• Taxa de desocupação no grupo de 18 a 24 anos foi a mais alta: 18,5%
Marcello Corrêa, Lucas Moretzsohn e Douglas Mota - O Globo
Após adiarem o início da vida profissional no ano passado, ajudando a manter a taxa de desemprego no país baixa, os jovens voltaram a pressionar o mercado de trabalho. Segundo o IBGE, o número de pessoas entre 18 e 24 anos fora da força de trabalho (que não estão empregados, nem procuram vagas) recuou 4,4% em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. É a maior queda entre todas as faixas etárias. Ou seja, o grupo puxou a busca por emprego observado desde o início do ano. Em 2014, o movimento era inverso: a quantidade de jovens que optava por não trabalhar cresceu 10,8% em julho do ano passado, na comparação com igual mês do ano anterior.
Ao voltarem a bater na porta das empresas, os jovens também engrossam o contingente de desempregados, no momento em que o mercado de trabalho vive umas das piores crises dos últimos anos: são sete meses seguidos de alta na taxa e uma variação (para mais ) de 3,2 pontos percentuais entre janeiro e julho. Na crise de 2009, por exemplo, essa diferença foi de apenas 1,2 ponto percentual.
Em julho, o desemprego no grupo entre 18 a 24 anos foi o maior entre as faixas etárias pesquisadas pelo IBGE, chegando a 18,5% — um salto de 5,6 pontos percentuais, na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando era de 12,9%.
João Saboia, professor do Instituto de Economia da UFRJ, vê clara relação entre a queda da inatividade e o desemprego.
— Tem uma relação direta. Se os jovens estão menos inativos, quer dizer que ele foi pra PEA (população economicamente ativa). Obviamente, boa parte ficou desempregada.
A mesma tendência de retorno à busca de um emprego também é observada entre trabalhadores de 25 a 49 anos — mas em menor intensidade. Em julho de 2014, o número de inativos nessa faixa etária havia crescido 3,3%, sobre julho de 2013. Já no mês passado, o grupo caiu 1,3%.
Também há desaceleração dos idosos fora do mercado. No grupo de 50 anos ou mais — onde inatividade já tende a crescer por causa da aposentadoria — a alta foi de 5,7% em julho deste ano, contra 9,2% em 2014.
— Muitos alegavam que a população não economicamente ativa estava crescendo, porque as pessoas estavam se retirando para estudar. Isso mudou — explica Adriana Beringuy, do IBGE .
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