quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Celso Ming - Um bom momento para o Brasil

O Estado de S. Paulo

O crescimento do PIB da China de apenas 3% em 2022, o mais baixo desde 1976, levantou apreensões e parece ter acentuado temores com o agravamento da recessão global. Mas é preciso pensar fora dessa caixa e pensar do ponto de vista do Brasil.

A principal causa da desaceleração da segunda usina produtiva mais importante do mundo foi a chamada política “covid zero”, que obrigou a população dos maiores centros do país a permanecer em casa. A menos que ocorra um recrudescimento da pandemia, hoje improvável, essa quebra não vai se repetir neste ano. Ao contrário, não há por que duvidar de que se cumpra a meta do governo Xi, de um crescimento entre 5,0% e 5,5%, número que atenua a perspectiva de recessão global.

No ano passado, mesmo com esse ralentando da economia chinesa, o Brasil tirou proveito com exportações de commodities. Nada menos que 27% das exportações do Brasil tiveram como destino portos da China.

Para este ano, espera-se certo recuo nos preços das commodities pelo efeito da recessão e da recuperação do dólar diante de outras moedas fortes. Mas há o aumento da demanda da China que pode produzir efeito oposto. Nesta semana, a Agência Internacional de Energia previu aumento da demanda global de petróleo em consequência da retomada da produção chinesa.

Não exatamente por causa dos mesmos fatores, parece aumentar o interesse dos capitais internacionais por investimentos no Brasil. O provável aumento da política protecionista dos Estados Unidos e da Europa, em resposta à recessão e à competição da China, deve, por si só, empurrar mais capitais para cá. Outro fator de chegada de mais investimentos é a percepção de que o Brasil pode tornar-se grande polo produtor de energia renovável, numa hora em que a transição energética ganha prioridade nas políticas dos governos, especialmente na Europa.

São fortes os sinais de que a área econômica do governo Lula entendeu a importância das janelas que se abrem para o Brasil. Mas isso não basta.

A administração econômica do período Lula 3 é vista com um misto de boa vontade e de expectativa, mas está longe de ter ganhado a confiança dos agentes econômicos. Até agora, a área política vem se impondo sobre a econômica. Autoridades petistas continuam fungando seus foles sobre políticas esquisitas e ultrapassadas, como a da revisão da Lei das Estatais, reversão da reforma trabalhista, investimentos maciços em refinarias e em plataformas made in Brazil com o aço que está entre os mais caros do mundo, e em outras reservas artificiais de mercado para a indústria de transformação. Se essas coisas prevalecerem, a maré de boa vontade pode se inverter. 

2 comentários:

Fernando Carvalho disse...

Celso Ming tá com uma visão meio pequena das coisas, ao contrário de Lula que está cada vez mais se revelando um verdadeiro estadista. Ming está mais preocupado com os humores de latifundiários escravistas e bilionários como esses da Americanas que com a emancipação do povo brasileiro como um todo, especialmente com esses que não têm saneamento básico e os moradores de rua.

ADEMAR AMANCIO disse...

''Um bom momento para o Brasil'',espero que surta resultados.'Surta' do verbo surtir,que é diferente do verbo surtar,rs.