Com petistas divididos, Eduardo Campos pretende lançar candidato próprio, mas ainda terá conversa decisiva com Lula
Letícia Lins, Tatiana Farah e Sérgio Roxo
RECIFE e SÃO PAULO . Descrente de que o PT conseguirá se unir em torno de uma candidatura a prefeito de Recife, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, está prestes a lançar um nome de seu partido para disputar a eleição, acabando com a coligação entre petistas e socialistas na capital pernambucana. Na próxima sexta-feira, Campos terá um encontro decisivo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, para tentar solucionar o impasse. Em seu Twitter, o jornalista Ricardo Noblat informou que Campos convenceu Lula de que é preciso conversar mais para se tentar obter uma solução. Sem a unidade petista, acredita Campos, será inviável manter a Frente Popular que elegeu o atual prefeito, João da Costa (PT).
Só falta a Campos decidir quem será o candidato do PS B, entre os quatro secretários que ele exonerou com esse objetivo. Ontem, enquanto o senador Humberto Costa (PT-PE) - candidato imposto pela Executiva Nacional petista para ser o candidato a prefeito - se reunia em São Paulo com Lula, Campos recebia a imprensa no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, e demonstrou sua preocupação com a crise do PT. O diretório municipal petista, em prévias internas, aprovou a candidatura à reeleição de João da Costa. Mas a decisão foi anulada pelo PT nacional, que impôs o nome de Humberto Costa. O atual prefeito, porém, ainda tem esperanças de ser o candidato e pretende recorrer à Justiça.
Campos foi eleito com o apoio de 16 legendas, inclusive o PT, que integra o seu governo. Nos últimos quatro anos, recebeu a adesão de mais três partidos, o PV, o PTL e o PSD. Até ontem, Campos trabalhava com quatro opções dentro do PSB: Danilo Cabral (ex-secretário de Educação e de Cidades), Sileno Guedes (Articulação Social e Regional), Tadeu Alencar (Casa Civil) e Geraldo Júlio (Desenvolvimento Econômico). Dos quatro, só os dois primeiros têm experiência nas urnas. O primeiro foi vereador e é deputado federal. O segundo foi vereador, é amigo de Campos desde os tempos de universidade e está no governo do PSB desde a última gestão do ex-governador Miguel Arraes, avô de Campos.
O governador acredita que não há como unir a Frente Popular se não houver unidade interna no PT:
- Os partidos da Frente tiveram o zelo de não entrar no debate interno do PT. Agora é hora de ouvi-los. O debate (dentro do PT) se arrastou além do tempo previsto, chegou a prazos legais e não se imaginava que ia chegar até aí - disse, ontem, Campos.
Em São Paulo, PSB vai apoiar Fernando Haddad
Em São Paulo, o PSB bateu o martelo ontem e vai apoiar a candidatura do ex-ministro Fernando Haddad, do PT, à prefeitura de São Paulo. Eduardo Campos anunciará a aliança na sexta-feira, ao lado de Lula. O PSB deverá indicar o nome para vice. Ex-prefeita de São Paulo (1989-1992) e fundadora do PT, a deputada Luiza Erundina (PSB) foi convidada pela cúpula socialista, mas ainda não se decidiu.
A aliança com o PSB é a primeira fechada por Haddad e pode somar mais de um minuto ao tempo de TV no horário eleitoral. O PT espera receber ainda o apoio do PCdoB, que tem cerca de 30 segundos. Assim, Haddad poderá ficar com mais de seis minutos no horário eleitoral.
FONTE: O GLOBO
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