Estamos a menos de um ano da largada para as eleições de 2014 e os cálculos feitos pelos partidos indicam que ninguém terá vida fácil nos estados. Nenhum dos atuais governadores que pode disputar mais um mandato apresenta um quadro de favoritismo absoluto que permita dizer com segurança que a reeleição será líquida e certa. De Norte a Sul, as tensões imperam. E onde a situação começa a clarear, vislumbra-se que a maioria deles terá alianças diferentes daquelas que garantiram a vitória há quase três anos.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, onde o governador Tarso Genro (PT) concorrerá a mais um mandato, a coligação que embalou a candidatura em 2010 não se repetirá. O PSB caminha para apoiar quem ofereça um palanque que sirva de motor para ajudar o pernambucano Eduardo Campos na corrida ao Planalto.
No Distrito Federal, o governador Agnelo Queiroz (PT) passará por uma situação semelhante na campanha à reeleição. O senador Rodrigo Rollemberg, do PSB, será candidato a governador no sentido de ajudar os socialistas na disputa presidencial. Rodrigo tenta construir seus alicerces pela esquerda, tentando atrair não só o PDT, como também aqueles que trabalham para montar a Rede de Marina Silva e, ainda, o PSol da ex-deputada Maninha e do ex-candidato a governador Antonio Carlos de Andrade, o Toninho.
Mas não é apenas o PT que vê os aliados minguarem por conta da pré-candidatura de Eduardo Campos ao Planalto. No Espírito Santo, onde o governador Renato Casagrande (PSB) teria uma reeleição tranquila, o PT tem o vice-governador e não ficará na chapa se Campos for candidato contra Dilma. Afinal, hoje não é intenção do PT dividir os palanques de Dilma com outros candidatos a presidente da República.
No maior colégio eleitoral do país, São Paulo, as dificuldades atingem mais os tucanos do que os governistas. O quadro clareou bastante, mas Geraldo Alckmin (PSDB) ainda não tem a menor segurança em relação à aliança. A saída mais fácil hoje é abrir a vaga de vice-governador ao PSB e colocar no palanque presidencial dois candidatos, o do PSDB (o mais cotado é Aécio Neves) e Eduardo Campos, mas os tucanos não estão muito confortáveis com essa situação.
No Paraná, Beto Richa (PSDB) vê a ampla base sob ataque constante do PT, que tenta lhe tirar partidos para minimizar as chances de reeleição. O mesmo ocorre no Pará do tucano Simão Jatene e em Goiás. No Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, do DEM, está em dificuldades porque os aliados consideram que ela hoje é mais aliada de Dilma do que oposição. Mas, para ser candidata apoiando Dilma, só se mudasse de partido, o que é um risco por causa da fidelidade partidária.
Por falar em fidelidade partidária...
Há alguns anos, quem mudasse de partido para outra legenda que não fosse novinha em folha estaria sob um risco monumental de ficar sem mandato. Mas agora, a lei que instituiu a fidelidade parece estar a um passo de entrar para a cesta das letras mortas, se é que já não está nesse balaio. Isso porque, a cada dia, aumenta o número de deputados que trocam de partido sem serem incomodados. Quem abriu essa porteira foi Gabriel Chalita, ao deixar o PSB para ingressar no PMDB. Agora, o ex-jogador Romário seguiu essa trilha e migrou do PSB para o PR. Há outros que também estão de mudança de suas legendas.
O que permitiu esse troca-troca foram os acordos entre os partidos, ou a vontade de deixar quem sai de forma amigável uma dívida de gratidão. Afinal, em política, quem um dia se afasta pode virar amigo logo ali na frente. Diante dos acertos, fica no ar aquele cheirinho de que os deputados simplesmente rasgaram a regra da fidelidade partidária, sem dizer isso abertamente. É bom ficar de olho, assim como vamos prestar atenção redobrada na economia e no julgamento do mensalão, temas que comandam as pastas esta semana que se abriu com mais uma pesquisa favorável à presidente Dilma. Há quem diga que, se ela se recuperar mais um pouquinho, as dificuldades no parlamento ficarão a cada dia menores. Essa, entretanto, é outra história.
Fonte: Correio Braziliense
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