Começa esta semana a
fase mais importante do julgamento. A cúpula do PT, formada pelo ex-ministro
José Dirceu, o ex-deputado Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio, entra na mira do
relator Joaquim Barbosa. Os três são acusados de corrupção ativa
Cúpula petista
entra na mira do relator
Barbosa começa esta semana voto que pode condenar José Dirceu, Genoino e
Delúbio por corrupção ativa
Jailton de Carvalho
UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA
BRASÍLIA Sete anos depois das primeiras denúncias, chegou a hora de o
ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio
Soares, três peças-chaves da eleição do ex-presidente Lula em 2002, prestarem
contas à Justiça. O relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa,
começará a ler nesta semana o voto sobre os três e os demais réus acusados de
corrupção ativa - a parte mais eletrizante do julgamento, na definição do
ministro Marco Aurélio Mello.
Dirceu e Genoino não escondem o receio de uma eventual condenação ou até
mesmo da prisão, embora aleguem inocência. Delúbio, segundo interlocutores,
seria o menos aflito entre os três.
- Todo mundo que está vivo pode ser preso. Eu posso ser preso hoje, você
também. Mas nós, em primeiro lugar, temos convicção da absolvição. Em segundo
lugar, ainda que viéssemos a pensar na eventual condenação, não teríamos
nenhuma providência a tomar, a não ser esperar - tenta minimizar Luiz Fernando
Pacheco, advogado de Genoino.
O ex-deputado tem acompanhado o julgamento em sua casa, em São Paulo. Há
duas semanas, foi internado às pressas com ameaça de infarto. Fumante
inveterado, pareceu não suportar a pressão. Mas, após passar por sessão de
cateterismo, recebeu alta com a recomendação de manter a calma, parar de fumar
e fazer exercícios físicos.
- Não há hipótese nenhuma de eu falar com a mídia - disse Genoino, na
quinta-feira. - Meu estado é bom, você sabe disso. Fale com o Pacheco, pois eu
não falo sobre esse assunto nem que você me torture num pau de arara.
A tensão também acompanha Dirceu às vésperas do julgamento. Segundo pessoas
que acompanham a rotina do ex-ministro, Dirceu não para na frente da TV para
assistir às sessões do STF. Acha que é muito sofrimento ver como os ministros
votam e, a partir daí, imaginar como votarão no caso dele. Mas, diferentemente
de Delúbio e Genoino, conversa frequentemente com amigos, aliados e advogados
para se informar sobre o processo e traçar cenários.
No início do julgamento, Dirceu e amigos trabalhavam com três
possibilidades: absolvição, condenação e condenação com prisão. A absolvição
parecia a hipótese mais forte. Mas, depois dos votos implacáveis de Barbosa,
Dirceu sentiu que o perigo ronda no ar.
Delúbio Soares, porém, mesmo diante do risco de sofrer uma pesada
condenação, permanece impassível. Na última quinta-feira, o ex-tesoureiro
atendeu uma ligação do GLOBO, mas disse que não falaria sobre o julgamento.
- Como vai você? É um prazer falar com você, mas quem está falando a meu
respeito sobre o processo é o doutor Arnaldo Malheiros. Estou atendendo você
com muito respeito, você me ligou, eu agradeço muito, mas quem fala por mim é o
doutor Arnaldo. Você está fazendo seu trabalho, eu respeito, mas eu não vou
falar - disse Delúbio.
Malheiros já avisou a Delúbio o risco de condenação e prisão. A maioria dos
réus julgados até o momento foi condenada e nada indica uma mudança de rumo nas
votações. Mas ele segue aparentemente tranquilo. Recentemente, o jornalista
Ricardo Kotscho, ex-assessor de Lula, ligou para Delúbio pensando que ouviria
um longo desabafo. Mas o ex-tesoureiro disse que queria encontrá-lo para comer
uma bisteca num restaurante que os dois costumavam frequentar.
Fonte: O Globo
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