quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Merval Pereira - Acertando os ponteiros

O Globo

E sensata a reunião do presidente Lula com os comandantes militares

A crise latente entre as Forças Armadas e o governo recém-eleito é consequência da politização dos militares levada a cabo pelo ex-presidente Bolsonaro, com a intenção de que apoiassem o golpe militar que articulava desde mesmo a campanha presidencial de 2018. Mas também do descaso da sociedade e dos políticos em discutir o papel dos militares num governo democrático, dando importância a suas demandas e projetos.

O apoio das Forças Armadas ao golpe de Estado tentado no dia 8 de janeiro não aconteceu de maneira formal, mas setores militares aderiram, participando como ativistas ou facilitadores do vandalismo. Segundo Adriano de Freixo, professor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense, num estudo sobre os militares e o governo Bolsonaro que já abordei aqui na coluna antes dos acontecimentos recentes, as Forças Armadas têm dificuldade para lidar com o controle civil desde quando foi criado o Ministério da Defesa, que deveria ter sido comandado sempre por um civil.

A decisão do então presidente Michel Temer de colocar um militar na função, quebrando a sequência de civis, reforçou essa dificuldade. Fatores como revigoramento da ideologia anticomunista; o desejo dos militares de retomar o protagonismo e o “prestígio” perdidos; insatisfações ou demandas corporativas; temor de interferência do PT no currículo das escolas militares foram razões para a adesão dos militares à campanha de Bolsonaro, que prometia solucionar essas questões como fazia quando candidato a deputado federal representante dos militares.

Existe também, como pontua o ex-ministro da Defesa Raul Jungmann, “o alheamento/alienação do poder político e elite civil das suas responsabilidades com a defesa nacional e de liderar os militares”. Essa é, segundo Jungmann, uma “questão nacional e democrática central”. Ele afirma que dialogar e liderar as Forças Armadas na definição de uma defesa nacional adequada ao Brasil é um imperativo para o país como nação soberana:

— Construir essa relação, levar a sério nossa defesa e as Forças Armadas, assumir as responsabilidades que cabem ao poder político e às nossas elites é também uma questão democrática, incontornável e premente.

Jungmann lembra que, em novembro de 2016, o então presidente Temer enviou ao Congresso Nacional a Política e a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco da Defesa Nacional. Até hoje, por questões político-partidárias, vigem os textos de 2012. Ao longo dos anos de tramitação, os textos de 2016 não foram objeto de nenhuma audiência pública no Congresso, e o que seria a oportunidade para deputados e senadores participarem da formulação de uma política nacional de Defesa foi perdida por desinteresse.

Quando participou em Brasília da 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em julho, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, incluiu como a afirmação do papel dos militares numa sociedade democrática “o respeito às autoridades civis, aos processos democráticos e aos direitos humanos”. Nunca é demais lembrar o que aconteceu nos Estados Unidos quando, ao contestar o resultado das eleições presidenciais de 2020, o então presidente Donald Trump incentivou a invasão do Capitólio em Washington.

A principal autoridade militar dos EUA, o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, tão preocupado estava com que Trump e seus aliados tentassem um golpe, que entrou em contato com líderes políticos na Câmara e no Senado para organizar a resistência. Ao contrário do que aconteceu aqui, onde o Ministério da Defesa e o Gabinete de Segurança Institucional participaram da tentativa de desacreditar as urnas eletrônicas. Por isso soa como inteligente e sensata a reunião do presidente Lula com os comandantes militares, seus subordinados como manda a Constituição, partes fundamentais de um projeto de desenvolvimento nacional.

20 comentários:

Anônimo disse...

O Quê acha da volta do mais medico?O médico deveria ter carreira...

Anônimo disse...

"dando importância a suas demandas e projetos."

Lula foi o q mais investiu nas FA. O genocida nada fez. Os jatos pra aeronáutica, o sub nuclear pra marinha e tanques pro exército. Tudo Lula.

AGORA, PRESTE ATENÇÃO, MERVAL. Há prioridades e nenhuma delas é militar. Educação, saúde, dívida, indústria, quase tudo é mais importante do bajular os milicos com brinquedos inúteis.

Pra servem aqueles artefatos? Pra guerrear contra EUA, Europa, China, Rússia? Esqueça!

Pra Peru, Argentina, Paraguai, Uruguai...? Bobagem. Bobagens!

Pra q forças armadas? Sequer são confiáveis pra GLO!

Anônimo disse...

"No AR em 19/09/2022 - 21:30
Com números de dimensões continentais, o Exército Brasileiro tem, atualmente, o maior efetivo entre os exércitos da América Latina, com aproximadamente 360 mil soldados e uma reserva mobilizável que conta com cerca de 1,34 milhão.16 de set. de 2022"
(Extraído da Internet em 19/1/23 - fora marinha e aeronáutica)

Pra que tanta gente inútil nos quartéis? Pintando tronco? A ociosidade os leva a tramar golpes, como admite Merval acima

Anônimo disse...

"Por isso soa como inteligente e sensata a reunião do presidente Lula com os comandantes militares, ..."

Há controvérsias, Merval. Tem gente q acha Lula excessivamente condescendente (nem inteligente e nem sensato) com os milicos q, como reportado acima, não se comportam de maneira adequada e muito menos confiável. Punir os milicos e civis golpistas é indispensável pra garantir a democracia. E já comecou: a recusa de Lula em convocar o EB pra GLO impediu outra tentativa possível de golpe além de eliminar uma forte ferramenta de imagem pras desmoralizados FA q, sabemos, depois de incentivar o golpe e no seu fracasso, ainda sairiam como SALVADORES DA PÁTRIA.
Erro de cálculo: os milicos intentavam ficar bem com o sucesso ou insucesso do golpe. LULA FOI MAIS VIVO!

Anônimo disse...

Não esqueça do avião cargueiro gigante criado no Brasil pela Embraer.

Anônimo disse...

Não chorem pela Antártida e nem se o Japão territorialista querer começar novamente sua expansão e nem siquer imagine a China no domínio e outros mais perdendo território por causa de clima. Não está aqui quem falou, primeiro levaram o meu amigo, depois o meu vizinho e depois… Um gigante como o Brasil pode ficar desguarnecido? Visão retrógrada em vigor, principalmente com tal ingenuidade. E só pegar o exemplo da Polônia e outros mais. Com um Putin do momento, territorial igual uma hiena morta de fome, que mal consegue manter o país, com o povo sempre na pobreza? Ou será que estão confiando em USA? Com a possibilidade de um Trump novo surgir no horizonte? É preciso ter um mínimo de estratégia para pensar em um país, com uma Amazônia cobiçada por gregos e troianos, possa passar sem uma Army. É preciso dar serviços para os militarescos só assim para desvia-lós da política, e acabar com a ociosidade peculiar. Depois do leite derramado não adianta chorar - onde estão os Vikings ?

Anônimo disse...

No Brasil uma Army pode não ter valor, mas a ideia mundial é bem outra. Da para rir essa kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Anônimo disse...

Tem bastante meio-fio pra pintar... E também tem os exercícios físicos pra manter a forma! Lembram a forma do general Pazuello??

Anônimo disse...

Isso. Como proteger a Amazônia? Não seja cego. NAO TEMOS RECURSOS FINANCEIROS OU MILITARES PRA TANTO.
Vc é contraditório. Diz q Putin é uma hiena num país com pobres - e o Brasil, q não é uma hiena mas é mais pobre do q a Rússia? Tirar dinheiro da educação, saúde etc., pra comprar brinquedos pra milico? Assim ficaremos iguais à Rússia e mais pobres ainda.
Agora, falar em "proteger: o país sem dizer contra quem é Hilário. Fiz essa pergunta acima e a refaço:
Proteger-nos dos EUA, Europa, China? Tás brincando. Teremos 3 ou 3 subs nucleares q não sabemos reproduzir enquanto a China pode pôr 100 deles noa Atlântico Sul. É contra esses gigantes q vc quer q nossas FA nos protejam?
Lembre-se de q a Ucrânia resiste posto q ajudada pelas potências.

Então vem a solução: Nosso softpower. Nossa moral.
Esta arma foi muito bem bandido pelos governos anteriores ao do genocida.
Somos fortes porque contamos com a verdade - o bozo nos transformou em párias.

Perceba q para parar uma potência SÓ OUTRA POTÊNCIA!

Vc viu aquele coroné correndo dos jatos de pimenta e xingando os generais - o cara aloprou. Imagine-o quando o 1o míssil estourar do lado dele.

Mas se vc acha q tentar armar o Brasil pra enfrentar uma potência e bom negócio, ok. Ficaremos como a Rússia, com povo mais pobre E NÃO SEREMOS UMA POTÊNCIA MILITAR como eles.

Anônimo disse...

Até hoje ninguém respondeu: se precisamos de FA, delas precisamos contra quem ou contra o quê especificamente?

Ninguém responde porque sabemos q não precisamos de FA posto q não enfrentamos ameaças externas.
Na verdade, nossas FA servem pra policiar internamente, nosso próprio povo, como no golpe de 64 a mando dos steits e agora, contra contra a maioria da população.

Anônimo disse...

Só vem resposta genérica. Precisamos delas pra proteger o pré-sal. Se estamos vendendo petróleo de lá a preço de mercado, ninguém vai guerrear por isso. De qq forma, especificamente, proteger o pré-sal contra que país ou países?

Proteger a Amazônia. Contrário senso, a política belicista do bozo foi a q mais ameaçou nossa soberania amazônica. De qq forma, protegê-la contra q país ou países?
A mês coisa na Antártida. Lembram da surra w os ingleses deram nos milicos argentinos? E q ficamos inertes?
Claaaaaaaro. Por trás da Inglaterra estavam os steits. Se usarmos o softpower, nunca faríamos uma trapalhada tão grande quanto a dos milicos hermanos. Mas se o mundo estiver de nosso lado, melhor.
Bozo pôs o mundo contra nós.

Anônimo disse...

La tem um espertalhão e aqui burros que não trabalham como já dissemos os chineses.

Anônimo disse...

O mundo é dinâmico não é parado no tempo. Só a ideia de país sem Army já é um convite. Como dizia o Paulo Francis país de clima quente já faz a pessoa indolente. À maldição da América Latrina lastrando por todo continente. É preciso aprender a trabalhar e criar vergonha, há muito a pobreza já não serve como desculpa, é a raça mesmo.

Anônimo disse...

Só pode ser o WhatsApp…

Anônimo disse...

Proteger para não entregar ou entregar para depois protestar? Vocês é quem sabe, lamento só atrai lágrimas, e de crocodilo ainda por cima. Até hoje só teve o Sarney para preocupar com as costas brasileiras, incrível.

Anônimo disse...

O Brasil atrasado no tempo e perdido, não precisamos disso

Anônimo disse...

O brasileiro não tem nem noção de como está atrás é preciso consertar isso, a Educação já alienação jamais.

Anônimo disse...

Esclarecimento: Rússia já tem um território imenso e ainda quer conquistar mais pela violência, isso quando o muro nem pensava em cair, caiu para salvar os Russos da fome. Mas como uma hiena oportunista que vive de restos de comida, ainda tentam anexar mais território, mesmo tendo uma Army poderosa, podemos dizer que algum país está salvo de uma invasão russa?
Amazonia já teve uma cidade americana que o Ford construiu e no momento, dar abrigo para os mais variados tipos de bandidos.

ADEMAR AMANCIO disse...

Quantos comentários,carácoles!

Anônimo disse...

Nunca existiu e jamais existirá algum país que não queira uma Army. Por que é tão difícil de entender isso?