quarta-feira, 21 de julho de 2021

Ricardo Noblat - Reforma eleitoral feita às pressas só tem um nome: golpe!

Blog do Noblat / Metrópoles

É o que se trama no Congresso contra Bolsonaro e Lula

Quanta ingenuidade imaginar que um candidato a qualquer coisa facilitará a vida dos seus eventuais concorrentes em nome disso ou daquilo outro. Candidato único é o sonho de qualquer um.

Quanta falsidade atribuir a um ou mais candidatos favoritos a dificuldade de se encontrar um nome que a eles possa se opor. O que deveriam fazer? Abdicar de uma vitória possível?

Não havia reeleição para cargos majoritários no Brasil até que em 1998, para evitar que Lula vencesse, o PSDB inventou a reeleição. Fernando Henrique, reeleito, reconhece que foi um erro.

O reconhecimento veio tarde. O primeiro governo Fernando Henrique foi bem-sucedido, o segundo desastroso. Lula se elegeu, reelegeu-se, elegeu Dilma e a reelegeu.

A reeleição é um maná para os que pretendem disputá-la no exercício do cargo. A caneta cheia de tinta é deles, a máquina pública está ao seu serviço, e eles só perdem em casos raros.

O presidente Bolsonaro corre o perigo de ser derrotado ano que vem porque seu desgoverno vem sendo um assombro. Sem dispor de um projeto para o país, deu-se ao luxo de desprezar vidas.

Trama-se nos bastidores mais uma reforma das leis que regem as eleições para novamente barrar a pretensão de Lula de ser candidato, e a de Bolsonaro de governar por mais quatro anos.

Sairia de cena o presidencialismo. Entraria o semipresidencialismo. O presidente teria seus poderes limitados. Quem governaria seria o primeiro-ministro eleito pelo Congresso.

Por duas vezes dos anos 1960 para cá, ouvido em plebiscito, os brasileiros rejeitaram o parlamentarismo. Quer-se agora empurrá-lo goela abaixo deles com outro nome.

Reforma eleitoral que não passe por uma longa, ampla e exaustiva discussão com a sociedade é inconcebível, tanto mais às vésperas de mais um reencontro dos brasileiros com as urnas.

Só há uma palavra para definir algo assim: golpe. É do que se trata.

Presidente de Angola ensina a Mourão que por lá não tem disso não

General João Lourenço recusa-se a atuar em favor da Igreja Universal do bispo Edir Macedo

Em viagem a Angola onde representou o Brasil na Cúpula das Comunidades dos Países de Língua Portuguesa, o vice-presidente Hamilton Mourão teria se dado melhor se antes tivesse procurado saber quem era o general João Lourenço, presidente daquele país.

Nos anos 1990, quando a Odebrecht era dona de uma espécie de cidade particular em um dos bairros de Luanda, ali moravam como convidados pelo menos meia dúzia de altos dignitários do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Lourenço, à época, era Secretário-Geral do MPLA e membro do seu birô político ao lado do então presidente José Eduardo dos Santos, que governou o país por 38 anos. Mantinha distância da empreiteira e preferia levar uma vida austera e acima de suspeitas.

Ao suceder Dos Santos, a primeira coisa que Lourenço fez foi afastar os filhos do ex-presidente do comando de empresas estatais. O combate à corrupção tornou-se a marca do seu governo. Outra, o respeito à independência dos demais poderes.

Se soubesse disso, Mourão não teria pedido a Lourenço, em nome do presidente Jair Bolsonaro, que atuasse em favor dos pastores brasileiros da Igreja Universal do bispo Edir Macedo, expulsos de lá sob a acusação de desvio de dinheiro para o Brasil.

Mourão também pediu para que Lourenço recebesse em audiência um grupo de deputados evangélicos ligados a Macedo. O presidente angolano disse-lhe não duas vezes. A questão da Universal está na justiça e não lhe cabe interferir.

Como presidente, não lhe cabe receber comitiva de deputados. Isso é tarefa do Congresso angolano. E desde que o Congresso os convide. Taokey?

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