sábado, 10 de outubro de 2009

Presidenciável favorito prega união nacional

Ana Flor
Enviada Especial a Tegucigalpa
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

São grandes as chances de que a tarefa de reconquistar o respeito internacional de Honduras fique nas mãos do próximo presidente eleito. Mesmo assim, Porfirio Lobo Sosa, o Pepe, grande favorito para as eleições de 29 de novembro, não perde o bom humor -nem o apetite.

Sentado à mesa de café da manhã em uma agradável varanda do casarão situado nos arredores da capital Tegucigalpa, o líder do Partido Nacional (direita) conversa animadamente sobre o futuro do país enquanto come feijões, bacon e salsichas de Olancho, sua terra natal. Há figuras de santos e anjos por todas as partes.

"Não há outra luta que não a busca da unidade nacional", afirma o empresário, representante da terceira geração de produtores rurais.

Pepe é o maior interessado em uma solução rápida e pacífica para a crise política e institucional do país.

Ele sabe como pode ser difícil normalizar as relações hondurenhas e os investimentos estrangeiros caso não haja reconhecimento das eleições -como ameaçado por lideranças internacionais para um pleito realizado sob o governo interino responsável pelo golpe.

Nas últimas semanas, tem mantido reuniões com empresários, políticos, a igreja, diplomatas e missões internacionais. A todos, pede apoio para que as eleições sejam justas e tranquilas.

"Que mandem todos os observadores do mundo", solicita.

Sobre a volta ou não de Zelaya, Pepe evita opinar. Diz que sofre pressões diárias para escolher um lado, mas não o fará "nem que o massacrem". Segundo ele, Zelaya enfrentou empresários, juízes, igrejas. "Você não tem ideia de como sofremos com Mel [apelido do presidente deposto]", diz ele, para logo em seguida censurar a forma como Zelaya foi expulso do país. "Creia em mim. Aqui, todos pecamos."

A única proposta que ataca, deixando de lado a diplomacia, é o adiamento das eleições.

"Isso não é decisão de governo. O processo cabe a um tribunal eleitoral independente", diz.

Ao ser indagado a respeito do projeto de governo, Pepe afirma que terá de ser um plano de unidade nacional. Como boa parte da elite do país, Pepe se graduou nos EUA. Agora, promete investir em educação. "Quatro em cada cinco famílias rurais não têm nada."

Em seguida, fala que quer mexer nas isenções fiscais. Segundo ele, Honduras é o país da América Central com maior índice de isenção a empresários. "A festa vai acabar", promete ele.

Falando novamente sobre a crise, Pepe diz que o que importa é que em três meses tanto Micheletti quanto Zelaya serão passado. "É um problema sem futuro."

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