terça-feira, 22 de março de 2022

O Cidadania / Brasil: olhar, pensar e agir

Programa: Versão Preliminar, aprovado do XX Congresso do Cidadania (12/3/2022)

1 – O lugar político do Cidadania

O mundo vive há décadas sob o impacto de mudanças profundas e aceleradas. Problemas globais graves emergem, com elevado potencial de destruição no futuro próximo; seu equacionamento exige soluções globais; aceitar a dependência recíproca entre as nações e a necessidade de cooperação entre elas é imperativo.

Essa nova situação revelou as limitações dos grandes blocos políticos formados ao longo do século XX. A experiência comunista chegou a seu fim em 1991, com a dissolução da União Soviética e o fim dos regimes da Europa do leste. A alternativa social-democrata viveu a crise do estado de bem-estar social a partir da década de 1970, atingido em seus fundamentos pelas inovações tecnológicas e o repique do processo de globalização. Finalmente, a ortodoxia econômica liberal, aparentemente vitoriosa, veio a pique na crise econômica global de 2008, crise na qual o mundo ainda permanece.

Além do esgotamento dos grandes sistemas político-ideológicos, é traço constitutivo da crise que vivemos a resistência tenaz às mudanças indispensáveis. O novo reacionarismo assume diversas facetas: a nostalgia dos autoritarismos, o negacionismo climático, o recrudescimento do chauvinismo e do belicismo, a recusa em considerar a exclusão e a desigualdades como questões centrais da pauta política mundial.

Do outro lado, temos o conjunto de tentativas de reconstrução de uma agenda progressista, nos planos nacional e global, a partir de cinco diretrizes básicas: democracia contra autoritarismo; cosmopolitismo contra chauvinismo e localismo; equidade e inclusão, contra o abandono de políticas sociais; a pauta da sustentabilidade, contra o negacionismo ambiental; e a responsabilidade econômica contra o voluntarismo fiscal.

Esse é o lugar que o Cidadania pretende ocupar no espectro político nacional. Uma vez que, nessa agenda polifacetada o combate à exclusão e à desigualdade por meio de políticas públicas é o aspecto mais premente para a grande maioria da população, o Cidadania se posiciona no campo da esquerda. Uma esquerda moderna e renovada, contudo, que converge com os movimentos de cooperação entre social-democratas, verdes e liberais no continente europeu, assim como com a virada dos democratas americanos no rumo conhecido como Green New Deal.

O Cidadania soma-se a todas as personalidades e forças políticas progressistas num chamado para a rearticulação e fortalecimento da social-democracia na política brasileira. A tarefa não é simples e tem desafiado, até o momento, os esforços de partidos de maior porte e histórico significativo nas lutas sociais do Brasil após a redemocratização do país.

2 ­– O Brasil no mundo integrado

No mundo em mudança acelerada, o Cidadania reafirma os compromissos dos partidos seus antecessores com a liberdade, a paz, o humanismo, a democracia como valor universal, a cooperação e integração econômica entre as nações, o combate aos preconceitos de toda ordem, a busca da equidade social e econômica entre os cidadãos do mundo e, nos marcos de uma economia de mercado, a opção firme pela sustentabilidade. A liberdade de imprensa é para nós um bem democrático inegociável.

A intensidade do processo de globalização estimula, de um lado, o esforço de construção de instâncias de regulação política supranacionais; de outro lado, alimenta movimentos de resistência nacionalista, muitas vezes de viés conservador, autoritário e xenófobo. Nesse quadro, o Cidadania reafirma seus compromissos com a soberania e os interesses nacionais, enquanto se posiciona resolutamente em favor da integração econômica e comercial do mundo, da resolução pacífica dos conflitos entre as nações e da regulação pactuada, nos foros internacionais pertinentes, dos fluxos de pessoas, mercadorias e capitais.

Consequentemente, posiciona-se a favor do princípio da autodeterminação dos povos, da solução pactuada dos conflitos entre nações, contra toda forma de agressão a estados soberanos. Somos contra o belicismo, a corrida armamentista, assim como contra toda pretensão hegemonista das grandes potências.

Nessa perspectiva, reafirmamos ainda a atualidade da Declaração Universal dos Direitos do Homem e lutamos pelo fortalecimento da Organização das Nações Unidas, de todos os foros de governança global e dos espaços de cooperação e integração do continente americano, em particular a Organização dos Estados Americanos e o Mercosul.

3 – A agenda da democracia

É certo que a intensidade das mudanças no mundo da política revela novos problemas e desafios para o bom funcionamento das instituições democráticas. Nessa questão, o Cidadania reafirma suas posições históricas em favor do estado democrático de direito e do aperfeiçoamento permanente das instituições, no interior dos marcos definidos pelo ordenamento constitucional de 1988. Propugnamos o aumento da transparência, da participação popular e da maior responsabilidade política de eleitores e mandatários, por meio de um processo de reformas políticas que tenha como base a reforma eleitoral, na direção do voto distrital misto, e como horizonte a instauração do parlamentarismo.

A experiência de um governo hostil à democracia demonstra ainda a necessidade de um processo de reconstrução institucional democrática permanente nos anos vindouros, que conte com a participação de todas as forças democráticas do país, situadas nos futuros governos ou na oposição a eles. Ficou claro que a experiência da frente ampla democrática, exitosa com a derrota do regime autoritário, deve ser hoje ressignificada, na perspectiva da luta em defesa de um consenso amplo e permanente em torno da democracia política, que conta institucionalmente com a competição eleitoral como ponto fundamental desse consenso.

4 – O combate à exclusão e aos preconceitos

Igualdade efetiva de direitos é pressuposto da democracia e o Brasil está longe dessa situação. Na verdade, nossa posição é deplorável nesse quesito, como mostram as estatísticas disponíveis sobre assassinato e toda sorte de violências contra mulheres, negros, indígenas e o conjunto de identidades lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais.

Racismo estrutural, sexismo e homofobia têm raízes fundas na cultura nacional e, além de expor boa parte dos cidadãos à violência cotidiana, inclusive por parte de servidores públicos, limitam, todos os dias, suas oportunidades no acesso aos serviços públicos e no mundo do trabalho. O Cidadania apoia a luta dos movimentos representativos desses grupos e dela pretende participar como interlocutor e parceiro.

Assumimos as bandeiras da pauta feminista contra a violência e a exclusão, em favor da maior equidade das oportunidades de trabalho. Assumimos também o objetivo de atingir no curto prazo uma situação de paridade de gênero em todas as esferas da vida econômica, social e política. Somamos nossos esforços a todas as iniciativas de combate à violência política de gênero, que atinge candidatas e mandatárias.

Estamos na frente de combate ao racismo em todas as suas formas, inclusive no caso da violência policial seletiva contra pobres e negros. Procuramos o diálogo e a cooperação com os representantes dos povos indígenas do Brasil, de modo a reforçar sua agenda de reivindicações, em particular a demarcação de suas terras, de acordo com a previsão constitucional.

Em relação aos grupos representados nos movimentos LGBTI, o Cidadania afirma seu objetivo de dar continuidade ao protagonismo de seus antecessores nessas lutas, tanto que que se refere ao reconhecimento de direitos no corpo das leis, quanto à garantia do respeito efetivo desses direitos na sociedade.

5 – Equidade

A batalha permanente pela equidade social, econômica e política entre os cidadãos não se esgota na dimensão do combate a fatores de exclusão de cunho estrutural, como aqueles que pesam sobre mulheres, negros, indígenas e grupos LGBTI. Cumpre também promover, de forma ativa e permanente, condições de aumento do grau de equidade entre cidadãos brasileiros, bem como entre as diferentes regiões do país. Nesse aspecto, o objetivo estratégico do Cidadania é a construção de uma sociedade democrática orientada pela igualdade de oportunidades para todos os brasileiros desde o nascimento.

Em relação aos meios, defendemos o Estado como responsável pela garantia do acesso de todo cidadão a serviços públicos de qualidade, em particular nas áreas de educação, saúde, saneamento, segurança pública e mobilidade urbana. O Estado pode ser o produtor direto desses serviços, como no caso da segurança pública, o regulador de sua oferta por parte da iniciativa privada, ou atuar em ambas as frentes. Em outras palavras, a principal tarefa do Estado é a distribuição de ativos sociais de qualidade, especialmente o ativo conhecimento (educação e formação profissional), base da nova economia.

Entendemos também que o equilíbrio fiscal é pressuposto para a atuação do Estado no provimento dos serviços públicos e na promoção das atividades econômicas. A partir desses princípios, defendemos uma reforma democrática do Estado, que aumente a qualidade dos bens públicos, como educação, saúde, segurança e mobilidade urbana e torne esses bens acessíveis aos mais pobres. Trata-se de deslocar o foco da ação do Estado dos interesses dos grupos privilegiados para os direitos não atendidos dos grupos desprivilegiados. Obviamente, o Estado não se orienta para substituir o mercado, que também concorre para oferecer serviços de qualidade à população, mas para sua regulação democrática.

6 – Sustentabilidade

O Cidadania reconhece a centralidade da questão ambiental, assim como a dimensão dos riscos que os descuidos do presente contratam para as gerações futuras.

De maneira consequente, sustentamos a necessidade da mudança imediata da matriz energética no sentido da superação da economia movida a carbono. Para tanto, propomos o corte imediato dos subsídios que beneficiam o consumo de petróleo, gás e carvão; o incentivo à utilização de energia eólica, solar, fotovoltaica e biomassa; e o fim da extração de carvão mineral.

Propomos também a mudança radical na rede de transporte urbano e interurbano. No primeiro caso promovendo ampliação do transporte ferroviário e fluvial, com a redução, sempre que possível, do transporte rodoviário. No segundo caso, por meio do incentivo ao transporte ativo e coletivo.

É necessária uma nova política para o destino dos resíduos sólidos, de maneira a alcançar o fim dos “lixões”, a expansão dos aterros sanitários, o aumento da separação do lixo para posterior reciclagem e a substituição progressiva das embalagens plásticas por produtos renováveis.

A produção de alimentos salutares a baixo custo deve ser incorporada como diretriz às políticas agropecuárias. Consequentemente, deve ser observado o incentivo à agricultura familiar, assim como a restrição do uso de agrotóxicos e defensivos a patamares compatíveis com a saúde de trabalhadores e consumidores.

A Amazônia merece uma política específica de preservação, que tenha como norte a manutenção da floresta em pé. É necessário incentivar as culturas compatíveis com esse objetivo e restringir as demais às regiões apropriadas. O desmatamento deve ser punido com severidade e economicamente desestimulado, com a vedação de compra e venda de áreas desmatadas.

A política de saneamento básico deve ter como diretriz a universalização no prazo curto do acesso da população aos serviços de água e esgoto.

Finalmente, setores econômicos de baixo impacto sobre o meio ambiente e alta empregabilidade, como o turismo, devem ser objeto de incentivo governamental.

7 – O papel do Estado

Reconhecemos que cabem ao Estado tarefas relativas à regulação dos mercados e ao desenvolvimento econômico, com destaque para o estímulo e participação na produção de ciência, tecnologia e inovação, como ocorre na maioria dos países. Afirmamos que a diretriz da responsabilidade fiscal é imperativa para sua atuação nos tempos presentes. Sustentamos, contudo, que a tarefa número um do Estado é a criação das condições para a autoconstrução de cidadãos autônomos, capazes de trabalhar e empreender, de participar das decisões públicas e partilhar a responsabilidade por suas consequências. Nessa linha de argumento, é impossível negar a centralidade que assume a educação no conjunto das políticas públicas. Prover acesso universal à educação, diversificada, permanente e de qualidade, a todo cidadão, independentemente de sua raça, gênero, renda, idade ou origem regional é nossa primeira prioridade.

8 – Educação

Propomos um conjunto articulado de medidas aptas a favorecer a aquisição permanente de conhecimento e habilidades relevantes, particularmente competências técnicas e profissionais novas. Só assim poderemos contribuir para a geração de postos de trabalho e a expansão do empreendedorismo em todas as camadas da sociedade. Nossa meta é educação universal, do mesmo nível de qualidade, para o pobre e para o rico, em todas as regiões do país.

Nossas diretrizes contemplam, em primeiro lugar, o ensino laico e a educação pública, gratuita, de qualidade, acessível a todos os brasileiros. Consideramos igualmente relevantes a preservação da perspectiva crítica por parte dos educadores e a garantia indispensável da liberdade de cátedra. Integram ainda o norte de nossa proposta o foco na primeira infância, a redução do analfabetismo e das disparidades de gênero, assim como o acesso universal a todos os níveis de educação e formação profissional. Nossa proposta contempla também o aprimoramento das instalações, a inclusão de conteúdos programáticos relativos à relevância da sustentabilidade, à quebra dos preconceitos de caráter estrutural, ao desenvolvimento da cidadania global, à educação para a democracia e à valorização da cultura. Nos posicionamos ainda em favor do fomento da pesquisa e da valorização do magistério, em todos os níveis.

9 – Saúde

Dois anos de pandemia deixam um legado de ensinamentos a respeito dos problemas que enfrentamos, bem como das melhores escolhas para seu enfrentamento. Ficou demonstrada a afinidade entre pobreza e doença, o impacto das carências de alimentação, saneamento e moradia digna sobre o estado de saúde da população. A relação entre riscos ambientais e a saúde global ficou igualmente patente. O avanço irreversível da tecnologia na prevenção, diagnóstico e atendimento médico, em especial da telemedicina, não é mais contestado. Da mesma forma, o reconhecimento dos méritos do SUS na população, a valorização do desenvolvimento científico voltado para a saúde e a necessidade do desenvolvimento do complexo econômico da saúde em território nacional ganharam estatuto de acordo amplo na opinião pública.

A consequência é clara. O SUS deve ser fortalecido, para melhor enfrentar futuras ameaças globais à saúde dos brasileiros. Cumpre, em primeiro lugar, fortalecer o modelo de gestão tripartite do SUS, ao qual devemos o sucesso da vacinação contra obstáculos de toda ordem, principalmente políticos. É preciso também avançar no processo de regionalização do sistema, condição de maior eficiência no seu funcionamento. Devemos ainda abrir o caminho para os avanços tecnológicos na área da saúde e incorporá-los ao cotidiano do SUS. Os canais de controle da sociedade sobre o SUS devem ser ampliados. A questão do financiamento do sistema deve ser equacionada de maneira definitiva. Finalmente, a regulação das atividades do setor privado na área da saúde deve ser objeto de pactuação e implementação adequada, de maneira a permitir a maior sinergia possível entre público e privado.

Além disso, devemos perseverar na agenda inconclusa anterior à pandemia. Universalização do acesso ao saneamento básico, políticas de conscientização alimentar do cidadão e dos benefícios do esporte como fator de prevenção de doenças, programas especiais para a saúde materno-infantil, além de uma atenção particular para a saúde do idoso. Cumpre, finalmente, focar a formação dos profissionais da área da saúde, no que toca à capacitação técnica e à sensibilidade para as necessidades diferenciadas dos cidadãos, conforme a idade, a etnia, a região, o gênero e a orientação sexual.

10 – Segurança Pública

Todos reconhecemos a gravidade da situação brasileira no que toca à segurança pública. A influência crescente do crime organizado, que se infiltra no aparelho do Estado e ameaça de quebra de seu monopólio sobre a violência em parcelas do território nacional, constitui um risco à soberania nacional e às instituições democráticas. Para reverter essa situação para patamares compatíveis com o estado democrático de direito, o Cidadania propõe o incremento da cooperação entre os entes da Federação; a cooperação internacional com as forças de segurança de outros países para melhor monitorar as atividades relativas a tráfico de armas e drogas, a lavagem de dinheiro e a ocultação de bens; o controle mais rigoroso sobre as fronteiras; a maior presença das agências do Estado, particularmente escolas e postos de saúde, nas áreas mais afetadas pela presença de organizações criminosas; a atividade permanente de educação democrática das forças policiais; o investimento forte e continuado em atividade de inteligência; a modernização e racionalização do sistema penitenciário, com vistas a reduzir a influência do crime organizado e maximizar as possibilidades de recuperação dos detentos; melhor controle de ações que possam desmantelar milícias e outros grupos criminosos que se organizam a partir do aparato policial. Vale ressaltar que o combate ao crime organizado não tem relação direta com aumento de efetivos policiais. Além disso, o Cidadania reconhece a importância dos avanços recentes obtidos no combate à corrupção e à impunidade e defende a continuidade da luta nessa direção.

11 – O partido que queremos

Num mundo em que as comunicações entre representantes e representados são imediatas, no qual cada cidadão dispõe da possibilidade de militar diretamente em movimentos sociais e políticos, no qual a militância com foco em objetivos específicos ganha a preferência de parte importante da população, onde o acesso ao conhecimento técnico sobre qualquer tema está ao alcance dos interessados, não há lugar para o modelo tradicional de partido. Nosso partido não se pretende representante, organizador, nem dirigente de grupos, segmentos ou classes sociais. Em vez de partido de vanguarda, queremos ser, em primeiro lugar, um partido de interlocução permanente, a partir de nossas posições de princípio, com o conjunto dos cidadãos individuais e com a sociedade civil organizada, visando a afirmação permanente de nossos valores. Em segundo lugar, um partido de cooperação política e eleitoral com aquelas entidades e movimentos que convergem, mesmo que parcialmente, com nossa agenda programática.

12 – Estado e mercado

Não há mais lugar nas democracias modernas do mundo para sistemas políticos que oponham de maneira simplista Estado e Mercado. Se o mercado tem grande competência para gerar riquezas, historicamente não se mostrou eficiente para proporcionar a equidade. Por sua vez, o Estado mostrou vocação para proporcionar benefícios sociais, entretanto claudicou ao querer se transformar em agente econômico principal e às vezes único da sociedade. O Cidadania acredita em um projeto que possa unir as duas vocações e ao mesmo tempo gerar riquezas e desenvolvimento social. Um projeto que direcione, por meio da regulação adequada, as iniciativas de cidadãos, empresas e coletividades, no qual as responsabilidades de cada um fiquem claras e direitos e deveres caminhem lado a lado. E todo ele, evidentemente, construído em bases democráticas profundas.

Entendemos, nessa perspectiva, que uma política de retomada do crescimento da economia é elemento central de um novo projeto para o país, no sentido de possibilitar o aumento de sua competitividade internacional.

Para tanto, é necessário o fortalecimento da capacidade de intervenção e regulação do Estado, que não se confunde com uma retomada estatizante na economia, com o abandono da diretriz de privatização, de retirada do Estado das atividades que não tenham como foco direto a formação, no sentido amplo, do cidadão.

Finalmente, reafirmamos a necessidade de observar a responsabilidade fiscal, inclusive, enquanto for necessário, por meio do chamado “Teto de Gastos”.

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