Relatora do novo Código Eleitoral, deputada
Margarete Coelho (PP-PI) diz que mudanças trarão mais segurança para o processo
eleitoral
Rayanderson Guerra / O Globo
RIO — O novo Código Eleitoral em discussão
na Câmara pretende proibir a divulgação de pesquisas eleitorais no dia e na
véspera das eleições sob a justificativa de evitar que o eleitor seja induzido
por cenários que, por vezes, conflitam com os resultados das urnas. A relatora,
deputada federal Margarete Coelho (PP-PI), sugere ainda a criação de um
“percentual de acerto” dos institutos nas últimas eleições, que deverá ser
divulgado junto às pesquisas.
As propostas são bem aceitas entre os
deputados que discutem o tema e pelo próprio presidente da Câmara, deputado
Arthur Lira (PP-AL), que pode colocar o tema em votação nos próximas dias.
Apesar das mudanças atenderem aos interesses dos parlamentares, as alterações
são criticadas por especialistas em pesquisas eleitorais, que veem uma forma de
censura de informações aos eleitores.
De acordo com o texto em discussão, as pesquisas eleitorais não poderão ser divulgadas no sábado (véspera da eleição) e no dia do pleito. Os levantamentos, que apresentam um retrato da disputa no momento em que os dados foram coletados, só poderão ser divulgadas até a sexta-feira anterior à eleição. Pesquisas realizadas no dia do pleito só poderão ser divulgadas após o fechamentos das urnas.
A CEO do Ipec, Márcia Cavallari, é crítica
às mudanças propostas no novo Código. Segundo ela, o "eleitor tem o
direito de ter acesso à informação".
— O eleitor tem o direito de ter acesso à
informação e usá-la da forma que achar mais conveniente. Isso faz parte da
democracia. Com a internet não faz sentido nenhum tipo de proibição, ela
abriria espaço para circulação de fake News. Atende a interesses políticos, mas
não os da população — afirma Márcia.
O Ipec foi fundado neste ano por
ex-executivos do Ibope Inteligência, que encerrou as atividades.
Percentual de acerto
Para a divulgação das pesquisas, os
institutos deverão divulgar ainda o percentual de acerto de suas pesquisas nas
cinco eleições anteriores. Entidade ou empresas que não tenham realizado
levantamentos eleitorais em todos os cinco pleitos passados, poderão divulgar o
percentual correspondente às eleições em que tenha prestado serviços.
A deputada federal Margarete Coelho
(PP-PI), relatora do novo código eleitoral, defende as mudanças propostas e diz
que o texto busca "trazer segurança ao processo eleitoral", sem
interferências.
— Ha uma resistência enorme na Câmara em
relação as pesquisas eleitorais. Os projetos de vedação das pesquisa são
inúmeros. O que estamos tentando é propor regras que façam com que os
resultados apresentados pelos institutos não sejam tão discrepantes. O objetivo
é trazer segurança ao processo eleitoral para todos — justifica. Procuramos
regras mais claras. Criamos esse tipo de regra para não aumentar a margem de
erro. As pesquisas ficariam inviáveis. Ouvindo os especialistas para criar —
explica a deputada.
Para valer na eleição do ano que vem, as mudanças têm que ser aprovadas pela Câmara e pelo Senado e sancionadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) até o início de outubro .
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