Criação do PSD, ida de Chalita para o PMDB e troca de comando do PT aceleram negociações às prefeituras. Lula avisa Dilma que o melhor é isolar o Planalto
Denise Rothenburg
A criação do PSD antecipou para o primeiro semestre deste ano todas as articulações dos partidos em busca de candidatos para as eleições municipais de 2012. A começar por São Paulo, onde o novo partido balançou mais a política, a ponto de levar todas as legendas a organizar o seu jogo na tentativa de conquistar o direito de administrar o terceiro maior orçamento do país. O primeiro movimento mais forte veio do PMDB, que, no próximo dia 28, colocará Gabriel Chalita no grid de largada como pré-candidato do partido à prefeitura da capital paulista. Com o tempo de TV do partido, o neopeemedebista acredita que pode surpreender na eleição.
Chalita será o primeiro candidato colocado oficialmente à sucessão de Kassab, que não pode concorrer a mais um mandato. O deputado, que deixa o PSB, assistirá de camarote a guerra instalada entre os tucanos e petistas pela escolha de candidatos. Entre os tucanos, o governador Geraldo Alckmin lançou o nome de José Serra para concorrer. Mas, a alguns amigos, o ex-candidato a presidente da República tem dito que é cedo para tratar disso, e dá sinais de que não deseja entrar na disputa. Entre os aliados de Serra há quem suspeite que a sugestão de Alckmin é uma manobra para deixar o ex-governador fora da disputa do governo do estado e da Presidência em 2014. Para se contrapor a esse movimento, surgiu dentro do PSDB a ideia de lançar um nome novo, como o de Bruno Covas.
Enquanto os tucanos acertam o passo, o PT observa (leia mais detalhes nesta página). Embora o partido tenha até montado ontem uma comissão para cuidar das alianças para 2012, seus líderes consideram que é preciso ter candidato próprio em São Paulo, já que em cidades como Rio e Belo Horizonte a pressão dos aliados para que o partido feche o apoio aos atuais prefeitos é grande.
Em Belo Horizonte, o prefeito Márcio Lacerda, do PSB, é candidato a mais um mandato e há, no governo federal, a vontade que essa parceria seja mantida, embora o PT mineiro deseje lançar candidato próprio de forma a fortalecer uma base para concorrer ao governo estadual em 2014. Se o PT recusar a aliança, Lacerda pode se voltar ao PSDB e conquistar um segundo mandato sem o apoio dos petistas. O PMDB, por sua vez, já avisou que terá candidato próprio, o deputado Leonardo Quintão. Esses fatores somados podem resultar num isolamento do partido de Dilma Rousseff na sucessão estadual em 2014.
No Rio, a situação é mais confortável para o atual prefeito, Eduardo Paes, candidatíssimo a mais quatro anos no cargo. O PT planeja apoiá-lo e, em troca, tentar desde já um compromisso do PMDB em aceitar lançar um nome petista à sucessão de Sérgio Cabral em 2014. O problema é que fechar acordos com dois anos de antecedência em política é sempre arriscado e o PMDB do atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão, é considerado um nome forte para suceder Cabral e não há perspectiva de abrir mão disso para entrar num jogo incerto com o PT.
Enquanto os partidos preparam seus cenários, a ordem no governo federal é cuidar para que as disputas locais não terminem por minar a base de Dilma. Nesse ponto, ela contará com a ajuda do ex-presidente Lula. Quando os dois jantaram em Brasília na semana passada, Lula chegou a mencionar na conversa a necessidade de a presidente estar preparada para formar um cerco que deixe seu governo fora da guerra inevitável entre os partidos em algumas cidades.
Por enquanto, pelo cenário montado, apenas o Rio não deve ser alvo de uma disputa acirrada entre os aliados de Dilma. Não é à toa que Lula pediu ao PT que decida logo suas candidaturas e alianças. Afinal, onde o partido conseguir pacificar a base, melhor para o governo federal. O problema é que, a esta altura do campeonato, todos se acham credenciados para concorrer e ninguém quer abrir mão, vide o caso de Belém, onde todos os partidos ensaiam candidaturas próprias.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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