domingo, 21 de julho de 2019

Insegurança retarda aumento de investimentos: Editorial / O Globo

Longo ciclo recessivo e persistência de incertezas domésticas contribuíram para afastar investidores

O Brasil ficou fora da lista dos 25 países que mais devem atrair investimentos este ano. É a primeira vez que deixa de constar do índice FDI Global Index, da consultoria A.T. Kearney, referência sobre o fluxo de capitais.

Em maio, informa o Banco Central, os investimentos estrangeiros diretos no país somaram US$ 7 bilhões, abaixo da estimativa do governo, que era de US$ 7,5 bilhões. Nos últimos 12 meses, o Brasil foi destino de US$ 96,5 bilhões.

China, Estados Unidos, Japão, França e Itália foram responsáveis pela maior parte desses aportes nos últimos 16 anos. Chineses lideraram, com 37% do total desses cinco países, somando US$ 71 bilhões. 

Entre 2010 e 2013 focaram em mineração, petróleo e gás. Desde 2014 sua prioridade é o setor elétrico (geração e transmissão).

Os EUA vêm em seguida, com US$ 58 bilhões. Em 2013, concentraram-se em comunicações, mas desde então privilegiam serviços, sobretudo financeiros, mas mantendo sua tradicionalmente forte presença no setor industrial. No geral, o histórico dos investidores reflete cautela em relação ao Brasil, que ainda não conseguiu sair de um longo ciclo recessivo retratado no desemprego de mais de 13 milhões de pessoas.

O ambiente é de estagnação e continua burocraticamente tóxico aos negócios. Faltam estabilidade, simplicidade e clareza na tributação.

Convive-se, também, com alto nível de insegurança jurídica. São exemplares as decisões judiciais recentes, monocráticas, suspendendo a venda da subsidiária de gás da Petrobras e colocando em risco a participação do país no sistema internacional de combate à lavagem de dinheiro de corrupção, crimes comuns e terrorismo.

O governo, errático na política, ainda não avançou na liberalização dos investimentos, redução de burocracia e desestatização. O Congresso limpa o horizonte, melhorando a solvência do Estado com a reforma da Previdência. O Judiciário poderia contribuir com zelo ainda maior pela estabilidade jurídica.

A aposta, porém, é que a aprovação da reforma sem maiores desidratações começará a mudar este quadro de forma radical.

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