Dilma está sendo elogiada por agir rapidamente para tirar Alfredo Nascimento dos Transportes, mas pode passar a ser criticada por trocar seis por meia dúzia.
Vai-se Nascimento, fica o PR com um orçamento de R$ 16 bilhões nas mãos. E o PR a gente sabe como é...
Assim, a presidente continua refém de um partido que tem mais de 45 votos no Congresso e representa sério risco de novos escândalos envolvendo propinas, superfaturamentos e dinheiro público indo parar em empresas familiares.
Ou seja: se errar a mão, Dilma transforma uma vitória numa derrota, não resolve o problema original e, de quebra, ganha um novo: a guerra entre PR e PT que, inevitavelmente, vai atingir o seu governo.
Isso só comprova que ter uma base de sustentação tão grande e tão heterogênea é uma faca de dois gumes. Pode atrapalhar mais do que ajudar. À primeira vista, significa tranquilidade e projetos aprovados no Congresso. Na rotina, costuma ter um bom potencial de crises.
Dilma já tem um PMDB pronto para dar o bote, um PT se digladiando por nacos de poder e pela simpatia do Planalto e um novo partido, o PSD de Gilberto Kassab, que pode ser e fazer qualquer coisa. Só faltava a ela um PR apontando as armas. Não falta mais.
É assim que Dilma vai sobrepondo a imagem de frágil e insegura à de durona e firme. Foi, voltou e, em alguns casos, foi de novo na reforma tributária, no kit anti-homofobia, no sigilo eterno de documentos, no regime especial das obras da Copa, na liberação das verbas parlamentares. Tirar Nascimento e botar Blairo Maggi no lugar é só mais um exemplo de recuo.
E o mais curioso foi a forma. O combinado foi o PR indicar o sucessor, mas sem a participação explícita de Nascimento e do incrível Valdemar Costa Neto. Mas todo mundo sabe que o trio Nascimento-Maggi-Costa Neto continua onde sempre esteve nos últimos anos. Tudo mudou, mas nada mudou.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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