O
prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), antecipou o debate sobre sucessão presidencial
ao lançar ontem o governador Sérgio Cabral como vice de Dilma Rousseff na
eleição de 2014.
"A
gente respeita o vice-presidente Michel Temer, mas agora é a vez de o
governador Cabral ser o vice", disse Paes, reeleito com a maior votação
do país.
Prefeito
do Rio lança novo vice para Dilma em 2014
Reeleito com votação
recorde, Paes prega aliado Cabral no lugar de Temer
Defesa do nome do
governador do Rio escancara a disputa de espaço dentro do próprio PMDB
Evandro Spinelli e José
Ernesto Credendio
SÃO PAULO - Uma
semana após ser reeleito prefeito do Rio com a maior votação do país, Eduardo
Paes (PMDB) antecipou a sucessão presidencial de 2014 e lançou o nome de seu
aliado e governador Sérgio Cabral como candidato a vice de Dilma Rousseff (PT).
Escancarando o racha
no partido, o prefeito defendeu ontem Cabral como substituto de Michel Temer,
líder peemedebista que tentou eleger Gabriel Chalita em São Paulo, mas que foi
derrotado.
"O que a gente
pensa para a aliança PT-PMDB para 2014, o que eu quero, é que o Sérgio Cabral
seja o vice da Dilma. A gente gosta e respeita o vice-presidente Michel Temer,
mas agora é a vez do governador Sérgio Cabral ser o vice", afirmou Paes,
durante a 68ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa.
A declaração de Paes,
antes mesmo do segundo turno, atinge três adversários da base aliada de Dilma
de uma vez: o senador Lindberg Farias (PT-RJ), o grupo de Temer e o PSB do
governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
No Rio, o PT apoiou a
reeleição de Paes já no primeiro turno, mas Lindberg disputa espaço com o PMDB
em várias cidades do interior. O senador quer ser candidato à sucessão de
Cabral, se possível com apoio do próprio PMDB, que já anunciou que pretende
lançar o vice-governador Luiz Fernando Pezão.
O próprio Pezão, em
entrevista ao jornal "Extra", defendeu a candidatura de Cabral a vice
de Dilma. "Nada contra nosso Michel Temer, mas o Rio tem de se
colocar."
A iniciativa do PMDB
do Rio de marcar posição se dá no momento em que as legendas aliadas se agrupam
para disputar o segundo turno e se preparam para a sucessão na Câmara e no
Senado em 2013.
Outro fato novo do
primeiro turno foi o salto do PSB de Eduardo Campos, que venceu o PT em Recife
e Belo Horizonte, o que o coloca como possível parceiro tanto para petistas
como para o PSDB.
Líder do PT na
Câmara, Paulo Teixeira (SP) prega a manutenção da aliança com o PMDB e diz que
a escolha do vice é uma decisão do aliado, mas que prefere a manutenção de
Temer.
O senador Vital do
Rego (PMDB-PB) diz que é cedo para iniciar o debate de 2014. "Definido o
segundo turno, nossa prioridade é discutir [a sucessão no comando] a Câmara e o
Senado", afirma.
Ele diz, porém, que
tem preferência pelo nome de Temer -para ele, mais capaz de manter a unidade do
partido. Cabral chegou a ficar acuado nos últimos meses por causa de sua
amizade com Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, um dos pivôs da CPI
do Cachoeira. Ele foi fotografado ao lado de Cavendish com guardanapos na
cabeça em festa em Paris.
A vitória de Paes com
2,1 milhões de votos, porém, volta a fortalecer Cabral, padrinho político do
prefeito. "Nenhuma candidatura apoiada pela presidente Dilma teve vitória
tão consagradora quanto a nossa", diz Paes.
Partido tenta manter sua força na base
aliada
Ao colocar o governador Sérgio Cabral como possível vice de Dilma Rousseff em 2014, o PMDB move as peças do jogo para ao menos manter a correlação de forças da base aliada após uma eleição que confirmou o protagonismo peemedebista nos municípios, mas também elevou o PSB a partido ascendente no país.
Se o PMDB foi o
partido que mais elegeu prefeitos no primeiro turno -mais de mil-, por outro
lado encolheu 15% em relação à eleição de 2008 e perdeu para o PT a liderança
em número total de votos obtidos.
O PT teve 14% mais
votos para prefeito -taxa de crescimento que ficou atrás do PSB do governador
de Pernambuco, Eduardo Campos. O partido de Campos reuniu 51% mais votos que em
2008 e agora é a quinta legenda em prefeitos eleitos, além de ter levado Belo Horizonte
(MG) e Recife (PE) no primeiro turno.
Se no Rio a dupla
Eduardo Paes-Sérgio Cabral já liquidou a fatura, o vice Michel Temer viu seu
candidato Gabriel Chalita ficar apenas em quarto lugar nas eleições paulistanas
-ainda assim, foi cobiçado pelos petistas no segundo turno.
Com dois quadros na
mesa, Temer e Cabral, e à beira da disputa pelo controle do Congresso, o PMDB
indica que não que planeja entregar a cadeira de vice a outro partido em 2014.
Fonte: Folha de S.
Paulo
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