Blog do Noblat / Metrópoles
É o que se trama no Congresso contra
Bolsonaro e Lula
Quanta ingenuidade imaginar que um
candidato a qualquer coisa facilitará a vida dos seus eventuais concorrentes em
nome disso ou daquilo outro. Candidato único é o sonho de qualquer um.
Quanta falsidade atribuir a um ou mais
candidatos favoritos a dificuldade de se encontrar um nome que a eles possa se
opor. O que deveriam fazer? Abdicar de uma vitória possível?
Não havia reeleição para cargos
majoritários no Brasil até que em 1998, para evitar que Lula vencesse, o PSDB
inventou a reeleição. Fernando Henrique, reeleito, reconhece que foi um erro.
O reconhecimento veio tarde. O primeiro
governo Fernando Henrique foi bem-sucedido, o segundo desastroso. Lula se
elegeu, reelegeu-se, elegeu Dilma e a reelegeu.
A reeleição é um maná para os que pretendem
disputá-la no exercício do cargo. A caneta cheia de tinta é deles, a máquina
pública está ao seu serviço, e eles só perdem em casos raros.
O presidente Bolsonaro corre o perigo de ser derrotado ano que vem porque seu desgoverno vem sendo um assombro. Sem dispor de um projeto para o país, deu-se ao luxo de desprezar vidas.
Trama-se nos bastidores mais uma reforma
das leis que regem as eleições para novamente barrar a pretensão de Lula de ser
candidato, e a de Bolsonaro de governar por mais quatro anos.
Sairia de cena o presidencialismo. Entraria
o semipresidencialismo. O presidente teria seus poderes limitados. Quem
governaria seria o primeiro-ministro eleito pelo Congresso.
Por duas vezes dos anos 1960 para cá,
ouvido em plebiscito, os brasileiros rejeitaram o parlamentarismo. Quer-se
agora empurrá-lo goela abaixo deles com outro nome.
Reforma eleitoral que não passe por uma
longa, ampla e exaustiva discussão com a sociedade é inconcebível, tanto mais
às vésperas de mais um reencontro dos brasileiros com as urnas.
Só há uma palavra para definir algo assim:
golpe. É do que se trata.
Presidente de Angola ensina a Mourão que
por lá não tem disso não
General João Lourenço recusa-se a atuar em
favor da Igreja Universal do bispo Edir Macedo
Em viagem a Angola onde representou o
Brasil na Cúpula das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa, o
vice-presidente Hamilton Mourão teria se dado melhor se antes tivesse procurado
saber quem era o general João Lourenço, presidente daquele país.
Nos anos 1990, quando a Odebrecht era dona
de uma espécie de cidade particular em um dos bairros de Luanda, ali moravam
como convidados pelo menos meia dúzia de altos dignitários do Movimento Popular
de Libertação de Angola (MPLA).
Lourenço, à época, era Secretário-Geral do
MPLA e membro do seu birô político ao lado do então presidente José Eduardo dos
Santos, que governou o país por 38 anos. Mantinha distância da empreiteira e
preferia levar uma vida austera e acima de suspeitas.
Ao suceder Dos Santos, a primeira coisa que
Lourenço fez foi afastar os filhos do ex-presidente do comando de empresas
estatais. O combate à corrupção tornou-se a marca do seu governo. Outra, o
respeito à independência dos demais poderes.
Se soubesse disso, Mourão não teria pedido
a Lourenço, em nome do presidente Jair Bolsonaro, que atuasse em favor dos
pastores brasileiros da Igreja Universal do bispo Edir Macedo, expulsos de lá
sob a acusação de desvio de dinheiro para o Brasil.
Mourão também pediu para que Lourenço
recebesse em audiência um grupo de deputados evangélicos ligados a Macedo. O
presidente angolano disse-lhe não duas vezes. A questão da Universal está na
justiça e não lhe cabe interferir.
Como presidente, não lhe cabe receber comitiva de deputados. Isso é tarefa do Congresso angolano. E desde que o Congresso os convide. Taokey?
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