Pré-candidato a presidente, tucano ensaia discurso de campanha
Maria Lima
BELO HORIZONTE - Num momento de fragilidade política do PT, maior adversário
do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) pegou carona nas candidaturas tucanas bem
sucedidas e partiu para seu primeiro teste como pré-candidato ao Planalto fora
de seus domínios, as gerais. Num roteiro de carreatas e grandes eventos de
campanha nas regiões Sul e Nordeste, ele incorporou de vez o discurso de
candidato e conseguiu levar para o ringue, com áspera troca de farpas, a
presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e, de quebra, o candidato do PT
à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.
Aécio, segundo seus aliados, tem o timing perfeito da hora de começar a
brigar com Dilma, sua provável adversária em 2014. Semana passada, travou um
embate com os adversários.
- Se Aécio quer ser presidente, estude um pouquinho, leia um livro por
semana. Pode ser na praia de Ipanema - disparou Haddad.
- Quero agradecer ao candidato Haddad por ter lançado a minha candidatura,
mas vou deixar que o meu partido decida isso no tempo certo. Como não acho que
ele possa ser tão idiota, como parece às vezes, certamente quis dar ali uma
estocada no presidente Lula, talvez não satisfeito com a incapacidade que
(Lula) demonstrou até agora para alavancar sua candidatura - devolveu Aécio.
Na guerra com Dilma e o PT, o mineiro pode ganhar o primeiro round com a
reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte, contra o petista
Patrus Ananias. Para ajudar Patrus, Dilma e Lula despacharam para a capital
mineira o marqueteiro João Santana.
Estrela da campanha de Lacerda, Aécio tem percorrido Minas Gerais e as
principais cidades do país em campanha paralela. Na propaganda de seu
candidato, alfineta Dilma: ele usou o veto presidencial ao aumento dos
royalties do minério para acusar a presidente, mineira de nascimento, de não
ter amor ao estado, pois, com a medida, tirou de Minas R$ 300 milhões.
- A presidente vem cometendo equívocos e não vou me furtar a fazer críticas
a esses episódios. O primeiro foi responder um artigo do ex-presidente Fernando
Henrique para agradar Lula. O segundo foi contestar interpretação do Supremo no
julgamento do mensalão e, por último, lotear e colocar o governo a serviço do
partido, dando um ministério para Marta Suplicy. Isso enterra o bom discurso
inicial da faxina.
Aécio ainda minimizou o poder do Lulismo. Em viagem pelo Nordeste, acusou
Lula de agir "como líder de facção":
- O ex-presidente Lula mancha a própria biografia, quando defende os réus do
mensalão e ataca a oposição de forma extremamente agressiva nos palanques. O
que estamos percebendo é que o lulismo, da forma que existia, quase messiânico,
que apontava o dedo e tudo seguia na mesma direção, não existe mais.
Fonte: O Globo
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