• Há a dúvida se Eduardo Cunha vai se enfraquecer ou continuará buscando o confronto
Denunciado o presidente da Câmara ao Supremo Tribunal Federal por corrupção e lavagem de dinheiro, a questão óbvia que se impõe diz respeito às consequências políticas para Eduardo Cunha: vai se enfraquecer ou dobrará a aposta e pagar para ver?
Um importante líder governista no Congresso fica com a segunda hipótese. Nessa interpretação, Cunha usará com toda a contundência os instrumentos inerentes à natureza do cargo, como o controle da pauta de votações, das CPIs e a influência sobre boa parte do colegiado - no STF há 166 deputados investigados e 36 réus.
No raciocínio do líder, o governo não tem motivo para comemorações. "A temperatura vai subir nos próximos dias", avalia. Quanto à possibilidade de o presidente da Câmara vir a se isolar por força de questionamentos internos de peso, é preciso levar em conta o fato de que as denúncias da Procuradoria-Geral da República no tocante aos políticos estão só começando.
A depender de quantos e de quais parlamentares vierem a ser denunciados, haverá socialização do prejuízo. Os danos ao presidente ficariam, então, diluídos. Caso Cunha e Fernando Collor fossem hipoteticamente os únicos denunciados, isso reforçaria a tese da "conspiração" defendida pelo presidente da Câmara, que se agarraria ao argumento da perseguição política urdida pelo Palácio do Planalto em conluio com o procurador-geral, Rodrigo Janot.
Ideia esta alimentada pela mudança de posição do presidente do Senado, Renan Calheiros - também investigado na Operação Lava Jato - em relação ao governo e ao próprio Janot. Teria ocorrido, segundo versões correntes, um acordo cujos termos incluiriam a exclusão de Calheiros da denúncia em troca da aprovação da recondução do procurador no plenário do Senado.
Teoricamente pode até fazer algum sentido. Na prática, porém, a história não se sustenta. Primeiro porque Rodrigo Janot só poderia "livrar" o presidente do Senado mediante argumentação consistente ou apresentação de denúncia inepta, feita para ser recusada.
Em segundo lugar, porque o procurador não depende de qualquer tipo de acordo para ser reconduzido pela Presidência da República e aprovado pelo Senado na sabatina marcada para a próxima semana. As circunstâncias da Lava Jato por si garantiram a indicação e asseguram a aprovação. Quem se colocasse contra Rodrigo Janot nessa altura dos acontecimentos estaria se comportando como suspeito de prejudicar o bom andamento do processo.
Por essa e outras é que a expectativa em relação à sabatina no Senado não aponta para problemas maiores. A contestação agressiva virá de Fernando Collor, cujas credenciais de credibilidade estão descritas em sua biografia e folha corrida.
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