O grau de aparelhamento do Estado na Era Lula por grupos sindicais, pela companheirada em geral e por organizações ditas sociais não é medido pelo simples - embora preocupante - inchaço da máquina burocrática. É negativo o fato de os cargos de confiança nos últimos sete anos e dez meses terem passado de aproximadamente 18 mil para mais de 20 mil postos, preenchidos sem necessidade de concurso público, exigência de aptidão profissional e outros requisitos normais nas atividades privadas.
Piores, porém, são as distorções observadas na atuação do Estado em decorrência deste aparelhamento. Por exemplo, no suporte a atividades ilegais de organizações políticas companheiras (MST), no não cumprimento de determinações judiciais por injunções partidárias - caso da desocupação de parte do Jardim Botânico, impedida pelo PT fluminense -, e assim por diante. Há incontáveis exemplos de degradação do Estado causada por esta intoxicação político-partidária de instrumentos que deveriam agir balizados pela Constituição, pelo verdadeiro interesse público, mas que passaram a se subordinar aos poderosos de turno. O ministro da Justiça da primeira fase da Era Lula, Márcio Thomaz Bastos, colocou em circulação o adjetivo "republicano", quando tratou de defender a atuação da Polícia Federal, subordinada à sua Pasta, na investigação do escândalo do mensalão, denunciado em 2005.
Uma PF "republicana" não se submeteria a pressões de governo. Reconheça-se que a Federal costuma desagradar a poderosos de ocasião. E nem é mesmo seu papel agradar a eles. Nem assim devemos considerá-la imune à forte onda de partidarização do Estado, talvez nunca antes observada neste país. A investigação meia-sola empreendida pela PF para supostamente elucidar o roubo de dados de declarações do imposto de renda de tucanos ilustres é grave evidência de que até mesmo a PF deixou de ser "republicana". Toda a história de vazamento de dados privados de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB; da filha do candidato José Serra, Verônica; e do marido dela, bem como de Luiz Carlos Mendonça de Barros, ministro de FH, tem um desfecho que parece feito sob encomenda para o PT e sua candidata.
A PF prestou grande serviço ao partido, e não à nação, ao validar, sem qualquer crítica, o depoimento do jornalista Amaury Ribeiro Jr. de que começara a levantar os dados quando trabalhava no jornal "Estado de Minas", para "proteger" o então aspirante a candidato a presidente Aécio Neves, nos embates deste com o tucanato paulista (Serra). Em vez de deixar sem investigação as duas pontas políticas desse caso - o lado mineiro e o surgimento no comitê de Dilma Rousseff dos dados surrupiados num esquema de corrupção rasteira existente na Receita - , a PF deveria, ao contrário, ir fundo nestas frentes. Como o jornal mineiro teria deslocado um repórter para montar um dossiê preventivo a fim de Aécio se defender de Serra? Como essas informações foram parar no comitê de Dilma - segundo reportagem da "Folha" -, para o qual o repórter passara a trabalhar? Estas perguntas se juntarão a uma de 2006, também não respondida: qual a origem das cédulas arrecadadas pelos aloprados do PT para comprar um dossiê também contra Serra? Polícia não existe para deixar perguntas sem respostas. Quando isso acontece com frequência, algo vai mal. E o adjetivo "republicano" foi revogado há tempos.
Piores, porém, são as distorções observadas na atuação do Estado em decorrência deste aparelhamento. Por exemplo, no suporte a atividades ilegais de organizações políticas companheiras (MST), no não cumprimento de determinações judiciais por injunções partidárias - caso da desocupação de parte do Jardim Botânico, impedida pelo PT fluminense -, e assim por diante. Há incontáveis exemplos de degradação do Estado causada por esta intoxicação político-partidária de instrumentos que deveriam agir balizados pela Constituição, pelo verdadeiro interesse público, mas que passaram a se subordinar aos poderosos de turno. O ministro da Justiça da primeira fase da Era Lula, Márcio Thomaz Bastos, colocou em circulação o adjetivo "republicano", quando tratou de defender a atuação da Polícia Federal, subordinada à sua Pasta, na investigação do escândalo do mensalão, denunciado em 2005.
Uma PF "republicana" não se submeteria a pressões de governo. Reconheça-se que a Federal costuma desagradar a poderosos de ocasião. E nem é mesmo seu papel agradar a eles. Nem assim devemos considerá-la imune à forte onda de partidarização do Estado, talvez nunca antes observada neste país. A investigação meia-sola empreendida pela PF para supostamente elucidar o roubo de dados de declarações do imposto de renda de tucanos ilustres é grave evidência de que até mesmo a PF deixou de ser "republicana". Toda a história de vazamento de dados privados de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB; da filha do candidato José Serra, Verônica; e do marido dela, bem como de Luiz Carlos Mendonça de Barros, ministro de FH, tem um desfecho que parece feito sob encomenda para o PT e sua candidata.
A PF prestou grande serviço ao partido, e não à nação, ao validar, sem qualquer crítica, o depoimento do jornalista Amaury Ribeiro Jr. de que começara a levantar os dados quando trabalhava no jornal "Estado de Minas", para "proteger" o então aspirante a candidato a presidente Aécio Neves, nos embates deste com o tucanato paulista (Serra). Em vez de deixar sem investigação as duas pontas políticas desse caso - o lado mineiro e o surgimento no comitê de Dilma Rousseff dos dados surrupiados num esquema de corrupção rasteira existente na Receita - , a PF deveria, ao contrário, ir fundo nestas frentes. Como o jornal mineiro teria deslocado um repórter para montar um dossiê preventivo a fim de Aécio se defender de Serra? Como essas informações foram parar no comitê de Dilma - segundo reportagem da "Folha" -, para o qual o repórter passara a trabalhar? Estas perguntas se juntarão a uma de 2006, também não respondida: qual a origem das cédulas arrecadadas pelos aloprados do PT para comprar um dossiê também contra Serra? Polícia não existe para deixar perguntas sem respostas. Quando isso acontece com frequência, algo vai mal. E o adjetivo "republicano" foi revogado há tempos.
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