domingo, 15 de abril de 2012

De volta ao futuro :: Eliane Cantanhêde

Para os céticos, o saldo visível da ida de Dilma Rousseff aos Estados Unidos limitou-se à certificação da cachaça brasileira e à criação de dois novos consulados em solo pátrio. Cá pra nós, muito pouco. Para isso, bastaria um encontro dos embaixadores ali na esquina.

Como dito aqui, porém, a importância da visita a Washington está menos no que foi dito e mais no que não foi dito, ou melhor, está no que foi dito diretamente entre Dilma e Barack Obama. E nas possibilidades abertas na economia, no intercâmbio, na cooperação, sobretudo nas áreas de energia e defesa.

Os temas mais espinhosos da política internacional foram claramente discutidos, mas deixados para Hillary Clinton e Antônio Patriota destrincharem em Brasília amanhã, alheios ao clima de CPI do Cachoeira e de guerra política interna.

Aos dois cabe ajustar um pouco mais as visões desfocadas sobre o Irã. Brasil e Turquia mediaram o fracassado acordo com o Irã, mas um foi excluído e se autoexcluiu da nova rodada, ontem, em Istambul, enquanto o outro é o anfitrião. Não será surpresa de Hillary e Patriota recolocarem o Brasil em algum lugar dessa história.

Já quanto a Síria, não tem muito jeito. Não tem lente que dê jeito, pois os dois países acham a situação grave, mas os Estados Unidos insistem em derrubar Al Assad, e o Brasil não quer saber de "interferência em assuntos internos".

No dia 24, chega o secretário de Defesa, Leon Panetta, para mergulhar nesse oceano de oportunidades do emergente Brasil, com renovação de caças, submarinos, navios e todo um sistema bilionário de vigilância de fronteiras terrestres e marítimas.

Dilma apoiou a reeleição de Obama não por ato falho, mas ostensivamente. E por um motivo cristalino: os dois países e seus atuais presidentes têm interesses crescentes e muito trabalho conjunto pela frente. Apesar das divergências.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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