Valor Econômico
Deputado mineiro pode até lançar
ex-deputado Marcus Pestana a presidente
Na disputa de quem faz mais barulho por
nada, Aécio Neves levou o troféu do fim de semana ao sair em defesa do
governador de São Paulo, João Doria. Em entrevista à “Folha de S. Paulo”, o
deputado federal pelo PSDB de Minas Gerais criticou o presidente de seu
partido, Bruno Araújo, por desrespeitar as prévias do partido que sagraram a
candidatura do ex-governador de São Paulo. Por trás dessa crítica, porém, há
uma disputa latente pelo controle do partido.
O respeito ao resultado das prévias,
procedimento previsto no estatuto do PSDB, é capitaneado pelo presidente de
honra da legenda, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Aécio não se
inclui nesta fileira. Sempre foi desafeto de Doria, que chegou a defender sua
expulsão do partido depois que, numa gravação de 30 minutos, em ação filmada
pela Polícia Federal, um primo do deputado recebe R$ 2 milhões do empresário
Joesley Batista.
Se Aécio sai em defesa de Doria agora é porque teme perder o controle do PSDB para Rodrigo Garcia. Aliados do governador de São Paulo acreditam que se o PSDB tiver uma chapa à Presidência da República encabeçada por um nome como o da senadora Simone Tebet (MDB-MS), a candidatura de Garcia circularia sem grandes obstáculos tanto no eleitorado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto naquele do presidente Jair Bolsonaro no Estado.
O mesmo não aconteceria se o candidato do
PSDB for Doria, que colhe índices de rejeição que só perdem para os de
Bolsonaro. Por outro lado, o ex-governador paulista tem em sua gestão o único
cartão de visitas de sua pré-candidatura, o que acaba por vinculá-lo,
irremediavelmente, a Garcia.
Este é o cenário tem levado Bruno Araújo e
o presidente do MDB, o deputado Baleia Rossi (SP) a trabalhar conjuntamente
pela candidatura de Simone Tebet, sem qualquer garantia, porém, de que ambos os
partidos, PSDB e MDB, referendem a candidatura conjunta nas convenções
partidárias de julho. A avaliação interna é de que a posição majoritária em
ambos os partidos é pela liberação do apoio.
Entre tucanos paulistas, a percepção é de
que, ao verbalizar a defesa de Doria, Aécio estaria interessado em minar o jogo
traçado por Garcia para evitar que ele, na condição de governador de São Paulo
e mentor daquela que deve ser a maior bancada estadual do partido, venha a
dominar o PSDB.
Aécio não descarta nem mesmo lançar um nome
da bancada de Minas, como o deputado Marcos Pestana. Uma postulação
presidencial concentra, nas mãos do candidato, recursos do fundo partidário
que, de outra maneira, seriam redistribuídos pelas candidaturas proporcionais,
ao Senado e aos governos estaduais.
Em meio às disputas paroquiais de seu partido, o ex-governador João Doria tampouco tem agido para agregar apoiadores a uma posição que, ao fim e ao cabo, tem o respaldo do estatuto tucano. A acusação de “golpe” e o timbre do escritório de advocacia que o atende na carta dirigida à direção do partido, por exemplo, soaram como uma ameaça desnecessária, e sem retorno, de judicialização.
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