sexta-feira, 10 de junho de 2016

Jandira recebeu doação também de subsidiárias

• Delator diz ter recebido pedido para intermediar contribuições

- O Globo

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) recebeu R$ 410 mil em doações de duas subsidiárias da construtora Queiroz Galvão, investigada na Lava-Jato, para a campanha eleitoral em 2014. Anteontem, Jandira afirmara ter recebido apenas uma doação da empresa nesta campanha. As informações constam na declaração de Jandira registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foram divulgadas ontem pelo “Jornal Nacional”, da TV Globo.

Jandira foi citada no depoimento do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que fechou acordo de delação premiada da Lava-Jato. Machado disse que a deputada pediu a ele que intermediasse doações da empreiteira para sua campanha, conforme informou o colunista Lauro Jardim.


As declarações ao TSE mostram que, em 2014, Jandira recebeu R$ 300 mil da Energia Verde Produção Rural Ltda e R$ 110 mil da Cia. Siderúrgica Vale do Pindaré. Ambas são subsidiárias da Queiroz Galvão. As duas doações correspondem a mais de um terço de tudo que Jandira arrecadou na campanha, que somam R$ 1.173.855,49. Jandira é pré-candidata do PCdoB à prefeitura do Rio.

Mudança de versão
Na delação, Machado afirmou que conseguiu “uma ajudazinha” da construtora Queiroz Galvão para a deputada, depois que foi procurado por ela.

Na primeira nota, divulgada anteontem, Jandira havia informado que recebeu uma única contribuição de R$ 100 mil da construtora. Na ocasião, ela admitiu que pediu doações ao ex-presidente da Transpetro, na condição de pessoa física, mas negou que tenha pedido a ele que intermediasse negociações de doações com empresas.

Investigadas também doaram
Em nova nota enviada ao “Jornal Nacional”, Jandira mudou de versão. A deputada afirmou que os valores recebidos pelas subsidiárias em 2014 foram via PCdoB. Ela disse ainda que as informações sobre a delação de Sérgio Machado são uma tentativa "de se criminalizar as doações formais e públicas, eliminando as investigações sobre o caixa 2".

— Eu afirmo: nenhum recurso da Queiroz Galvão veio para minha campanha a partir de contatos com Sérgio Machado. E a única contribuição que existe da Queiroz Galvão é em 2014 por contato feito via comitê central do PCdoB e, posteriormente, com a campanha do Rio. Todas as minhas doações são legais, públicas e aprovadas pelos Tribunal Regional Eleitoral e Tribunal Superior Eleitoral — disse Jandira.

A deputada disse ainda que atua em prol da indústria naval, forte no Rio de Janeiro, há 35 anos e esteve com Sérgio Machado diversas vezes para discutir melhorias do setor.

Em 2010, Jandira também recebeu doações de empresas investigadas na Lava-Jato. Foram R$ 120 mil da UTC, R$ 100 mil da Mendes Júnior divididas em duas doações, R$ 30 mil do estaleiro Keppel Fels. A Queiroz Galvão declarou que as doações de 2014 foram legais.

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