Revista IstoÉ
Se Bolsonaro seguir na Presidência até outubro, o Brasil assistirá pela primeira vez a um candidato derrotado governando por mais um trimestre
O Brasil inicia o ano já pensando no
próximo, ou seja, no novo presidente da República que assumirá a 1º de janeiro
de 2023, isto após superar o pior pesadelo da nossa história, a
presidência Jair
Bolsonaro. Há um sentimento de alegria, de que as
urnas, em outubro, vão possibilitar ao eleitor escolher o substituto daquele
que conspirou — e ainda conspira — diuturnamente contra o Estado democrático de
Direito.
Mas até o final feliz deste terrível drama,
temos todo um ano a percorrer.
E, com a mais absoluta certeza, Bolsonaro não vai perder a oportunidade de buscar o conflito, o confronto, com os democratas, com os Poderes constituídos, com a Constituição de 1988. Para complicar este quadro temos a permanência da pandemia com efeitos ainda impossíveis de serem quantificados. E a contínua luta obscurantista de Bolsonaro contra a vacina e as recomendações sanitárias indispensáveis para enfrentar a Covid-19.
Pelos primeiros sinais apresentados por
Bolsonaro logo na primeira quinzena de janeiro, a tendência é de que aumente
seu isolamento político. Não há nenhum indicador que apresente uma
possibilidade de que as pesquisas de intenção de voto alterem o atual quadro,
extremamente desfavorável à sua reeleição. Ele será o primeiro presidente da
República derrotado na tentativa de ser reeleito — diferentemente de Lula (em 2006)
e Dilma (em
2014).
Desta forma, caso ele permaneça na
Presidência até outubro, o Brasil assistirá pela primeira vez a um candidato
derrotado governando por mais um trimestre. E, o que poderá ser sombrio para o
País, com a possibilidade de tentar tensionar ainda mais o clima político.
Se a sorte de Bolsonaro já foi lançada e
condenada à derrota, ainda é cedo para afirmar que a eleição será decidida no
primeiro turno ou de que já há um vencedor no segundo turno. Evidentemente que
Lula aparece, neste momento, como favorito. Mas até o dia 2 de outubro mauita
água ainda vai correr sob a ponte. Nas duas últimas eleições tivemos surpresas
nos meses de agosto (2014) e setembro (2018). Neste pleito a conjuntura
política é muito mais complexa desde o restabelecimento das eleições diretas
para a Presidência da República, em 1989.
O afastamento da possibilidade de Bolsonaro
chegar ao segundo turno será extremamente benéfico ao processo eleitoral.
Permitirá um debate de ideias, mesmo com a presença — inevitável — das
agressões, tão típicas de uma eleição brasileira. E os dias de aflição serão
apenas um registro da história.
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