BRASÍLIA - Um dos inúmeros efeitos colaterais da alta popularidade de Lula é a sem-cerimônia do presidente para reabilitar políticos antes relegados ao degredo. A lista é longa.
Incluiu recentemente Fernando Collor e José Sarney. Agora, com a necessidade de ampliar a aliança pró-Dilma Rousseff, o PT mergulhará mais fundo.
Nesta semana, PMDB e PDT foram cortejados pelo PT e por Dilma. Na terça-feira, será a vez do curioso PR (Partido da República) oferecer jantar à pré-candidata petista ao Palácio do Planalto.
O PR é fruto da união do antigo PL com o Prona. O atual donatário da legenda é Valdemar Costa Neto, deputado federal por São Paulo. Ele renunciou ao mandato para não ser cassado em 2005, na esteira do escândalo do mensalão. Se renunciou, alguma consciência pesada deveria ter. Mas, como dinheiro não era problema, disputou novo mandato em 2006 e conseguiu retornar ao Congresso.
O PR é um legítimo representante da baixa política. Elegeu 25 deputados em 2006. Ontem, o placar das bancadas da Câmara apontava a legenda de Valdemar com 45 representantes. Um crescimento de 80%. Posto de outra forma, 80% de discrepância do desejo expresso pelos eleitores nas urnas.
Valdemar deve estar presente ao jantar para Dilma na terça-feira.
Em tempos de celulares multifuncionais, fotos serão inevitáveis. O registro de imagem é o menor problema. A popularidade alta do governo Lula assemelha-se ao antigo escudo invisível de uma marca de pasta de dente. Nada parece atingir ou incomodar os lulistas.
Por ironia, foi Valdemar um dos arquitetos em 2002 da formação da chapa Lula-José Alencar.
Muitos se esquecem, mas o PT venceu aliado ao PL. Agora, de novo, os petistas e Dilma descerão às profundezas da política para buscar a vitória. O caminho eles já conhecem bem.
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