quinta-feira, 19 de março de 2015

Aloysio Nunes pede convocação de Thomas Traumann no Senado

• Senador tucano quer que ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência explique documento elaborado por sua pasta e que sugere maior propaganda em São Paulo

Andreza Matais - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) ingressou com requerimento para que o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann, seja convocado pela Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado (CCT) para explicar o documento elaborado por sua pasta que fala em "comunicação errática" do governo e aponta "caos político" no País. O senador justificou que o texto da Secom faz uma "confusão criminosa e imoral entre o público e o privado.".

O documento, revelado pelo Estadao.com, faz uma análise do atual momento político e sugere uma série de medidas para melhorar a popularidade da presidente Dilma Rousseff e do seu governo. Entre as medidas, aponta que as páginas do governo na internet e das forças políticas que apoiam a presidente Dilma atuem de forma "coordenada e com missões claras." Diz o texto: "A guerrilha política precisa ter munição de dentro do governo, mas ser disparada por soldados fora dele."

No texto, que circulou nesta terça-feira, 17, entre o primeiro escalão do governo, afirma que a campanha de 2014 de Dilma utilizou robôs nas redes sociais e que o mesmo expediente foi usado por parte do PSDB, inclusive depois da eleição.Segundo o documento, a operação online dos grupos opositores, incluindo os organizadores das manifestações de 15 de março, teria custado R$ 10 milhões. Os tucanos negam que tenham usado robôs.

Ao propor a convocação do ministro, que depende de aprovação da maioria da CCT para ser aprovada, o senador afirma que "não é papel de um servidor, agente ou órgão público municiar particulares para a promoção de ações de guerrilha política. Esse tipo de proposta evidencia uma inequívoca confusão entre o público e o privado, com arremedos de condutas não somente imorais, mas até mesmo criminosas", diz o requerimento assinado pelo senador, que cita o artigo 321 do Código Penal.

O senador também relaciona no requerimento a sugestão do documento da Secom de que "a publicidade oficial em 2015 deve ser focada em São Paulo, reforçando as parcerias com as prefeituras." A capital paulista, governada por Fernando Haddad (PT), concentra, atualmente, a maior rejeição à administração petista.

"Essa proposta de direcionamento de publicidade oficial com objetivo claramente político partidário é um atentado ao princípio da impessoalidade na administração pública", cita o senador. "Não é possível tolerar o uso de recursos públicos, inclusive o acesso a informações privilegiadas do governo, para o favorecimento de núcleos de comunicação pessoal do governante em exercício do mandato e mesmo fora dele. É uma afronta à probidade administrativa e às mais comezinhas regras de ética e moralidade na gestão pública."

Para o tucano, a proposta descrita no documento de que "é preciso consolidar o núcleo de comunicação estatal, juntando em uma mesma coordenação a Voz do Brasil, as páginas de sites, contas no twitter e no Facebook de todos os ministérios, o Facebook da Dilma e a Agência Brasil", é uma prática intolerável.

O documento da Secom, que circulou entre ministros, dirigentes do PT e assessores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destaca, entre outros pontos, que os apoiadores de Dilma estão levando uma "goleada" da oposição nas redes sociais. O texto cita, em tom de alerta, pesquisa telefônica recente feita pelo Ibope a pedido do Planalto na qual 32% dos entrevistados disseram ter mudado de opinião negativamente sobre o governo nos últimos seis meses - ou seja, da campanha de outubro até agora. Conclui que o País passa por um "caos político" e admite: "Não será fácil virar o jogo".

O Diário Oficial da União informou nesta quarta-feira que o ministro iniciou período de férias que irá até a próxima segunda-feira, dia 23. Procurado pelo seu email oficial para comentar o pedido de convocação, o ministro ainda não se manifestou.

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