DEU EM O GLOBO
Relatório mostra que Brasil não diminuiu ganho real dos salários entre 2008 e 2009
Andrea Freitas
A crise econômica e financeira internacional teve efeito direto sobre os salários, reduzindo sua taxa de crescimento à metade em 2008 e 2009. A conclusão é do "Relatório Mundial Sobre Salários 2010/2011 - Políticas Salariais em Tempos de Crise", divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O estudo inclui dados de 115 países e avalia a situação de 94% de 1,4 milhão de assalariados em todo o mundo.
O crescimento médio dos salários mensais no mundo caiu de 2,8% em 2007 - antes do início da crise - para 1,5% em 2008, e 1,6% em 2009. Desconsiderando a China, o crescimento foi ainda menor: 0,8% em 2008 e 0,7% em 2009, frente a 2,2% em 2007.
Já a América Latina manteve um bom ritmo de aumento salarial. Em 2007, os salários na região cresceram 3,3%. No ano seguinte, desaceleraram, com alta de 1,9%. Mas em 2009, houve uma recuperação, com crescimento médio de 2,2%. O Brasil - cujos dados são baseados na Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE - registrou aumentos reais de 3,4% em 2008 e de 3,3% em 2009. Em 2007, a alta havia sido de 3,2%.
Segundo a OIT, os bons resultados brasileiros se devem ao fato de os efeitos da crise terem sido mais breves no país e ao aumento do salário mínimo no período 2008-2009.
Por outro lado, 12 de 28 grandes economias tiveram redução do nível de salário real em 2008, entre elas estão Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Itália, Japão, México e Coreia do Sul. E sete apresentaram essa tendência em 2009, incluindo França, Inglaterra e Rússia.
- A recessão não tem sido dramática apenas para milhões de pessoas que perderam seus empregos, pois também afetou aqueles que mantiveram seus trabalhos, com a redução, de maneira drástica, do poder aquisitivo e do bem estar geral - disse Juan Somavia, diretor-geral da OIT.
Diminuição do poder de compra dos trabalhadores
Foi exatamente isso que aconteceu com um engenheiro brasileiro que trabalha na Renault na França. Para enfrentar a crise, a montadora optou pelo chamado desemprego parcial. Em 2009, em vez de demitir, reduziu em um dia a carga de trabalho semanal de profissionais de nível superior e de dirigentes. A economia serviu para manter os salários dos técnicos - em maior número na empresa. Segundo o engenheiro, a medida foi elogiada por evitar demissões. Mas seus efeitos foram sentidos:
- Perdemos de 7% a 8% do poder de compra anual - afirmou ao GLOBO, por telefone, o engenheiro, que vive em Paris e preferiu não se identificar.
Além disso, antes da crise, os aumentos salariais ficavam em torno de 2,5% a 3%, de acordo com o engenheiro. No ano passado, não houve reajuste e, em 2010, o aumento foi de 1% a 1,5%. A crise também impactou benefícios como os bônus pagos por produtividade.
- Em 2009, não recebemos nada. Este ano, em abril, ganhamos 20% de um salário. Antes da crise, chegávamos a ganhar um salário de bônus e participação nos lucros.
Relatório mostra que Brasil não diminuiu ganho real dos salários entre 2008 e 2009
Andrea Freitas
A crise econômica e financeira internacional teve efeito direto sobre os salários, reduzindo sua taxa de crescimento à metade em 2008 e 2009. A conclusão é do "Relatório Mundial Sobre Salários 2010/2011 - Políticas Salariais em Tempos de Crise", divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O estudo inclui dados de 115 países e avalia a situação de 94% de 1,4 milhão de assalariados em todo o mundo.
O crescimento médio dos salários mensais no mundo caiu de 2,8% em 2007 - antes do início da crise - para 1,5% em 2008, e 1,6% em 2009. Desconsiderando a China, o crescimento foi ainda menor: 0,8% em 2008 e 0,7% em 2009, frente a 2,2% em 2007.
Já a América Latina manteve um bom ritmo de aumento salarial. Em 2007, os salários na região cresceram 3,3%. No ano seguinte, desaceleraram, com alta de 1,9%. Mas em 2009, houve uma recuperação, com crescimento médio de 2,2%. O Brasil - cujos dados são baseados na Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE - registrou aumentos reais de 3,4% em 2008 e de 3,3% em 2009. Em 2007, a alta havia sido de 3,2%.
Segundo a OIT, os bons resultados brasileiros se devem ao fato de os efeitos da crise terem sido mais breves no país e ao aumento do salário mínimo no período 2008-2009.
Por outro lado, 12 de 28 grandes economias tiveram redução do nível de salário real em 2008, entre elas estão Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Itália, Japão, México e Coreia do Sul. E sete apresentaram essa tendência em 2009, incluindo França, Inglaterra e Rússia.
- A recessão não tem sido dramática apenas para milhões de pessoas que perderam seus empregos, pois também afetou aqueles que mantiveram seus trabalhos, com a redução, de maneira drástica, do poder aquisitivo e do bem estar geral - disse Juan Somavia, diretor-geral da OIT.
Diminuição do poder de compra dos trabalhadores
Foi exatamente isso que aconteceu com um engenheiro brasileiro que trabalha na Renault na França. Para enfrentar a crise, a montadora optou pelo chamado desemprego parcial. Em 2009, em vez de demitir, reduziu em um dia a carga de trabalho semanal de profissionais de nível superior e de dirigentes. A economia serviu para manter os salários dos técnicos - em maior número na empresa. Segundo o engenheiro, a medida foi elogiada por evitar demissões. Mas seus efeitos foram sentidos:
- Perdemos de 7% a 8% do poder de compra anual - afirmou ao GLOBO, por telefone, o engenheiro, que vive em Paris e preferiu não se identificar.
Além disso, antes da crise, os aumentos salariais ficavam em torno de 2,5% a 3%, de acordo com o engenheiro. No ano passado, não houve reajuste e, em 2010, o aumento foi de 1% a 1,5%. A crise também impactou benefícios como os bônus pagos por produtividade.
- Em 2009, não recebemos nada. Este ano, em abril, ganhamos 20% de um salário. Antes da crise, chegávamos a ganhar um salário de bônus e participação nos lucros.
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