Por Victoria Neto / Valor Econômico
Em comum, destacaram que o processo eleitoral
ainda está em construção e que as definições devem amadurecer nos próximos
meses
Rio - O anúncio de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de que ele foi indicado pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, para disputar a Presidência da República dividiu reações entre governadores do Sul e Sudeste. Enquanto os filiados ao PL declararam apoio imediato à decisão, outros afirmaram respeitar a escolha, mas defenderam que seus partidos devem manter projetos próprios – caso de Ratinho Júnior e Eduardo Leite (ambos do PSD) e Romeu Zema (Novo). Em comum, destacaram que o processo eleitoral ainda está em construção e que as definições devem amadurecer nos próximos meses.
As declarações foram dadas em coletiva neste sábado (6), no encerramento da 14ª edição do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), no Rio. O evento foi realizado na capital fluminense desde quinta-feira (4), sob a presidência do governador do Estado, Cláudio Castro (PL).
Castro afirmou que a indicação de Flávio
Bolsonaro foi recebida com naturalidade e alinhamento. “Ele é do meu partido,
meu amigo, senador pelo Rio de Janeiro, e a gente fica feliz do PL ter tomado
um direcionamento. Agora é continuar e dar todo o apoio necessário para que a
gente possa chegar forte nas eleições”, declarou a jornalistas.
O governador também disse que a movimentação
não altera seus próprios planos de concorrer para o Senado pelo Estado: “A
decisão do Flávio não mexe em nada na minha”, disse. Segundo ele, a escolha dos
candidatos depende do contexto político: “Se meu grupo político entender que
posso colaborar, pode ser que eu venha”.
Também no encerramento do evento, o
governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), reforçou sua fidelidade ao
ex-presidente. “Sou do PL e sempre disse que o meu candidato seria o Jair
Bolsonaro. Se não fosse ele, seria o que ele indicasse. Ele indicou o Flávio,
então o Flávio é o meu candidato à Presidência da República”, disse.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema
(Novo), destacou que sua pré-candidatura segue mantida e que a fragmentação da
direita é, na verdade, benéfica para o processo democrático. “Quando me lancei,
estive com o presidente Bolsonaro, comunicando, e nós temos a visão de que
quanto mais candidatos à direita tiver, melhor. Prova que a direita e a
centro-direita têm muitos talentos. Num regime democrático, todos podem vir com
as suas propostas e candidaturas, que só tende a melhorar o debate.”
Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo
Leite (PSD), manteve a defesa da moderação e de um caminho alternativo.
“Continuo defendendo o que sempre defendi, que é a despolarização ou a
desradicalização existente no Brasil. A definição que o ex-presidente Bolsonaro
tenha sobre aquele que ele deverá apoiar não interfere na minha percepção,
continua sendo a mesma em relação ao que o país precisa construir para o
futuro.
Quanto à possibilidade de ele próprio ser
candidato, Leite reiterou que a disputa presidencial deve priorizar projetos
nacionais e que, no momento certo, o PSD tomará uma decisão e que o nome do
governador do Paraná, Ratinho Júnior, também tem força.
“Presidência da República não é para atender
a uma aspiração pessoal, mas para construir um projeto de país. Quando me
movimentei para o PSD, o partido onde está o governador Ratinho, que é um
grande nome também e faz um belo governo no Paraná, foi um claro recado de que
eu não estou na política para ser, mas para fazer algo em conjunto”, disse
Leite.
Na avaliação de Ratinho, o início das
movimentações eleitorais é positivo. “Os partidos começam a se posicionar e
isso é bom para a democracia”, disse. Para ele, a definição do PL é parte
natural desse processo, enquanto o PSD “tem buscado construir uma candidatura
nacional”.
Ratinho disse que, assim como Leite, é cotado internamente, mas minimizou: “Meu nome é uma possibilidade, mas neste momento meu compromisso é com o Paraná”. O governador também reforçou o discurso de renovação: “Sou de uma nova geração da política, o PSD quer ser protagonista”.

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