- Folha de S. Paulo
A "pátria educadora" assistiu ontem a uma cena inédita. Sem se levantar da cadeira de presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha anunciou ao país a queda do ministro da Educação.
"Comunico à Casa o comunicado que recebi do chefe da Casa Civil comunicando a demissão do ministro da Educação, Cid Gomes", afirmou, em sessão transmitida ao vivo na TV.
Foi a segunda cabeça entregue ao peemedebista em um mês e meio. É um desempenho notável para um desafeto da presidente da República que responde a inquérito por suspeita de receber propina do petrolão.
Pouco depois de tomar posse, Cunha exigiu a troca do então líder do governo na Câmara, Henrique Fontana. O petista havia feito campanha para um aliado que o enfrentou na disputa pela presidência da Casa.
"Não participaremos de nenhuma discussão sobre matérias do governo em que ele seja o interlocutor", afirmou o peemedebista. Alguns dias depois, Fontana estava na rua.
O filme se repetiu ontem. Escalado por Cunha para substituí-lo na liderança do PMDB, o deputado Leonardo Picciani imitou suas palavras ao cobrar a demissão do ministro. "Não participaremos de nenhuma reunião com ele", declarou.
Em poucos minutos, o Planalto confirmou que o presidente da Câmara havia feito mais uma vítima.
Cid não entrou na mira de Cunha por dizer que "300 ou 400 achacadores" usam broche de deputado. Caiu porque articulava, com aval do governo, a criação de um novo partido para enfraquecer o PMDB.
Sua demissão foi mais um desastre para o Planalto, no dia em que Dilma tentava reagir à queda de popularidade e criar um fato positivo com o pacote anticorrupção.
Cada vez mais fortalecido, Cunha se afirmou como uma espécie de derrubador-geral da República. A cabeça de Cid, o Breve, repousará como novo troféu em sua estante. Para a presidente, a má notícia é que ele só pensa em aumentar a coleção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário