Folha de S. Paulo
Vai ser difícil conseguir mesmo o remendo
para manter as contas até 2026
Está difícil de acreditar que o governo vai
conseguir conter despesas no tanto que está previsto na tabelinha do pacote
fiscal. Se vai conseguir cumprir suas metas em 2025 e 2026. O plano
fiscal vai até 2030. Mas sabe-se lá qual será o próximo governo
e qual será o tamanho do conserto fiscal necessário em 2027 —será grande. Ainda
que o pacote funcionasse no próximo biênio, seria apenas um remendo.
O tamanho do resultado de algumas
providências é incerto, como no caso dos pentes-finos, recadastramentos e
mudanças de regras de acesso do Bolsa Família e do Benefício de
Prestação Continuada. Para o ano que vem, o governo estima conter
gastos de cerca de R$ 6,5 bilhões (da contenção total de R$ 30,6 bilhões
prevista no pacote).
O governo pretende conter gastos com aquele
mecanismo chamado pelo palavrão
"DRU", desvinculação de receitas da União. Em resumo, a
DRU permite ao governo não fazer certos gastos obrigatórios. Está em vigor.
Vence no final deste ano. Se o governo vai apenas renovar o instrumento, de
onde vem o dinheiro extra (R$ 3,6 bilhões em 2025)? Se vai mudar a DRU, como
vai ser?
O governo prevê diminuir subsídios e
subvenções em 10% (crédito barateados para empresas, muitas do agro, etc.). O
governo diz que o arrocho será de R$ 1,8 bilhão. Vai conseguir? O governo quer
também conter o aumento do dinheiro que é legalmente obrigado a passar para o
Distrito Federal. Hum.
Felipe Salto, economista-chefe da Warren
Investimentos e ex-secretário da Fazenda paulista, estima que, com subsídios, o
governo arruma R$ 700 milhões. Com DRU, nada. Com as medidas para melhorar BPC
e Bolsa Família, R$ 2,6 bilhões. No total, prevê frustração de R$ 11 bilhões.
Há contas mais precisas por fazer, pois
faltam os textos legais. A coisa toda
vai passar pelo Congresso. Há medidas que devem funcionar, como
colocar a despesa com escola integral no cesto da despesa obrigatória e
crescente do Fundeb. Vai haver algum controle sobre o crescimento do valor das
emendas parlamentares —bom. Mas vai se cortar apenas parte da gordura de um
bicho que cresceu muito, de modo indevido, quando não picareta.
Como observa o economista Marcos Mendes,
pesquisador associado do Insper e colunista desta Folha, o governo ainda
vai precisar de muito aumento de receita. Mais aumento de receita implica mais
gasto obrigatório com saúde e educação.
O resumo da ópera é desconfiança.
O anúncio do dito pacote fiscal foi dominado
pela história
do Imposto de Renda, entende-se. É vida real, mais ou menos dinheiro
a cair na conta. É incerteza econômica, pois não se sabe se o governo vai
conseguir criar o imposto extra sobre ricos, que pagam escandalosamente pouco.
Quando este governo tentou cobrar mais sobre os fundos exclusivos, de famílias
ricas, o Congresso cortou a alíquota quase pela metade.
O IR não apenas dominou a conversa como fez o
pacote sair pela culatra, até agora: dólar a quase
R$ 6, taxa de juros de um ano quase a 14% anuais, mais aperto
financeiro, aumento do custo de financiamento da dívida pública, mais pressão
sobre a inflação.
Esperava-se que, mesmo com um pacote mediano,
o dólar poderia voltar ao preço salgado e inflacionário de R$ 5,5. Agora,
sabe-se lá. Há incerteza nova, as metas do pacote parecem otimistas demais.
Vamos ter mais problemas, também a curto
prazo.
2 comentários:
Estamos assistindo mais uma vez o PT levar o Brasil a uma crise econômica , dólar batendo seis reais e a inflação fugindo do controle
Não é novidade Foi assim nas outras vezes
Além de corrupto o PT é incompetente
Mas com muita ajuda do STF e da imprensa o Lula foi tirado da cadeia condenada a 20 anos por corrupção e lavagem de dinheiro e colocado sentado na cadeira de presidente
A sociedade brasileira mais uma vez vai arcar com todas as consequências de mais esse desastre econômica administrativo
Ajudar pobre não é fácil.
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