O Estado de S. Paulo
Líder russo procura elevar sensação de insegurança dos europeus para inibir ajuda a Kiev
A guerra híbrida da Rússia contra a Otan
entrou em novo capítulo, com invasões do espaço aéreo europeu e voos de
reconhecimento sobre bases militares e outras instalações estratégicas. Com
essas ações, Vladimir Putin procura elevar a sensação de insegurança dos
europeus para inibir a ajuda à Ucrânia.
Drones voaram em formação para tomar medidas
sobre um estaleiro da Thyssenkrupp que fabrica embarcações militares na cidade
alemã de Kiel. Episódios semelhantes ocorreram sobre uma base da Alemanha em
Sanitz e o Comando da Marinha alemã em Rostock.
Os equipamentos não tripulados sobrevoaram também uma usina termoelétrica em Kiel, o Canal Marítimo do Norte do Báltico, uma via de navegação crítica para a Europa, um hospital universitário, a refinaria de Heide, que fornece querosene de aviação para o aeroporto de Hamburgo, e o Parlamento estadual de Schleswig-Holstein.
O Estado do norte da Alemanha faz divisa com
a Dinamarca, que também tem registrado sobrevoos em sua infraestrutura crítica.
Copenhague foi sede na quarta-feira de uma cúpula europeia para mobilizar ajuda
para a Ucrânia. Noruega, Polônia, Romênia e Lituânia também foram invadidas por
drones. Caças holandeses e poloneses interceptaram os drones na Polônia, com
ajuda de um avião de reconhecimento Awacs italiano, no primeiro confronto
direto entre a Otan e a Rússia. Três caças russos com os transponders
desligados permaneceram por 12 minutos no espaço aéreo da Eslovênia. Aviões da
Otan se aproximaram e eles se retiraram.
O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski,
disse que a Rússia está usando sua “frota sombra” no Mar Báltico para lançar e
controlar os drones nesses países. Essa frota é composta por cargueiros usados
para driblar as sanções contra a importação do petróleo russo.
O ministro dinamarquês da Defesa, Troels Lund
Poulsen, classificou os incidentes de “ataque híbrido” e disse que a Dinamarca
considera acionar o Artigo 4 da Otan. A Polônia já acionou o artigo, que leva a
consultas sobre se a soberania de um membro está sob ameaça.
A aliança declarou que “a Rússia não deveria
ter dúvidas de que a Otan e aliados empregarão todos os meios militares e não
militares para se defender”.
Como argumentei na coluna do dia 14, Putin
não tem condições de entrar em confronto direto com a Otan. Seu objetivo é
provocar na opinião pública europeia a sensação de que seus governos devem
guardar as armas para se defender da Rússia em vez de enviá-las para a Ucrânia.
Drones são uma forma barata e eficaz de atingir esse objetivo.
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