O Supremo Tribunal
Federal iniciou novo capítulo no caso do mensalão. O ministro Joaquim Barbosa
autorizou abertura de inquérito para investigar repasses do esquema para
pessoas ligadas ao ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. O inquérito
também vai averiguar repasses para pessoas ligadas aos deputados Benedita da Silva
(PT-RJ) e Vicentinho (PT-SP)
MENSALÃO - O JULGAMENTO
STF autoriza
abertura de nova fase nas investigações
Objetivo é examinar repasses descobertos pela PF após início da ação
principal
Pessoas ligadas ao ministro Fernando Pimentel e a outros políticos petistas
receberam recursos
Flávio Ferreira
BRASÍLIA - O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no
Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de um inquérito para investigar
repasses feitos pelo esquema para pessoas ligadas ao ministro do
Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e a outros políticos petistas.
O novo inquérito, a ser instaurado na Justiça Federal em Belo Horizonte,
também vai investigar repasses a pessoas que trabalharam com os deputados
Benedita da Silva (PT-RJ) e Vicentinho (PT-SP), além de dezenas de outras
pessoas e empresas que receberam dinheiro do esquema.
Essas pessoas não são parte do processo que está em julgamento no Supremo
desde o início de agosto, porque os repasses só foram descobertos pela Polícia
Federal quando a ação principal já estava em andamento no STF.
A nova fase do caso foi inaugurada há pouco mais de um mês, após pedido da
Procuradoria-Geral da República para que fossem aprofundadas as investigações
sobre o destino do dinheiro distribuído pelo PT com a colaboração do empresário
Marcos Valério Fernandes de Souza.
O requerimento cita nominalmente Pimentel, um dos principais auxiliares da
presidente Dilma Rousseff, Benedita e Vicentinho, dizendo que, como eles têm
foro privilegiado, a investigação deverá voltar ao Supremo "caso surjam
indícios concretos de que os valores arrecadados" destinavam-se aos três.
A PF só conseguiu concluir o trabalho de rastreamento de dinheiro
distribuído por Marcos Valério em 2011, cinco anos após a Procuradoria
apresentar a denúncia que deu origem ao processo que está em julgamento no STF.
Seguindo o caminho do dinheiro distribuído pelo empresário, a polícia chegou
a Rodrigo Barroso Fernandes, em Belo Horizonte. Na época do repasse, em 2004,
ele era coordenador financeiro do comitê da campanha de Fernando Pimentel à
Prefeitura de Belo Horizonte, diz a PF.
O inquérito, conduzido pelo delegado federal Luís Flávio Zampronha, apontou
que Fernandes recebeu R$ 247 mil da agência SMPB, de Marcos Valério, em agosto
de 2004.
Em depoimento, ele afirmou que só daria declarações em juízo, segundo a
polícia. Num relatório sobre a investigação, Zampronha escreveu que Fernandes
agiu assim para "encobrir o verdadeiro beneficiário" do dinheiro.
As investigações também apontaram repasses para Carlos Roberto de Macedo
Chaves, que teria feito dois saques no valor de R$ 50 mil em agosto e setembro
de 2003. Ele disse à PF que trabalhou como contador da campanha de Benedita em
2002.
De acordo com a polícia, a origem desse dinheiro foi o fundo Visanet,
controlado pelo Banco do Brasil e por outras instituições financeiras. O fundo
é apontado pela PF e pela Procuradoria-Geral da República como a principal
fonte dos recursos que alimentaram o mensalão, e a maioria dos ministros do STF
já concordou com essa tese.
Em relação a Vicentinho, a PF descobriu que o produtor audiovisual Nélio
José Batista Costa recebeu R$ 17 mil da empresa Estratégia Marketing, de
Valério, em agosto de 2004, "devido aos serviços prestados durante a
campanha eleitoral do candidato Vicentinho para a Prefeitura de São Bernardo do
Campo".
O pedido de abertura do novo inquérito foi feito em fevereiro e acolhido
pelo ministro Barbosa em 24 de agosto. A Justiça Federal de Minas já recebeu
ofício do STF, mas pediu à corte novas informações para definir qual vara
criminal cuidará do caso.
Fonte: Folha de S. Paulo
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