortaleza e Salvador, os prefeitos
empossados defenderam a vacinação e citaram, como prioridades, a abertura de
leitos hospitalares e a retomada da economia. Em Belo Horizonte, Recife e Porto
Alegre, os eleitos também pregaram a necessidade do diálogo e respeito às
diferenças.
O
prefeito reeleito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou no discurso de
posse que a pandemia “exige união”, e que o “vírus do ódio e da intolerância
precisa ser banido”. Covas disse ainda que a capital paulista “está pronta para
vacinar em massa”.
—
Política não é terreno para intolerância e lacradores de redes sociais.
Política é a arte de fazer junto, de construir pontes para o futuro, de superar
a divergência cega dos que acreditam que a solução virá dos extremos — declarou
Covas.
Além
de citar a abertura de leitos para Covid-19 como “prioridade urgente” e o
trabalho para o retorno seguro das aulas na rede municipal, Covas disse que sua
administração precisará “diminuir as desigualdades sociais”. O prefeito, que
terá orçamento mais enxuto — R$ 67,5 bilhões, 2% a menos que no ano passado — e
maior oposição na Câmara de Vereadores, inicia o mandato sob críticas após
sancionar um aumento de 46% do próprio salário. Por outro lado, o ano começa
com medidas de redução de gastos, como a redução de 10% no número de servidores
em cargos comissionados, além de renegociação de contratos, convênios e
parcerias.
Assim como Covas, os prefeitos empossados em Fortaleza, Sarto Nogueira (PDT), e Salvador, Bruno Reis (DEM), falaram em garantir a vacinação contra a Covid-19 em seus municípios. Reis afirmou que a capital baiana estará “na linha de frente” da imunização. Sarto disse que “não há tempo nem espaço para negacionismo”.
“Cidade de todos”
No
Recife, o prefeito João Campos (PSB) também citou a vacinação como prioridade,
afirmou que o momento pede “maturidade” e “unidade de propostas construídas com
debate”. Campos enfrentou na eleição uma disputa familiar acirrada com a prima,
a deputada federal Marília Arraes (PT), envolvendo ataques mútuos.
Já
o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), apelou à união e
ao respeito às diferenças no discurso de posse, feito por videoconferência
devido a precauções sanitárias. Kalil afirmou que a capital mineira será “uma
cidade de todos, de LGBTs, de cristãos, de evangélicos, de negros” e declarou,
numa referência indireta à pandemia, que “estamos no mesmo barco”.
Sebastião
Melo (MDB), prefeito empossado em Porto Alegre, pediu um trabalho conjunto
entre diferentes instâncias de governo para enfrentar a pandemia e também
garantir a recuperação pós-crise gerada pela Covid-19.
—
A cidade vive um momento de grande depressão, perdemos muitos empregos. É
preciso equilibrar o desenvolvimento econômico com proteção social — afirmou.
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