Por Beth Koike | Valor Econômico
SÃO PAULO - A capacidade dos partidos políticos de influenciar as pessoas diminuiu muito e cada vez mais a população está usando as mídias sociais e internet para se informar. A opinião é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que classifica o fenômeno como crise da democracia representativa, que ocorre tanto no Brasil como no mundo.
“As eleições existem, mas a capacidade dos partidos de conduzir a opinião das pessoas diminuiu muito. As pessoas formam opiniões por elas mesmas, por intermédio das novas tecnologias, formam tribos, vão para o Twitter, daí há também ‘fake news’ em quantidade. Mas bem ou mal as pessoas usam esses instrumentos para se conectarem”, disse Cardoso, durante abertura do Congresso da Abramge, associação das operadoras de planos de saúde que ocorre em São Paulo, hoje e amanhã.
FHC disse ainda que, atualmente, as classes estão fragmentadas, não são mais institucionalizadas, mas os partidos políticos ainda são institucionalizados. Para exemplificar ele lembrou da recente greve dos caminhoneiros em que não havia um apenas um sindicato representando a categoria e a comunicação era feita pela internet. “No meu governo, também teve greve dos caminhoneiros, mas havia uma entidade representativa”, lembrou para mostrar as diferenças no cenário atual.
Durante seu discurso, FHC também disse ser impossível governar com 27 partidos no Congresso e que o atual modelo está falido. “Os partidos estão se transformando em corporações para ter acesso a fundo público e tempo de televisão e barganhar esse acesso”, afirmou. Ele fez criticas à decisão do Tribunal Superior Eleitoral de não permitir dinheiro privado nas eleições e acredita que com isso os partidos aumentaram seus fundos públicos e “oligarquias dos partidos” vão controlar esse dinheiro. “A renovação na Câmara não vai acontecer ou em pequena escala porque os recursos estão nas mãos de quem manda e quem manda são grupos fechados.”
O ex-presidente finalizou seu discurso para público de cerca de 400 pessoas do setor de saúde pontuando que o Brasil precisa de uma liderança que conduza o país à saída do “pântano” e que essa liderança também se posicione, se exponha, independentemente se vai ganhar ou perder as eleições. “Precisa ser uma liderança com capacidade de fazer e falar”, disse FHC.
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