Em encontro tucano em Natal, presidenciáveis se dizem """muito afinados"" e afirmam que pressa é do governo Lula
Os dois pré-candidatos do PSDB à Presidência da República, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, montaram uma ofensiva conjunta para resistir à pressão da cúpula do partido para antecipar a definição de quem disputará o comando do Planalto em 2010.
O PSDB tem pressa de apresentar seu presidenciável ao eleitor e pressiona Serra para assumir logo que postula a cadeira do presidente Lula em 2010. Para driblar dirigentes nacionais e estaduais que querem forçar uma definição em outubro, Serra e Aécio decidiram reagir e fincar pé no cronograma inicial.
Cada um movido por suas próprias conveniências políticas, ambos trabalham para que a escolha se dê apenas em dezembro. "Tenho conversado muito com o Serra. Temos uma estratégia comum e estamos muito afinados", afirmou Aécio, destacando que os dois se falam "várias vezes por semana por telefone".
Ontem, eles foram as estrelas do quarto encontro nacional do PSDB, que levou tucanos de todos os Estados a Natal (RN) para discutir as propostas de educação e inclusão social que serão levadas aos palanques de todo o País no ano que vem.
"A angústia de escolher um candidato é muito mais do Palácio do Planalto do que dos Bandeirantes e do Palácio da Liberdade", discursou Aécio. "Quem tem pressa é o governo, nós, da oposição, não temos", concordou Serra.
A direção partidária já identificou a resistência da dupla, mas não se dá por vencida. Com o apoio velado de paulistas e mineiros, alguns dirigentes insistem na tese de antecipar a apresentação do candidato e apostam que será possível lançar em novembro, no máximo, o nome do pré-candidato para 2010.
Nenhum dos dois quis assumir a candidatura, mas ambos se comportaram como candidatos em campanha ontem. Serra lembrou que não estarão em jogo no pleito de 2010 "as administrações atual e passada".
"O candidato a presidente no próximo ano não será Fernando Henrique Cardoso nem Lula. O candidato tem de ser eleito pelo que fez, pelo que faz e pelo que pretende fazer no País. O que estará em disputa é o futuro, é o que o Brasil precisa ser mais adiante e não ser vítima de uma irresponsabilidade do presente", frisou Serra.
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Além de reafirmarem que estarão juntos, quem quer que seja o escolhido, Serra e Aécio procuraram ainda exibir a unidade não só no seminário como no restaurante regional em que o tucanato se reuniu para almoço. Os dois desfilaram pelas mesas lotadas e Serra fez questão de se mostrar simpático. Posou ao lado da mesa em que estavam cinco jovens potiguares e se ofereceu para se deixar fotografar.
Por fim, sugeriu que, se sobrasse "algum votinho", poderiam dá-lo a Aécio, que sorria seu lado: "Isto Serra. Peça voto para mim." Em sua passagem por Natal, Serra era só bom humor.
Em defesa da tese de deixar a escolha do candidato tucano para dezembro, lembrou que a tarefa de ambos é governar Minas e São Paulo, que reúnem um terço da população brasileira e representam 43% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. "Não se governa fazendo campanha", insistiu Serra. E disse que ele e Aécio fazem política, mas sem pressa.
O mineiro ponderou que, diferentemente das queixas de alguns, nenhuma negociação de aliança nos Estados está parada. "Há uma convergência absoluta entre nós. Não existe Estado brasileiro em que eu defenda que a aliança deva ser para um lado e Serra, para outro", afirmou, na tentativa de mostrar que a formação dos palanques estaduais tem avançado sem problemas.
Colaborou Anna Ruth, especial para O Estado
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