- Folha de S. Paulo
Somadas, dívidas de governos, empresas e famílias ultrapassarão US$ 250 trilhões neste ano
No ritmo atual, antes de 2019 terminar o mundo terá atingido o maior nível de endividamento da história. Somadas, dívidas de governos, empresas e famílias ultrapassarão US$ 250 trilhões, o equivalente a 320% do PIB global.
Nos EUA, governo e empresas não financeiras já bateram recordes. Entre as famílias, as dívidas voltaram a subir mesmo após a desalavancagem forçada pela crise global de endividamento de 2008/2009.
Nos 19 países do euro sobem tanto as dívidas dos governos quanto a dos bancos. No Reino Unido, as famílias britânicas já devem proporcionalmente mais (em relação ao PIB) do que as americanas.
O governo inglês, mais que o dos EUA, que deve tanto quanto a média da Eurolândia —todos com dívidas crescentes desde a crise de uma década atrás, quando resgataram bancos e empresas quebradas.
Em condições normais, entes muito endividados —governos, empresas ou famílias— são penalizados com juros maiores, pois aumenta o risco de ficarem inadimplentes. No mundo atual, dá-se o inverso.
Os bancos centrais das duas maiores zonas econômicas —EUA e Eurolândia— preparam-se para cortar os juros e tornar empréstimos ainda mais baratos. Fazem isso por temer que suas economias esfriem e entrem em recessão.
Investidores internacionais que se aproveitam dessa oferta de dinheiro a juros baixos têm comprado ações e provocado recordes em WallStreet, embora o lucro de muitas empresas há algum tempo já não justifique o elevado preço dos papéis.
Nesse redemoinho, as ações das empresas sobem sem que haja demanda suficiente dos consumidores para elevar os lucros corporativos, sobre os quais incidem os impostos necessários para sustentar as dívidas recordes dos governos.
Embora muitos indicadores de mercado pintem um mundo próspero, é a partir da perda de renda da classe média consumidora nos países ricos que se ensaia uma nova crise de endividamento.
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