“Na cessação do mandato que engendra o ex-presidente, o único que lhe resta é a memória do povo. Mas nem todos se tornam memoráveis. De todos os homens que passaram pela Presidência da República apenas três receberam o galardão, por diferentes motivos e de diferentes modos. Getúlio, JK e FHC. A memória de Getúlio é imperecível, gravada numa definição do tempo histórico: o “tempo de Getúlio”; JK, porque se confunde com sua obra, especialmente Brasília; e Fernando Henrique descobre seus méritos de governante nos aplausos espontâneos que recebe nos lugares a que vai e por onde passa.
Algo parecido deve acontecer com Lula. A multidão que foi à Praça dos Três Poderes para a posse foi para aplaudi-lo e não para aplaudir Dilma. Foi para resgatar Lula do poder que o fizera refém, trazê-lo de volta para o povo. Depoimentos e manifestações de populares mostram isso claramente: o boteco, o grupo de futebol, os restaurantes de comida gordurosa, tudo afetuosamente a sua espera. Lugares e pessoas que não mudaram à espera do homem que já não pode ser o mesmo.”
MARTINS, José de Souza. Rei morto, rei posto, O Estado de S. Paulo/Aliás, 9/1/2011
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