Com
aliados no Congresso, integrantes do tribunal acreditam que presidente voltará
a 'se soltar'
Os
sinais emitidos depois do casamento de
Jair Bolsonaro com o centrão fizeram com que ministros do
Supremo erguessem a guarda. A ala que enxerga o tribunal como um contrapeso
necessário aos planos mais audaciosos do presidente prevê “dois anos difíceis”,
nas palavras de um deles.
O
comportamento de Bolsonaro nos próximos meses vai mostrar de que maneira o
governo pretende aproveitar a rede de proteção que foi estendida a seu favor no
Congresso. Com a saída de um opositor que lhe impôs alguns freios no comando da
Câmara, a expectativa é que o presidente volte “a se soltar”.
No ano passado, Bolsonaro se viu ameaçado por investigações que cercavam seu grupo político e abandonou o espírito conflituoso com o Legislativo e o Judiciário. Agora, um grupo de ministros do STF prevê novos episódios de tensão com o Palácio do Planalto. A diferença é que, em algumas brigas, o centrão deverá ficar ao lado do presidente.
Os
choques com o Supremo podem voltar a ocorrer não só nos acenos autoritários e
decretos ilegais de Bolsonaro, mas também nas pautas aprovadas em parceria
entre o Planalto e o Congresso. Além da
agenda das armas e de retrocessos no meio ambiente, integrantes
do STF preveem disputas no tribunal em torno de mudanças na Lei da Ficha Limpa
e na Lei da Improbidade.
Essa
ala do Supremo acredita que Arthur Lira (PP) vá pavimentar boa parte das
propostas de Bolsonaro entre os deputados. Já Rodrigo
Pacheco (DEM) é visto como um potencial aliado para barrar
alguns desses planos, embora o senador também tenha interesses políticos em
jogo.
Para
alguns desses magistrados, a única barreira de contenção possível teria sido um
atropelo à Constituição para autorizar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM) na
Câmara e Davi Alcolumbre (DEM) no Senado. Vencidos no julgamento, eles dizem
que a decisão do tribunal foi um erro que abriu caminho para a permanência de
Bolsonaro no poder a partir da próxima eleição.
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