Nenhuma
menção a programas sociais
Era
previsível. Um governo que se instalou sem dispor de um projeto para o país e
que assim continua dois anos depois, não tem prioridades, e, por isso, nada
pode propor ao Congresso que surpreenda. Foi o que mais uma vez ficou
demonstrado.
Jair
Bolsonaro entregou aos novos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados o
que espera deles, eleitos com seu aval – uma lista com 35 medidas a serem
votadas em breve ou quando der. São medidas demais para o conturbado tempo que
lhe resta.
2020
foi o ano da pandemia, onde o vírus atrapalhou o funcionamento normal do
Congresso. 2021 será o ano da vacinação que, na melhor das hipóteses, entrará
pelo próximo ano. 2020 é o ano que não acabou, e 2021 o que acabou cancelado.
Os
políticos já estão em 2022 quando terão de renovar seus mandatos ou disputar
outros. Nada farão que possa lhes custar votos. Reforma tributária? É
complicado demais. Administrativa? Bolsonaro não parece disposto a cortar
privilégios.
Privatização
de empresas estatais? A Eletrobras poderá ir à leilão como falsa prova de que
esse é um governo liberal. Mas não se conte nessa área com um processo robusto
de vendas de empresas. Bolsonaro compartilha o nacionalismo equivocado dos
militares.
O que de fato interessa a ele é que o Congresso chancele o que mantenha coesa sua base tradicional de sustentação. Assim – quem sabe? – ela engula sem reclamar tanto sua aliança recente com o Centrão, algo que ele disse que jamais faria.
Em
um país com cerca de 1 milhão de cidadãos armados, Bolsonaro quer mais
facilidades para armar o maior número possível. Milícias e organizações
criminosas agradecem. Quer o endurecimento de penas para crimes considerados
hediondos.
Quer
também o ensino em casa para crianças e adolescentes, longe da influência de
professores esquerdistas e sob a desculpa de que só os pais sabem o que deve
ser ensinado aos seus filhos. E quer ainda que a mineração em terras indígenas
seja liberada.
Ficou
de fora do pacote de medidas qualquer menção ao restabelecimento do auxílio
emergencial pago aos brasileiros mais pobres atingidos pela pandemia, e o
eventual reforço do programa Bolsa Família que, se depender de Bolsonaro,
mudará de nome.
Nada
causou espanto na cena montada para que Bolsonaro prestigiasse a reabertura dos
trabalhos do Congresso – nem as vaias, nem os gritos de “mito”, nem as
imprecações de “fascista” e “genocida”. Sequer mais uma mentira pregada por
ele.
Bolsonaro disse que concedeu até aqui mais títulos de terra do que os distribuídos nos últimos 14 anos. Foi para fustigar o PT que governou o país por quase 13 anos. Em 2019, ele concedeu apenas seis títulos. A média anterior foi de três mil títulos por ano.
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