João Domingos
BRASÍLIA - As forças partidárias que atualmente governam as capitais
deverão sofrer mudanças e deslocamentos a partir do ano que vem, quando tomam
posse os novos prefeitos. Mas o quadro tende a manter um certo equilíbrio com a
situação atual, levando-se em conta as últimas pesquisas de preferência do
eleitorado para as eleições do próximo domingo. O PT, que hoje governa sete capitais,
poderá perder o título de campeão. E favorito em cinco, assim como o PSDB, que
hoje só tem um prefeito, o de São Luís (MA), João Castelo.
Alguns partidos deverão ser alijados do poder nas capitais, como o PC do
B, que vai deixar o poder em Aracaju (SE) ou para o DEM, que disputa com o
ex-senador João Alves, ou para o PSB, que lançou o deputado Valadares Filho,
apoiado pelo governador Marcelo Déda (PT) e pelo atual prefeito, o comunista
Ed- valdo Nogueira. Nas últimas semanas o favoritismo de Alves caiu, enquanto
Valadares subiu muito nas pesquisas.
Outro que dará adeus a uma prefeitura é o recém-criado PEN, partido do
prefeito de Maceió (AL), Cícero Almeida. As pesquisas indicam que ele deverá
ser substituído pelo tucano Rui Palmeira. Tanto Nogueira, em Aracaju, quanto
Almeida, em Maceió, já estão no segundo mandato e não puderam disputar a reeleição.
Atualmente, as 26 prefeituras de capitais são governadas por 11 partidos e
um sem partido - o prefeito de João Pessoa (PB), Luciano Agra. Eleito pelo
PSB, Agra deixou a legenda depois que o presidente da sigla, Eduardo Campos,
o impediu de tentar a reeleição, lançando Estelizabel Bezerra. Em represália,
Agra passou a apoiar o petista Luciano Cartaxo, hoje favorito na disputa contra
o senador tucano Cícero Lucena, ex-prefeito, e o ex-governador José Maranhão,
do PMDB.
Agra exigiu que o PT aceitasse na chapa o vice Nonato Bandeira, do PPS,
partido que faz oposi-o à presidente Dilma Rousseff. As direções partidárias do
PT e do PPS tiveram de engolir a exigência, visto que vetaram alianças entre
si. Quadro semelhante só é repetido em Uberaba, em que o PPS apoia o candidato
petista Gilmar Machado, favorito na disputa. Mas, ao contrário de João Pessoa,
não integra a chapa majoritária.
Levando-se em conta as projeções de votos, o número de partidos que se
distribuirão na chefia dos executivos das capitais será de 12. Pela primeira
vez o PSOL poderá eleger um prefeito, o ex-petista Edmilson Rodrigues, em Belém
(PA). Rodrigues já foiprefeito da capital paraense e está à frente de
políticos tradicionais, como Zenaldo Coutinho (PSDB) e José Priante (PMDB).
O PSB governa hoje três capitais. Poderá chegar a quatro, mas corre o risco
de perder Curitiba. Na capital paranaense, o prefeito Luciano Ducci tenta a
reeleição, mas está atrás de Ratinho Junior, do PSC. Gustavo Fruet (PDT), que
tem o apoio do PT, aparece em terceiro lugar.
Já o PSD, que tem o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sairá da capital
paulista. É provável que migre para Florianópolis (SG), com o favorito Gesar
Souza Junior. O PTB, que hoje está à frente de três capitais - Teresina (PI),
Belém e Guiabá (MT) - poderá ficar sem nenhuma. De acordo com as pesquisas, o
partido não elegerá prefeito de capitais.
O PP, que hoje comanda a Prefeitura de Salvador (BA) com João Henrique,
poderá migrar para Palmas (TO), onde o empresário colombiano naturalizado
brasileiro Garlos Amastha deixou para trás Marcelo Lelis, do PV, que tem o
apoio do governador tucano Siqueira Gampos. A cidade é governada por Raul Filho,
do PT, que passou por um sério desgaste depois da divulgação de um vídeo em
que negocia com o empresário Garlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Como já foi reeleito, ele não disputa a eleição.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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