quinta-feira, 13 de julho de 2017

Opinião do dia – Roberto Freire

Isso por um lado é saudável, por outro, causa constrangimento. É mais um passo que o Brasil dá para o aprofundamento da democracia e consolidação das plenas liberdades e da República brasileira”.


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Roberto Freire é deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS, sobre a condenação do ex-presidente Lula.

Os papeis contraditórios da Lava-Jato | Jarbas de Holanda

Desdobrando e aprofundando as investigações anteriores do Mensalão, as desencadeadas pela Lava-Jato evidenciaram a institucionalização como política de estado, pelos governos lulopetistas, de relações espúrias da máquina administrativa da União (da Petrobras e outras grandes estatais, do BNDES, e demais bancos públicos, dos fundos de pensão, do FGTS) com diversos segmentos do empresariado. Relações usadas, com o controle dos dois ministros da Fazenda do período, para financiamento – bilionário – de um projeto de poder partidário, bem como pessoal de vários de seus líderes (inclusive do maior) e operadores. O que propiciou um salto, uma mudança de escala, das práticas tradicionais de corrupção nas três esferas do poder público, implicando no salto também dos custos das campanhas eleitorais competitivas e das distorções éticas do sistema político-partidário. 

Ademais de potencializar – com a “seletividade” de parceiros do governo federal em negócios regiamente financiados no Brasil e no exterior – o “capitalismo de compadrio”, uma das travas da competitividade e do desenvolvimento consistente da economia brasileira. E não deve ser esquecido que o gigantismo e o vultoso desperdício de recursos – com as políticas intervencionistas e populistas postas em prática a partir da segunda metade do primeiro governo Lula – apoiaram-se em intenso aparelhamento do conjunto da máquina federal, dominado pelos petistas e extensivo aos aliados do PMDB e outros partidos.

Sentença esquenta o pró-Lula e o pró-prisão de Lula Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Ninguém está (mais) acima da lei, como ensina um juiz de primeira instância, Sérgio Moro, de Curitiba

Em menos de um ano, o Brasil acumula o impeachment de sua primeira presidente mulher, a condenação de seu ex-presidente mais popular e a denúncia da PGR contra o atual presidente. Tudo isso é inédito, surpreendente e explosivo, mas pode significar rigor com a competência e determinação no combate à corrupção.

Luiz Inácio Lula da Silva não é qualquer um. Tem uma biografia vibrante, um carisma inegável e desceu a rampa do Planalto, oito anos depois da posse, com invejáveis 80% de popularidade. Mas ninguém está (mais) acima da lei, como ensina um juiz de primeira instância, Sérgio Moro, de Curitiba.

‘Prudência’ de Moro não impedirá Lula de autovitimização | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

Brasil chegou ao paroxismo de ver um ex-presidente recorrer a uma candidatura como estratégia de defesa

A primeira sentença de Lula na Lava Jato, no caso do triplex no Guarujá, já era aguardada para antes do início do recesso do Judiciário. Sua consumação, portanto, não foi surpresa. Tampouco foi a condenação do ex-presidente: a própria cronologia do processo, didaticamente incluída pelo juiz Sérgio Moro na caudalosa decisão proferida ontem, já levava a prever esta decisão.

Moro foi comedido na sentença. Tanto na pena imposta a Lula, de 9 anos e 6 meses de prisão, quanto na decisão, sobretudo política, de não determinar sua prisão imediata, embora em vários momentos diga que havia elementos a corroborar essa decisão. Essa “prudência”, como o próprio Moro definiu, não impedirá, no entanto, a estratégia de vitimização de Lula e a tentativa de desqualificar o juiz, já colocada em prática pelo PT.

Urna e cabeça de juiz | José Roberto de Toledo

- O Estado de S.Paulo

Lula volta ao centro da história como vilão e vítima, tudo ao mesmo tempo; a consequência imediata é um aumento considerável da polarização política

Lula condenado por Moro é capítulo esperado, mas distante do epílogo da sucessão presidencial. A novela não se encerrará nem com o julgamento de apelação do petista a tribunais superiores. Se é impossível prever o desfecho jurídico, há consequências políticas imediatas: 1) reforça a rejeição a Lula; 2) energiza a militância petista com o discurso de vitimização; 3) destampa o debate sobre uma candidatura alternativa, à esquerda.

A duração desses efeitos é, todavia, desconhecida. A sentença de Moro termina em interrogações. Para seus principais rivais nas pesquisas – Marina, Doria e Bolsonaro –, a condenação de Lula é boa ou má notícia? E para Temer e Rodrigo Maia?

Segundo Ibope e Datafolha, a rejeição a Lula caía à medida que a crise do governo Temer se aprofundava. Não só por sua saída do foco narrativo em todas as mídias, mas pela comparação com os tempos de exuberância econômica na gestão do ex-presidente. Lula volta ao centro da história como vilão e vítima, tudo ao mesmo tempo, agora. A consequência imediata é um aumento considerável da polarização política. A reunificação do País contra Temer se dilui, ao menos por ora. Bom para Temer, ruim para Maia.

Um tríplex no caminho | Merval Pereira

- O Globo

Confirmação será o fim da vida pública. A condenação do ex-presidente Lula no processo do tríplex do Guarujá, anunciada ontem, tem alguns aspectos que pedem uma análise mais aprofundada, a começar pela qualidade de candidato à sucessão presidencial em 2018 alardeada por Lula e pelo PT com tamanha antecedência para criar embaraços à atuação da Justiça.

Pelo momento, até que o recurso inevitável ao TRF-4 produza a confirmação ou não da pena, Lula continua com seus direitos políticos intocáveis, pois o recurso tem efeito suspensivo. A condenação por lavagem leva Lula a também ficar impedido de exercer qualquer função ou cargo público pelo dobro de tempo da pena, de acordo com a Lei Nº 9.613 de 1998, que criou a Coaf.

Isto é, confirmada a sentença na segunda instância, Lula não apenas ficará inelegível devido à Lei da Ficha Limpa, mas também não poderá ser convidado para qualquer cargo público ou se candidatar novamente nos próximos 19 anos. A sentença tem, portanto, como consequência, o fim da vida pública formal do ex-presidente.

A fuga pela política | Míriam Leitão

- O Globo

Lula tentará fugir pela política. O ex-presidente Lula poderá concorrer às eleições mesmo sendo condenado à interdição para o exercício de função pública, porque a sentença valerá depois do processo transitado em julgado. A lei da ficha limpa não o impedirá porque só seria aplicada após eventual condenação em segunda instância. Lula continuará travando na política a briga judicial como forma de escapar da lei.

Suas contas com a Justiça ainda vão produzir ainda muitos eventos. Há outras ações em curso. Ele terá novos depoimentos a fazer na ação de corrupção na Lils Palestra, e na ação, cuja denúncia ainda não foi recebida, pelo sítio de Atibaia. Nessas duas, ele tem novos encontros marcados com o juiz Sérgio Moro.

A chance que Lula tem de escapar da sentença da Justiça é a de buscar uma saída política. Por isso, toda a defesa se baseia na tese delirante de que ele é um perseguido político. Se a condenação for confirmada no TRF-4, o que dirão os advogados, já que o argumento é que ele é pessoalmente perseguido pelo juiz Sérgio Moro? Os desembargadores também serão acusados de praticarem a guerra jurídica contra o Lula? Bom, o que a defesa imagina é que até lá a política daria a ele uma situação inatacável, porque ele seria candidato com chances de vitória. E, vencendo, todos esses processos seriam paralisados. Se o Tribunal da quarta região levar um ano e dois meses para analisar o recurso à sentença de Moro, a decisão sairia às vésperas das eleições.

A mancha indelével da corrupção - Ricardo Noblat

- O Globo

Biografia foi manchada para sempre. Nunca antes na História deste país um presidente da República havia sido denunciado por corrupção. Michel Temer foi o primeiro, acusado pelo procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, de corrupção passiva. Destinava-se a Temer a mala de dinheiro do Grupo JBS arrastada por uma rua de São Paulo pelo ex-deputado Rocha Loures (PMDB-PR).

Nunca antes na História deste país um ex-presidente da República havia sido condenado por corrupção. Lula foi, ao ser sentenciado pelo juiz Sergio Moro a nove anos e meio de prisão no processo do tríplex do Guarujá. Se a segunda instância da Justiça confirmar a sentença, ele será preso. Mesmo que não seja, ficará impedido de disputar eleições.

A vez dos 01s | Roberto Dias

- Folha de S. Paulo

Valor por valor, o combate à corrupção conseguiu um feito que nem os direitos humanos alcançaram: levar supremos mandatários do Brasil ao acerto de contas com a Justiça comum. Em menos de três semanas, um presidente (Temer) se tornou o primeiro denunciado ainda no exercício do cargo e um ex (Lula) se transformou no primeiro condenado por um crime.

Um avanço e tanto para um país no qual um presidente (o próprio Lula) achava que quem chega à maior das cadeiras não pode ser tratado como "uma pessoa comum", segundo o raciocínio que usou na década passada para defender José Sarney —personagem, aliás, de investigação eternamente sem desfecho no STF.

A falta de penalização aos principais poderosos sempre nos diferenciou dos países da região. Argentina e Uruguai tiveram presidentes condenados e presos; o Chile viu seu mais emblemático ditador (Pinochet) ser humilhantemente detido, ainda que por mãos estrangeiras.

Lula condenado | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo|

Nunca antes neste país um presidente foi condenado por crime comum. A decisão do juiz Sergio Moro é um novo e poderoso petardo contra a imagem de Lula. A biografia do ex-operário que venceu a miséria e subiu a rampa do Planalto passa a incluir uma sentença a nove anos e meio de prisão.

A condenação amplia o desgaste do petista. Lula deixou o poder com 83% de aprovação. Hoje quase metade da população o rejeita. O ex-presidente ainda é o líder mais popular do Brasil, mas a aura de mito se desmancha. Ele colaborou com isso ao se aliar a setores atrasados da política e abraçar o velho padrão de relacionamento com as empreiteiras.

Quem perde com a condenação de Lula | Maria Cristina Fernandes

- Valor Econômico

Sentença e reforma convergem para crise ou ressurreição

A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comporta pelo menos uma certeza, a de que não há delação à vista. No horizonte, apenas uma eleição. As 260 páginas da sentença mostram as convicções de Sergio Moro sobre a inexistência de uma e as perspectivas da outra. É um juiz que acredita ter atingido o topo da cadeia. E, nessa condição, pondera sobre as razões pelas quais não mandou prender o ex-presidente, líder das pesquisas de intenção de voto.

Não que lhe faltassem motivos para decretar uma preventiva. Citou discurso de Lula com intimidação à justiça ("Se eles não me prenderem logo quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que eles contam") e a orientação a terceiros para a destruição de provas. Ainda que fossem suficientes, preferiu não fazê-lo.

A condenação de Lula da Silva – Editorial | O Estado de S. Paulo

Já não recaem apenas suspeitas contra o sr. Lula da Silva, e tampouco ele é simples investigado ou réu. Ontem, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo relativo ao triplex do Guarujá. Mesmo reconhecendo que o comportamento de Lula poderia ensejar eventual decretação da prisão, em razão das suspeitas de tentativa de destruição de provas e dos vários atos de intimidação da Justiça, Moro permitiu que o ex-presidente recorra da sentença em liberdade.

Para o juiz, ficou provado que o líder petista recebeu R$ 2,25 milhões em propinas da empreiteira OAS. A sentença, que também condenou Léo Pinheiro por corrupção ativa e lavagem de dinheiro e Agenor Franklin Magalhães Medeiros por corrupção ativa, afirma que Lula da Silva praticou por três vezes, entre 11 de outubro de 2006 e 23 de janeiro de 2012, o crime de corrupção passiva e também por três vezes, de outubro de 2009 até 2017, o crime de lavagem de dinheiro. Em relação às imputações de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o armazenamento do acervo presidencial, o juiz Sérgio Moro absolveu Lula da Silva e Léo Pinheiro por falta de prova. Também foram absolvidos, por falta de prova, Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, e outros três réus.

Condenação de Lula é símbolo no combate à corrupção – Editorial | O Globo

Ex-presidente é condenado no processo do tríplex do Guarujá, anos depois de ter escapado do processo do mensalão, esquema montado em seu primeiro mandato

A condenação de Lula no caso do tríplex do Guarujá é um marco no combate à corrupção, símbolo fortalecido pela coincidência com a acusação ao atual presidente, Michel Temer. Em uma fase da vida pública repleta de fatos históricos, por inéditos, ocorre mais um, com a condenação de Lula, a primeira de um ex-presidente. E numa coincidência inaudita: ao mesmo tempo em que um presidente no cargo, Michel Temer, é denunciado pela Procuradoria-Geral da República. Ambos por corrupção, e, no caso de Lula, punido também por lavagem de dinheiro. Coincidência feliz, porque reflete um forte enfrentamento deste crime de colarinho branco pelo Estado.

Esperada, devido à solidez das provas, esta condenação no processo sobre o tríplex do Guarujá, pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, base da Lava-Jato, é um marco neste ciclo de combate à corrupção por organismos de Estado, com grande respaldo na sociedade. Depois de ter passado incólume pelo mensalão, montado pelo lulopetismo no seu primeiro mandato, Lula não está conseguindo escapar do petrolão.

Lula condenado – Editorial | Folha de S. Paulo

Dadas as dimensões do personagem, nunca se limitarão aos aspectos meramente jurídicos a análise e a repercussão da sentença que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a nove anos e seis meses de prisão.

Em nada surpreendente, a decisão do juiz federal Sergio Moro se reveste de inevitável simbolismo —ainda que as questões referentes à posse de um apartamento tríplex no litoral paulista pareçam minudências diante do oceano de evidências de corrupção bilionária na administração petista.

A esta altura, só grupelhos fanáticos ou militantes profissionais negarão a sangria descomunal de recursos da Petrobras —que não se daria em tal escala sem a conivência do primeiro escalão do Executivo— e a sem-cerimônia com que Lula manteve relações com as empreiteiras do esquema.

Do escândalo à vista de todos até a caracterização jurídica de um crime e dos criminosos há, decerto, um percurso sujeito à controvérsia.

Aos poucos, Temer perde o controle da base governista – Editorial | Valor Econômico

As condições políticas para o presidente Michel Temer se manter no cargo estreitam-se a cada dia. Depois do primeiro pedido de inquérito feito pelo procurador Rodrigo Janot contra ele - e outros dois estão a caminho - a couraça de proteção do presidente no Congresso começou a rachar. Já não há tanta segurança de que Temer vá conseguir 172 deputados que votem contra a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal. Mas ainda é mais provável que passe nesse teste.

Acuado, o grupo de Temer está perdendo rapidamente apoio de sua antes gigantesca base governista. As manobras com o objetivo de solidificar uma maioria e escapar do afastamento do cargo feitas por Temer resultam em mais insatisfações e desgastes. O PSDB as condensa até o paroxismo de não conseguir definir se permanece ou sai do governo. Os sucessivos avisos de que poderá desembarcar a qualquer momento não são exatamente proveitosos para as expectativas de Temer.

Nenhum direito a menos, muitos empregos a mais | *Michel Temer

- O Estado de S.Paulo

Trabalhamos com afinco hoje para que o amanhã seja de prosperidade e riqueza

O trabalhador brasileiro entrou finalmente no século 21, nesta semana, com a aprovação da modernização da legislação trabalhista. Essa é uma grande conquista para empregadores e trabalhadores. É uma vitória para a geração de empregos com registro em carteira e para a construção de um País mais competitivo no cenário internacional.

Tive a coragem de propor uma reforma ambiciosa, cujos efeitos benéficos serão visíveis muito em breve. Ao contrário da pregação irresponsável feita pelos que exercitam o mais puro revanchismo político, o sentido dessas mudanças é um só: mais direitos para muitos mais trabalhadores e mais empregos para muitos mais brasileiros. A realidade provará a racionalidade e a eficácia de tudo o que fizemos.

O preço da crise e o parlamentarismo | Tasso Jereissati

- Folha de S. Paulo

Não basta constatar a evidente falência do sistema político brasileiro. É preciso buscar as razões desta e apontar novos caminhos.

Entendo que o "presidencialismo de cooptação", que tem sido a marca de nossa história republicana, está na raiz do problema. Esse modelo, que se fortaleceu ao longo de décadas e hoje atinge o paroxismo, condiciona o grau de governabilidade de um presidente da República ao apoio de uma base parlamentar, cada vez mais exigente por cargos e favores.

Uma das distorções geradas por esse modelo é a quantidade de partidos que se formam com o fim exclusivo de abocanhar parte desse bolo, seja em termos de fundo partidário, seja em busca de espaço nos governos. Sem nenhuma identificação ideológica, amontoam-se em blocos parlamentares, em busca de nacos de poder em troca do seu apoio.

O puma, os piratas e outros bichos | *José Serra

- O Estado de S.Paulo

Temos boa chance de aprovar ainda este ano a cláusula de barreira e a interdição de coligações

O que o Puma, o Animais e o Piratas têm em comum? Os três constam entre os 61 partidos em processo de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Se o Puma (Partido Universal do Meio Ambiente) e o Animais conseguirem registro definitivo, competirão com o Pdeco (Partido dos Defensores da Ecologia), num ecossistema congestionado, pois dois dos partidos atuais já se dedicam à luta ecológica.

A criação em série de partidos, no Brasil, não visa a preencher novos espaços doutrinários: trata-se de abocanhar recursos do Fundo Partidário, subvencionado pelo Orçamento federal, e, sobretudo, tirar proveito do tempo gratuito de TV.

Temos 35 partidos, 26 com assento na Câmara dos Deputados. Nenhum desses 26 alcança ao menos 15% das cadeiras existentes, o que impede a formação de maiorias consistentes. O Índice de Hirschman-Herfindahl (IHH) é um indicador da fragmentação partidária. O IHH igual a 1 indica que um partido detém todas as cadeiras. No polo oposto, se os 513 deputados tivessem cada um seu partido, o resultado seria muito próximo de zero, indicando “perfeita dispersão”. Um IHH de 0,5 indicaria que dois partidos dividem igualmente as cadeiras.

Pressionado, um Lula marcado como corrupto se arriscará indo ao ataque | Igor Gielow

- Folha de S. Paulo

A condenação em primeira instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 71, por mais previsível que fosse, interrompe uma sequência de boas notícias para o líder petista. Acuado pela Justiça, Lula tende a ir ao ataque, apostando na imagem de que é um perseguido político pelas instituições brasileiras e fazendo disso plataforma para sua tentativa de voltar ao Planalto.

Lula já fez um ensaio geral desse discurso no caudaloso depoimento que deu a Sergio Moro há dois meses. Tal estratégia funciona muito bem para os convertidos, ou seja, os cerca de 30% do eleitorado fiéis ao petista, mas a eficácia fora desse nicho que recuperou de 2016 para cá é duvidosa.

Concorre em favor do petista, no momento encarnado como o único nome capaz de manter o PT vivo como partido político, o alto desemprego e os indicadores de desagregação social na praça —basta ver a quantidade de pessoas "atemorizadas", segundo a mais recente pesquisa do Datafolha.

Roberto Freire sobre a condenação de Lula: Sem surpresas, com preocupações Portal do PPS

Portal do PPS

É a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado por corrupção

O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), disse nesta quarta-feira (12) que não houve surpresa na condenação, pelo juiz Sérgio Moro, do ex-presidente Lula, do PT. “Já era esperado. Todo esse processo que a Lava Jato vem desenvolvendo no País chegaria a esse desiderato”, afirmou.

Segundo observou Freire, as revelações da Lava Jato “mostravam que havia um centro, que dirigia todo esse processo de desmantelamento, de roubalheira, que ocorreu com nossas estatais, com nosso governo no período Lula/Dilma”.

PT sofre ‘golpe mais sério’, diz cientista político

Naief Haddad, Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - "Do ponto de vista político, a condenação de Lula é o golpe mais sério sofrido pelo PT ao longo de sua história. A figura do Lula era apresentada pela direção do partido como intocável."

A avaliação é do cientista Francisco Weffort, fundador do PT e secretário-geral do partido entre 1984 e 1988. Ele deixou a sigla e foi ministro da Cultura do tucano Fernando Henrique Cardoso de 1995 a 2002. Hoje, não tem ligações com siglas.

Nesta quarta (12), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).
Trajetória de Lula
A sentença do juiz Sergio Moro é a primeira contra o petista no âmbito da Lava Jato.

"O espírito do partido que nós pretendíamos criar nos anos 80 é hoje completamente outro", afirma Weffort.

"O PT precisa fazer uma autocrítica muito severa. Só assim pode haver uma renovação da esquerda brasileira", complementa.

‘Sentença significa que a esquerda perde seu ícone’, diz cientista político

Para professor da USP José Álvaro Moisés, condenação é um fato muito grave, de natureza jurídica e dimensão política

Pablo Pereira, O Estado de S.Paulo

Para o cientista político José Álvaro Moisés, professor da USP, a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e meio pelo juiz Sérgio Moro, tem caráter jurídico e político e pode levar a um vazio de lideranças na esquerda brasileira. De acordo com Moisés, a sentença deve ter também um impacto no caso do atual presidente, Michel Temer, denunciado por corrupção. A seguir, trechos da entrevista.

Como o senhor avalia a decisão do juiz Sérgio Moro?

A condenação é um fato muito grave. Esse decisão tem natureza jurídica, mas também dimensão política.

Qual impacto da decisão para o ex-presidente Lula?

Para o ex-presidente, acho que o impacto tem dois desdobramentos: Lula deve usar a decisão de Moro como uma bandeira política para se apresentar como vítima e não como o que ele de fato é, o responsável pela montagem de um esquema sistêmico de corrupção no Brasil. Do ponto de vista geral, significa que a esquerda perde seu ícone. É um fato histórico e significa uma perda extremamente importante para este espectro político brasileiro.

Como fica o quadro político para 2018?

Estamos vivendo um momento que demanda profunda mudança. Que exigiria a emergência de novas lideranças. Se Lula permanecesse como candidato, seria continuidade, não renovação. Talvez tenha chegado a hora de limpar o cenário político, embora isso, em si, não resolva a questão.

Como crê que a militância reagirá a essa decisão?

Já estão reagindo. Consideram injusta a sentença. Isso indica que parte da militância não foi capaz de entender a dinâmica da democracia, na qual qualquer líder político, poderoso, pode ser processado, julgado e condenado. Mostra que não entenderam que, para o País, pode ser um processo mais profundo, que significa enfrentar o problema da corrupção, que vem de décadas, séculos, mas ocupa um lugar muito sério no cenário. A ponto de algumas pessoas pensarem que não é possível fazer política sem corrupção. Há um déficit de perspectiva republicana na esquerda. Por outro lado, essa condenação do Lula mostra que isso respinga também na situação do presidente Temer. Deste ponto de vista, o significado é positivo. Criamos um ambiente para o império da lei no País. Até hoje não tínhamos avançado nisso.

Condenação de Lula pode ajudar Temer | João Domingos

- O Estado de S.Paulo

Decisão do juiz Sérgio Moro deverá radicalizar ainda mais o processo político

A condenação do ex-presidente Lula a 9 anos e 6 meses, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, poderá beneficiar Michel Temer, que luta para ficar na Presidência.

Isso porque a decisão do juiz Sérgio Moro deverá radicalizar ainda mais o processo político, fazendo com que os petistas e os aliados a eles, hoje na Rede, PSOL, PSB e PCdoB, aumentem os xingamentos e provocações aos que foram a favor do impeachment de Dilma Rousseff e se posicionam ao lado de Temer.

Sentindo-se agredidos por serem chamados de golpistas, vendilhões da Pátria e de suas riquezas, e até de escravocratas – expressão usada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), na votação da reforma trabalhista –, muitos dos que poderiam se afastar de Temer por causa das denúncias que envolvem o presidente tenderão a se reaproximar.

Lula é o primeiro ex-presidente condenado

Pena é de 9 anos e seis meses por corrupção e lavagem

Na sentença, Moro afirma que não pediu prisão ‘por prudência’

Defesa se queixa de perseguição política e diz não haver provas

O petista Luiz Inácio Lula da Silva é, desde ontem, o primeiro ex-presidente condenado por corrupção na História do Brasil. O juiz Sergio Moro aplicou sentença de 9 anos e seis meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Lula foi considerado culpado por ter recebido um tríplex no Guarujá como propina da construtora OAS, que fora beneficiada em contratos na Petrobras. No mesmo processo, ele foi absolvido do armazenamento irregular de bens da Presidência. Moro afirma na sentença que só não decretou a prisão de Lula “por prudência”, por achar que a medida provocaria “certos traumas” no país. Ele proibiu o ex-presidente de ocupar cargos públicos por 19 anos, o que precisará ser confirmado em segunda instância. Tanto a defesa de Lula quanto o Ministério Público Federal vão recorrer da sentença. Com isso, caberá a três desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, em Porto Alegre, decidir se o ex-presidente ficará impedido de disputar as eleições de 2018 e se será preso. Em média, o TRF leva de dez meses a um ano para julgar os recursos. Moro disse que não teve “qualquer satisfação pessoal” com a decisão: “É de todo lamentável que um ex-presidente seja condenado criminalmente, mas a causa disso são os crimes por ele praticados e a culpa não é da regular aplicação da lei”, afirmou. Para a defesa de Lula, a sentença tem conotação política e “envergonha o Brasil”. Petistas criticaram Moro, mas, nas ruas, a reação limitou-se a um pequeno protesto em São Paulo. Lula ainda é réu em outros quatro processos e responde a inquéritos.

Moro condena Lula

9 anos e seis meses

19 anos sem cargos públicos

Juiz da Lava Jato afirma que ex-presidente recebeu R$ 2,25 milhões de propinas da OAS, no triplex do Guarujá; é primeira sentença contra o petista por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema Petrobrás

Julia Affonso, Fausto Macedo, Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, e Luiz Vassallo

Aos 71 anos de idade, Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado, nesta quinta-feira, 12, a 9 anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A condenação do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba, é a primeira do ex-presidente na Operação Lava Jato. Moro não decretou a prisão de Lula.

“Entre os crimes de corrupção e de lavagem, há concurso material, motivo pelo qual as penas somadas chegam a nove anos e seis meses de reclusão, que reputo definitivas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, condenou Moro.

Moro condena ex-presidente Lula a 9 anos de prisão no caso tríplex

Lula é condenado a 9 anos e 6 meses de prisão por tríplex em Guarujá

Estelita Hass Carazzai, Felipe Bächtold

CURITIBA, SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 71, foi condenado, nesta quarta (12), a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).

A sentença do juiz Sergio Moro é a primeira contra o petista no âmbito da Lava Jato. Leia a decisão completa.

O petista não será preso –pelo entendimento do Supremo, só começará a cumprir a pena se a segunda instância ratificar a decisão. Ele poderá recorrer em liberdade ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre. Se a confirmação da sentença na segunda instância não acontecer antes da eleição de outubro de 2018, ele não será enquadrado na Lei da Ficha Limpa e poderá ser candidato.

O tribunal leva, em média, cerca de um ano e meio para analisar as sentenças de Moro.

Andavam de noite | Fernando Pessoa

Andavam de noite aos segredos
Só porque era noite...
Os bosques enchiam de medos
Quem quer que se afoite...

Diziam [?] palavras que pesam [?]
À sombra de alguém...
Ninguém os conhece, e passam...
Não eram ninguém...

Fica só na aragem e na ânsia
Saudade a fingir...
Foi como se fora distância...
Eu torno a dormir.

Marisa Monte - Depois