DEU NO JORNAL DO BRASIL
Mesmo depois que as pesquisas de opinião vacinaram os cidadãos com verdades relativas, o Brasil continua brasileiro, mas com alguns retoques. Um levantamento sobre a maneira brasileira de lidar com a esquerda ao estilo da casa foi uma decepção para quem esperava um salto de qualidade política e melhor expectativa em ano eleitoral. Além de Dilma Rousseff e de José Serra, já estão em cena mais dois pretendentes. Mais atrás (nas pesquisas), Marina Silva, sensível e delicada, esquerda soft, e Plínio de Arruda Sampaio, cabeça atualizada, esquerda hard. O Brasil adernou de vez.
O nível de informação do brasileiro, a respeito da esquerda, revelado pela pesquisa foi deplorável para um país que conta com quatro candidatos por esse lado, enquanto na contrapartida a direita fica no ora, veja! Nas pesquisas, o dito por não dito. Tudo mais se passa fora do espaço eleitoral, e o buraco negro se localiza mais embaixo.
O presidente já transitou em julgado quando vinha pela esquerda e, reparando melhor, notou que estava à direita. Aguentou sem se contradizer. De qualquer forma, foi melhor do que bater de frente num desastre de proporções ferroviárias. As pesquisas não tiraram a inocência política dos brasileiros, que perderam apenas os óculos de ver em terceira dimensão a democracia que, nos últimos 25 anos, confiou à direita e à esquerda (com o liberalismo em maré baixa) a missão de aperfeiçoar e levar adiante o regime, sem aqueles trambolhões e empurrões inaceitáveis. Lula chegou à Presidência da República, como a todos pareceu, pela esquerda, mas sem perder de vista a direita, por motivos óbvios e não por falta de originalidade. Fez bem. Não teve dificuldade para se eleger por um lado e governar por outro. Versatilidade não mata. Na América Latina a esquerda já aprendeu a chegar ao poder pelo voto, mas não sabe o resto. Lula não tem mais nada a ver com o passado e, embora não admita, também não tem com o futuro, que começa quando o mandato acaba. No dia seguinte à eleição, começará a sofrer dos achaques de ex-presidentes.
Avalizado moralmente pela recusa do terceiro mandato, e como se chegasse de um ponto no infinito eleitoral, a figura inarredável do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retoma a sucessão presidencial para o grand finale. Encontrou a porta de entrada quando devia ser a de saída, e foi em frente sem tocar a campainha. Depois de uma volta no exterior, semeando para não colher, fez declarações e provocações para medir o efeito, disse e se desdisse com a falta de convicção que o move, assumiu a candidatura de Dilma Rousseff e invadiu o espaço reservado à sucessão. Não sobrou para ninguém do PT, e para o PMDB sobrou o vice.
E, quando dava a impressão de que iria se retirar para voltar a simples cidadão já no primeiro dia do ano, Lula não se segurou e assumiu o papel de personagem principal oculto na própria sucessão.
Mesmo depois que as pesquisas de opinião vacinaram os cidadãos com verdades relativas, o Brasil continua brasileiro, mas com alguns retoques. Um levantamento sobre a maneira brasileira de lidar com a esquerda ao estilo da casa foi uma decepção para quem esperava um salto de qualidade política e melhor expectativa em ano eleitoral. Além de Dilma Rousseff e de José Serra, já estão em cena mais dois pretendentes. Mais atrás (nas pesquisas), Marina Silva, sensível e delicada, esquerda soft, e Plínio de Arruda Sampaio, cabeça atualizada, esquerda hard. O Brasil adernou de vez.
O nível de informação do brasileiro, a respeito da esquerda, revelado pela pesquisa foi deplorável para um país que conta com quatro candidatos por esse lado, enquanto na contrapartida a direita fica no ora, veja! Nas pesquisas, o dito por não dito. Tudo mais se passa fora do espaço eleitoral, e o buraco negro se localiza mais embaixo.
O presidente já transitou em julgado quando vinha pela esquerda e, reparando melhor, notou que estava à direita. Aguentou sem se contradizer. De qualquer forma, foi melhor do que bater de frente num desastre de proporções ferroviárias. As pesquisas não tiraram a inocência política dos brasileiros, que perderam apenas os óculos de ver em terceira dimensão a democracia que, nos últimos 25 anos, confiou à direita e à esquerda (com o liberalismo em maré baixa) a missão de aperfeiçoar e levar adiante o regime, sem aqueles trambolhões e empurrões inaceitáveis. Lula chegou à Presidência da República, como a todos pareceu, pela esquerda, mas sem perder de vista a direita, por motivos óbvios e não por falta de originalidade. Fez bem. Não teve dificuldade para se eleger por um lado e governar por outro. Versatilidade não mata. Na América Latina a esquerda já aprendeu a chegar ao poder pelo voto, mas não sabe o resto. Lula não tem mais nada a ver com o passado e, embora não admita, também não tem com o futuro, que começa quando o mandato acaba. No dia seguinte à eleição, começará a sofrer dos achaques de ex-presidentes.
Avalizado moralmente pela recusa do terceiro mandato, e como se chegasse de um ponto no infinito eleitoral, a figura inarredável do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retoma a sucessão presidencial para o grand finale. Encontrou a porta de entrada quando devia ser a de saída, e foi em frente sem tocar a campainha. Depois de uma volta no exterior, semeando para não colher, fez declarações e provocações para medir o efeito, disse e se desdisse com a falta de convicção que o move, assumiu a candidatura de Dilma Rousseff e invadiu o espaço reservado à sucessão. Não sobrou para ninguém do PT, e para o PMDB sobrou o vice.
E, quando dava a impressão de que iria se retirar para voltar a simples cidadão já no primeiro dia do ano, Lula não se segurou e assumiu o papel de personagem principal oculto na própria sucessão.
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