Às vésperas das eleições, obra traz análises do contexto político contempladas em artigos publicados pelo autor no jornal Estado de S. Paulo
Por Cleomar Rosa
A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) vai lançar, no dia 24 de setembro, o livro Reformismo de Esquerda e Democracia Política (Verbena Editora), do pensador e integrante do conselho consultivo da instituição Luiz Sérgio Henriques. O evento será realizado, a partir das 18h30, no Restaurante La Fiorentina, em Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ).
A obra, que será lançada em um período de intensa turbulência política e polarizações partidárias no país, reúne artigos publicados por Luiz Sérgio, entre 2010 e 2018, no jornal O Estado de S. Paulo. No livro, o autor explica, com detalhes, o panorama da esquerda ocidental e sua relação com a sociedade brasileira.
Considerado um dos pensadores mais refinados do país, o autor aborda o tema fazendo profundas análises do que é a própria esquerda. Além disso, entre outros pontos, ele mostra a relação dela com aspectos de política e cultura, faz uma leitura a partir da perspectiva socialdemocrata e elenca as aproximações entre Itália e Brasil.
A obra também contempla análises de corrupção e instituições, assim como comportamentos de indignação. “Hoje, a indignação dos jovens – e não tão jovens – merece tornar-se força transformadora e capacidade hegemônica, o que só é possível através de uma democracia renovada por atores comprometidos com um explícito regime de liberdades”, diz um trecho.
Ao longo de 303 páginas, o livro apresenta, ainda, análises críticas sobre a inflação brasileira ao longo de 2014, o comunismo e o PT, assim como ponderações sobre o que o autor chama de “déficit da esquerda.”
Outro ponto fundamental é que o livro discute a Lava Jato, partidos e democracia. “Difícil calcular, ainda, o impacto e o alcance de uma operação como a Lava Jato não só sobre usos e costumes como também sobre o sistema partidário, este elemento central da vida democrática”, diz outro trecho.
Em seu livro, Luiz Sérgio também observa que PT e PMDB “não são agremiações irrelevantes.” Na avaliação dele, o PT “corporificou majoritariamente a ‘nova esquerda’ tal como construída no País redemocratizado”, enquanto o PMDB “constituiu o instrumento decisivo para a derrota do regime militar, manteve capilaridade em todo o território, mesmo depois do desaparecimento de suas lideranças históricas e de sua evidente involução programática.”
Em uma das apresentações da obra, o professor titular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Rubem Barboza Filho destaca que Luiz Sérgio é, além de pensador de esquerda, “um dos mais lúcidos e sofisticados intelectuais brasileiros.” Para ele, a relevância do livro se confirma, sobretudo, pelo momento político no Brasil.
De acordo com Rubem, a esquerda tem o seu “movimento pedagógico, dirigente e criativo” a ponto de ser imprescindível para a democracia, com suas regras, alternância de poder e a grande missão de garantir proteção aos mais fracos “perante um capitalismo globalizado e também impiedoso.”
No prefácio, o professor de Teoria Política e coordenador do Núcleo de Estudos e Análises Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Marco Aurélio Nogueira, destaca o “estilo precioso” de Luiz Sérgio. Segundo ele, o texto “elegante e provocativo” ajuda o leitor a pensar sobre a cultura atual “em suas inflexões mais à esquerda ou mais liberais, e sobre a política que se desfaz e se refaz por obra da complexidade e da velocidade.”
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Luiz Sérgio Henriques também é um dos principais tradutores das obras de Antonio Gramsci no país, edita o site Gramsci e o Brasil e a página Esquerda Democrática (que podem ser acessados em www.gramsci.org e https://www.facebook.com/esqdemocratica, respectivamente).
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