O vice-presidente Michel Temer reconheceu em entrevista à Folha que teve atritos com o ministro Antonio Palocci(Casa Civil), mas nega ter dito palavrões. O atrito ocorreu por conta das ameaças de Palocci de tirar um ministério do PMDB. A paz será selada em uma foto "sorridente" como o ministro e a presidente Dilma Rousseff.
Temer afirma que elevou o tom de voz com Palocci
A mando de Dilma, chefe da Casa Civil teria ameaçado demitir ministros do PMDB se partido contrariasse governo em votação
Em telefonema para Temer, Dilma reclamou sobre a divulgação do confronto e disse que a "história é muito ruim"
Eliane Cantanhêde e Catia Seabra
BRASÍLIA - Ao confirmar que teve uma áspera discussão com o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) na semana passada, o vice-presidente Michel Temer disse ontem, depois de telefonar à presidente Dilma Rousseff, que "a situação agora é tranquilíssima".
Temer contou que acertou três encontros com Dilma para esta semana: amanhã de manhã, na Base Aérea, "para tirar uma foto sorridente", uma conversa na terça-feira, de preferência a sós, e um almoço no Alvorada na quarta com senadores do PMDB, incluindo os considerados "rebeldes", que costumam votar contra o governo.
O motivo da tensão foi o que Temer chamou de "ameaça velada" feita por Palocci, em nome de Dilma.
Na semana passada, ele teria ligado ao vice-presidente dizendo que demitiria ministros do PMDB em caso de derrota -que de fato ocorreu- do governo na votação do Código Florestal na Câmara.
Temer negou ter falado palavrões, mas contou que na conversa com Palocci o clima esquentou: "A conversa foi tensa, admito que subi o tom, falei alto mesmo, mas quem me conhece sabe que não sou de falar palavrões".
No telefonema de ontem para Temer, Dilma reclamou sobre a divulgação do confronto e disse que "essa história toda é muito ruim e precisa acabar logo com isso".
Temer respondeu que está disposto a "ajustar os ponteiros" e que tem conversado bastante com Palocci. Para ele, o episódio chegou à imprensa superdimensionado: "há muita intriga de ambos os lados [PT e PMDB]".
FRAGILIDADE
O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reconheceu a gravidade da crise com o PMDB.
A desavença ocorre num momento de fragilidade do governo. Palocci está sob investigação do Ministério Público depois que a Folha revelou que ele multiplicou seu patrimônio por 20 de 2006 a 2010. O ministro, que atuou como consultor de empresas, não detalhou como agia.
A expectativa de Carvalho é que ele se manifeste publicamente nesta semana. "O pior que pode acontecer agora é o governo parar."
O esforço a partir de agora é de pacificação para a votação do Código Florestal e para evitar a instalação de uma CPI no Senado para apurar o crescimento do patrimônio de Palocci. A dissidência do PMDB pode ser decisiva.
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