Oposição concentrou perguntas em críticas à gestão da presidente Dilma Rousseff; ministro admitiu falta de estrutura na pasta
Maria Lima, Isabel Braga
BRASÍLIA. Sem questionamentos que o pusessem em dificuldades, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, foi ontem ao Congresso dar explicações sobre denúncias de nepotismo e favorecimento a Pernambuco na distribuição de verbas da pasta. A oposição transformou a presidente Dilma Rousseff em alvo no discurso, ao dizer que são "graves os problemas de gestão" no governo. O próprio ministro começou sua fala dividindo responsabilidades, reforçando que todas as suas ações foram autorizadas pelo Planalto. E disse não ter equipe suficiente para as demandas do setor.
Diante das insistentes cobranças de ações do governo para evitar tragédias todo ano, devido às chuvas, o ministro afirmou:
- Ao longo de 2011, o ministério recebeu três mil propostas de prevenção. Nós temos um corpo de 18 técnicos para avaliar essas propostas. (Mas) Estamos melhorando a qualidade dos alertas meteorológicos do Brasil e atuando.
Usando transparências, Fernando Bezerra fez longa exposição técnica. Disse que os recursos de sua pasta e vários outros ministérios foram todos concentrados num único programa, de gestão de riscos e respostas a desastres. Que foram aprovados R$11,5 bilhões para o período de 2012 a 2015 e que, em 2011, foram empenhados R$2,2 bilhões para vários ministérios, principalmente Cidades. Desses, afirmou, 26% foram para São Paulo; 18%, para o Rio; 11%, para Minas; e 9%, para Pernambuco.
Bezerra voltou a dizer que, dos R$98 milhões em prevenção para Pernambuco, R$70 milhões foram para construir cinco barragens. Segundo ele, a medida foi aprovada pelo Planalto:
- Teve a anuência e aprovação do Ministério do Planejamento, da Casa Civil da Presidência e da própria presidente.
Disse ainda que há uma tentativa de atingir o PSB do governador Eduardo Campos (PE):
- O que se quer com essa campanha não é atingir só a mim, mas a meu partido, que preserva os princípios da impessoalidade e da ética. É preciso não atacar e denegrir a imagem das pessoas - reclamou.
Primeiro a falar após Bezerra, o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), citou declaração de Eduardo Campos, aliado de Bezerra, atribuindo à presidente Dilma a orientação para destinar recursos ao estado.
- Estaria dessa forma a presidente voltando as costas para os demais estados brasileiros? Pernambuco merece muito, merece mais, mas os outros estados não podem ser órfãos da República. As mortes na Região Serrana do Rio, em Santa Catarina e Minas não sensibilizam a presidente? Ela o orientou a usar 90% das verbas em Pernambuco - disse Álvaro Dias.
O líder tucano também questionou sobre nepotismo envolvendo o irmão Clementino Coelho, na Codevasf (estatal ligada à Integração Nacional), o sogro de seu filho, o deputado Fernando Coelho, e a nora, em Suape.
- Antonio de Pádua Kherle, sogro de meu filho, foi nomeado coordenador regional do Dnocs em 2010, e o casamento só aconteceu em julho de 2011. E quem fez a indicação foi o deputado Pedro Eugênio, do PT. Minha nora é outro absurdo! Quando foi contratada em 2007, nem conhecia meu filho - defendeu-se Bezerra, repetindo, sobre o caso do irmão, que foi o Planalto que demorou em efetivar o novo presidente da Codevasf.
Duarte Nogueira, líder do PSDB na Câmara, lembrou o discurso de Dilma, em fevereiro do ano passado, no qual ela prometera mais investimentos em prevenção e apoio aos estados:
- Um ano depois, as chuvas chegaram, e estamos chorando mais vítimas.
Blindado pelo PSB e outros partidos governistas, Bezerra chegou ao Senado declarando-se tranquilo. Por vezes sorridente, entrou aplaudido no plenário e recebeu solidariedade e apoio total dos líderes da base.
A defesa mais enfática de Bezerra foi feita pelo líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que falou em preconceito contra o "ministro nordestino".
FONTE: O GLOBO
Um comentário:
Seria bom terem calado a oposição com a palavra PRIVATARIA.
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