Com a preocupação de conter a violência na Bahia e preservar o governador Jaques Wagner, ministro da Justiça afirma em Salvador que presídios federais se preparam para receber PMs que insistem na greve julgada ilegal. Em cinco dias, houve 56 homicídios
Paula Filizola
Ao lado do governador da Bahia, Jaques Wagner, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deixou claro ontem, ao falar com jornalistas na Base Aérea de Salvador, que não haverá acordo com os policiais militares responsáveis por crimes cometidos durante a paralisação da categoria, que já dura cinco dias. Segundo o ministro e governador petistas, não haverá anistia militar para os grevistas envolvidos em crimes de vandalismo. Cardozo também anunciou que já fez o pedido de reserva de vagas em presídios de segurança máxima, caso seja necessário encaminhar os manifestantes grevistas para esses locais. De acordo com o governo estadual, 12 mandados de prisão já foram emitidos.
A pedido da presidente Dilma Rousseff, Cardozo desembarcou ontem em Salvador por volta das 10h, acompanhado do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, e da secretária Nacional da Segurança Pública (Senasp), Regina Miki. O ministro foi à capital baiana para discutir soluções para a onda de violência e insegurança que tomou contas das ruas da capital. Segundo ele, a presidente Dilma autorizou a "operação de lei e de ordem", prevista na legislação brasileira. Com isso, foram mobilizados 400 homens da Força Nacional de Segurança e cerca de 3 mil militares das Forças Armadas, sob o comando do Ministério da Defesa. Segundo o ministro da Justiça, a Polícia Federal já está orientada a apurar e punir transgressões à lei. "Nós estamos dando ao Governo da Bahia apoio incondicional para que seja possível cumprir a missão na defesa da ordem e do Estado de direito", afirmou o ministro.
A onda de violência e insegurança que tomou conta das ruas de Salvador e da região metropolitana da cidade deixou novas vítimas nas últimas horas. Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia havia registrado — do período de sexta-feira à tarde a manhã de sábado — 32 mortes na região. Nesse período, foram 20 tentativas de homicídio e 69 roubos a carros.
Mesmo com o Exército Brasileiro patrulhando as ruas, estabelecimentos e bares tradicionais fecharam as portas com medo de saques e assaltos. Levantamento feito pela SSP da Bahia já contabilizou 56 homicídios desde o início da greve, na terça-feira. A média estimada pelo órgão é de cerca de 4 assassinatos por dia. Dados da pesquisa Mapa da Violência 2012 indicam que as cidades baianas de Simões Filho e Porto Seguro integram a lista das mais perigosas do mundo. Já Salvador aparece no ranking em 22º lugar com a taxa de 56.98 homicídios para cada 100 mil habitantes. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que o número não passe de 10.
Com objetivo de tranquilizar a população, o governador da Bahia, Jaques Wagner, fez na sexta-feira um pronunciamento oficial em rede de rádio de TV, de cerca de três minutos. No texto, ele afirmou estar tomando todas as providências necessárias para assegurar proteger os moradores. "A democracia é o império da lei. Não podemos conviver com esse movimento já considerado ilegal pela Justiça baiana. Não aceito que um pequeno grupo, de forma irresponsável, cometa atos de desordem para assustar a nossa população", afirmou. Segundo ele, parte dos crimes tem o objetivo de criar um clima tenso e desestabilizar a população. "Não tenho dúvidas de que isso é mandado por aqueles que se intitulam líderes sindicais", avaliou o governador.
Reivindicando melhorias salariais, cerca de um terço da corporação da Polícia Militar está acampada na Assembleia Legislativa de Salvador, desde terça-feira. O juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública, Ruy Eduardo Almeida Brito, já expediu um mandado que considerou ilegal o movimento dos PMs grevistas, ligados a Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra). Ontem, a Justiça da Bahia expediu um mandado de reintegração de posse das 14 viaturas apreendidas ilegalmente pelos manifestantes. Enquanto isso, a Polícia Civil lacrou, por ordem da Justiça, a sede da Aspra.
Deu no...
Clarin.com
O jornal argentino El Clarín publicou na primeira página de seu site uma matéria sobre a greve dos policiais militares baianos. O texto destacou o alto número de homicídios em poucas horas, os saques às lojas e o pânico entre os moradores. O jornal esclareceu que até o momento não há turistas entre os mortos.
lanacion.com
A violência em Salvador também foi destaque em outro jornal argentino. O La Nación criticou a insegurança na cidade, reconhecida internacionalmente por seu concorrido carnaval. A reportagem também trouxe dados da Secretaria de Segurança da Bahia com o número de militares que foram convocados para reforçar a segurança nas ruas da cidade.
El Mundo.com
lA violência causada pela paralisação parcial de policiais militares na Bahia foi destaque no jornal internacional El Mundo, com a manchete "Noite de terror em Salvador da Bahia devido a uma greve de policiais". No texto, o repórter relembrou os dados alarmantes do Mapa da Violência 2012. A Bahia tem dois dos municípios mais violentos do país.
El pais
Ao relatar os últimos acontecimentos na Bahia, o espanhol El País reforçou que o fato acontece às vésperas do carnaval e em ano de eleições. A matéria ainda destacava o número de mortes na cidade. Segundo o texto, o homicídio, na quinta-feira, do músico do Olodum Denilton Souza foi um dos que mais comoveram a população.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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