terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Advogado de doleiro isenta líder do PMDB e senador tucano

Advogado diz que doleiro não deu dinheiro para Anastasia ou Cunha

• Afirmação de Figueiredo Basto contradiz depoimento de policial que trabalhava para Youssef

• Defensor reclama de vazamentos "políticos" e promete protocolar uma petição isentando o senador e o deputado

Severino Motta – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, disse nesta segunda (12) que seu cliente não tem "negócios" com o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG) e nem com o deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB e candidato à presidência da Câmara.

Segundo ele, estão ocorrendo vazamentos "frutos de interesses políticos para tumultuar investigações". Ele irá protocolar na Justiça uma petição dizendo que Youssef não determinou remessas de dinheiro para os dois.

"Meu cliente não tem negócios com Anastasia e nem com Eduardo Cunha. Meu cliente mandou dinheiro para Belo Horizonte, mas não mandou entregar para Anastasia [...] Fazemos uma colaboração correta, evitamos atribuir fatos a terceiros. Qualquer envolvimento de políticos agora é precipitado e perigoso", afirmou.

A Folha revelou na semana passada que o entregador de dinheiro de Youssef, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, em depoimento em 18 de novembro, disse que entregou R$ 1 milhão a uma pessoa que reconheceu como sendo o "candidato que ganhou a eleição em Minas Gerais" em 2010, Anastasia.

No mesmo depoimento, o policial citou Cunha, dizendo que Youssef teria lhe mandado entregar dinheiro numa casa que seria do deputado.

Anastasia e Cunha negaram participação no esquema e disseram que não conhecem Oliveira Filho ou Youssef.

A Folha revelou também que o Ministério Público Federal pedirá ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que um inquérito seja aberto para apurar se Cunha teve participação no esquema.

Cunha vem rechaçando qualquer participação no esquema revelado pela Operação Lava Jato, que investiga fraudes na Petrobras.

"Não conheço esse senhor [Youssef]. Estou absolutamente tranquilo em relação a isso, de que não há nada. É mais uma iniciativa política para me prejudicar, tenho absoluta convicção. É só olhar de onde estão partindo esses vazamentos, essas informações falsas", disse dias atrás.

Em nota no dia 8, Anastasia afirmou estar "tomado de forte indignação" e "revoltado" por ter sido citado pelo policial.

"Registro que não conheço este cidadão, nunca estive ou falei com ele. Da mesma forma não conheço, nunca estive ou falei com Alberto Youssef. Em 2010, já como governador de Minas, não tinha qualquer relação com a Petrobras", diz a nota.

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